Arkade VR — Titanic: A Space Between te leva ao icônico navio num thriller de terror
Os jogos em VR se tornaram um nicho muito característico nos últimos anos, com alguns gêneros de games sendo carta marcada nas novas produções. Entre esses gêneros, temos o das escape rooms, jogos não necessariamente de terror, mas que botam o jogador em situações repletas de puzzles a serem superados para que a história se desenrole. E bom, podemos dizer que Titanic: A Space Between é mais um exemplo desse gênero.
O game desenvolvido pela Globiss Interactive joga seguro ao ocupar o gênero dos escape rooms em conjunto com o tema de terror voltado para assombrações. Dois temas muito recorrentes nas plataformas de realidade virtual. Felizmente, para trazer um pouco de originalidade pro tema, eles trazem a contextualização do navio mais famoso do mundo mesclado com temáticas de viagem no tempo e futurismo que, mesmo que não combinem tanto assim, acabam criando algo um tanto quanto original.
Uma salada mista de enredo
O enredo de Titanic: A Space Between começa num futuro próximo, no qual alguns pesquisadores conseguiram desenvolver uma tecnologia que propicia a viagem no tempo. Porém, essa tecnologia ainda é um protótipo, funcionando de forma precária e ainda necessitando de testes. O jogador encarna o papel de um dos pesquisadores, chamado Hendrik, na missão de voltar aos momentos finais do famoso navio Titanic.
Isso tudo para tentar entender o que de fato aconteceu no navio, além de resgatar uma outra pesquisadora que acabou ficando presa naquele momento em um teste de exploração anterior. A história em si se desenrola a partir dessa introdução, com algumas lacunas sendo preenchidas no decorrer do gameplay. Ela é dividida em capítulos, nos quais encarnamos tanto o já citado Hendrik quanto também Diana, a pesquisadora desaparecida.
O saldo final dessa história como um todo, pelo menos na minha experiência jogando Titanic: A Space Between é de uma salada mista de conceitos e temáticas que no final não faz tanto sentido assim. Lembra muito um enredo de ficção científica de um filme b: não faz muito sentido, é cheio de pontas soltas, mas no final você pode até se divertir um pouco. Ao meu ver, o principal problema aqui é mesclar conceitos de viagem no tempo e o Titanic com um escopo de terror desnecessário.
A ideia final que a história de Titanic: A Space Between passa é de que o enredo é uma colcha de retalhos de aspectos narrativos de várias temáticas que, combinados, fazem mais confusão do que sentido no decorrer da jogatina. Mas os clichês estão presentes em vários momentos aqui. Então se você procura plot twists tradicionais de viagem no tempo, referências à talassofobia de naufrágios ou jump scares de filmes de terror; a jogatina aqui é segura.
O “arroz com feijão” de um escape room
Sobre a jogabilidade de Titanic: A Space Between em si, não temos nenhuma novidade para quem já conhece outros escape rooms em realidade virtual lançados nos últimos anos. Como citamos anteriormente, o jogo acontece no formato de capítulos, nos quais precisamos ir do ponto A ao ponto B de alguma localidade específica. Para isso, precisamos resolver enigmas e quebra-cabeças para liberar o caminho à frente.
Esses puzzles envolvem normalmente atividades específicas, interação com objetos do cenário e coleta de objetos específicos. Nada novo sobre o sol por aqui. A questão que mais pode diferenciar Titanic: A Space Between de outros games do gênero é justamente sua ambientação, já que a maior parte do game passamos dentro do famoso navio que da nome ao jogo. Seja em momentos de mais tensão com a água invadindo o local que estamos, seja em momentos um pouco mais contemplativos.
Para boa parte das interações, contamos também com um dispositivo tecnológico convenientemente avançado que permite que o nosso personagem interaja com determinados locais, tenha uma fonte de luz própria e possa receber chamadas de comunicação de outros pesquisadores. É uma solução que sinceramente já está bem batida para jogos desse gênero. E nem funciona tão bem assim em Titanic: A Space Between, mas vamos falar mais sobre isso no próximo tópico.
Problemas de imersão e interação
Talvez aqui tenhamos o pior dos problemas de Titanic: A Space Between. Suas ideias, embora singulares, poderiam funcionar caso a jogatina convencesse o público. Mas o problema é que na maior parte do tempo, somos mais atrapalhados pela jogabilidade do que qualquer outra coisa. A interação com objetos do cenário é inconsistente e repleta de bugs que fazem objetos caírem das suas mãos, alavancas não serem puxadas por meio milímetro entre outra coisas.
Paredes também trazem inúmeros problemas no que tange a movimentação, já que nossa tela fica preta muito antes de encostarmos de fato em algumas paredes, além de algumas quinas e paredes invisíveis que simplesmente paralizam nosso personagem, nos obrigando a reiniciar a fase para voltarmos a conseguir nos mover. Esses dois problemas em conjunto por si só já atrapalham drásticamente a imersão de Titanic: A Space Between. Entretanto, ainda temos mais uma questão importante: seus comandos básicos.
Claro que o jogo possui configurações necessárias para a acessibilidade do jogo, principalmente para pessoas que apresentam enjoo por movimento. Porém os comandos básicos sem esses recursos são falhos e um tanto truncados. Isso pra um jogo que pede que o jogador escale obstáculos, agache para passar por locais apertados e corra por corredores para encontrar portas certas para serem abertas é muito problemático.
Por fim, temos o problema do level design num geral, que apresenta falhas importantes que vez ou outra tornam a progressão da jornada confusa e perdida. Existem momentos, por exemplo, que não sabemos exatamente para onde ir quando portas decorativas e portas que de fato são interativas não possuem nenhuma diferença estética entre si. Junte isso ao problema das paredes que citei agora há pouco e terá bons motivos para largar o jogo pela metade por pura frustração.
Um jogo aquém do seu potencial
Titanic: A Space Between definitivamente não é um jogo para todos. Além disso, seus problemas afunilam ainda mais o grupo de pessoas que pode tirar algum proveito ou diversão da experiência proposta aqui. Se você já gabaritou todos os escape rooms disponíveis na sua plataforma de realidade virtual favorita, pode sim tirar algum proveito da jogatina aqui. Principalmente se curte a temática do Titanic ou o climão de assombrações.
Entretanto, para a maioria do público, a experiência aqui não é proveitosa o suficiente. Temos um jogo truncado, pouco polido e repleto de problemas técnicos que impede a imersão de ser feita como deveria. No saldo final, se torna muito cansativo jogar Titanic: A Space Between. Não pela sua jogabilidade (que não possui nada de verdadeiramente novo), mas sim pelo esforço necessário para desviar e se habituar com diversos problemas que encontramos pelo caminho.
Titanic: A Space Between foi lançado no dia 14 de fevereiro de 2024 e está disponível para PlayStation VR2 (via PS5), Meta Quest 2 e Meta Quest 3.