Análise Arkade: NFS No Limits resgata os bons tempos de Underground nos dispositivos móveis, mas sem freios.

27 de fevereiro de 2015

Análise Arkade: NFS No Limits resgata os bons tempos de Underground nos dispositivos móveis, mas sem freios.

A necessidade de correr da vez é exclusiva dos dispositivos móveis. Entre ideias novas, “mais do mesmo” no que diz respeito a conceitos de jogos móveis e visual de impressionar, Need for Speed: No Limits está aí pra quem gosta de disputar corridas enquanto vai ao trabalho.

De todos os gêneros de jogos móveis, os jogos de corrida talvez são os que se sentem mais á vontade em celulares e tablets. Desde os tempos de jogos em java, onde os botões do telefone eram os controles até os dias de hoje, em aparelhos de alta definição e configurações que fazem computadores nem tão velhos assim sentirem vergonha, sempre foi bacana correr com um celular ou tablet em mãos.

Uma das fórmulas do sucesso, me atrevo a arriscar, segue por causa da dinâmica de jogo. Por mais hardcore um jogo de corrida seja, ele se encaixa perfeitamente no modo móvel. Um simulador ou um arcade podem divertir de maneira semelhante num console ou aparelho portátil, já que sofrem pouco na transição.

E é nesse cenário, após vários jogos de corrida de qualidade como Asphalt, Real Racing ou mesmo versões do próprio Need for Speed já lançadas, que a EA coloca seu novo NFS nas lojas móveis. No Limits busca inovar e somar na já interessante biblioteca do gênero. Se eles acertaram a mão ou não é o que você fica sabendo agora.

Relembrando os bons tempos de Underground

Análise Arkade: NFS No Limits resgata os bons tempos de Underground nos dispositivos móveis, mas sem freios.

Talvez uma das grandes observações dos jogadores ao experimentar No Limits é a sua semelhança com Underground. As corridas noturnas, os rachas ilegais, os carrões customizáveis e a trilha pauleira podem fazer do jogo um “remake” não oficial da clássica série da geração 128-bit.

Até as largadas lembram a série, com um esquema semelhante aos pegas de drag, aonde é necessário acionar o acelerador na medida certa para arrancar com vantagem. Fecham o “kit underground” o uso do Nitro (que mesmo sendo comum hoje, sempre lembrou a série) e a enorme customização de carros com 250 milhões de customizações possíveis.

O submundo também é cenário aqui, e ser reconhecido entre os rachas ilegais farão a alegria novamente do pessoal, mesmo sentindo falta das famosas modelos que traziam beleza aos jogos mais antigos.

Os bons e os péssimos recursos da jogabilidade

Análise Arkade: NFS No Limits resgata os bons tempos de Underground nos dispositivos móveis, mas sem freios.

Equilíbrio sempre é fundamental. Manter todos os recursos funcionais e agradáveis valem a pena quando funcionam em harmonia e pena que isso não acontece aqui. Os recursos ou são muito bons ou são muito ruins.

Pelo lado bom da força podemos destacar o visual que de fato impressiona, e está sim muito superior ao seu jogo anterior, Most Wanted, e até a muitos jogos de console mesmo. A Firemonkeys Studio está de fato se saindo muito bem nestes jogos, pois Real Racing 3 também é bem caprichado. As possibilidades futuras para os móveis impressionam. Controlar os veículos também é bem simples (até demais, ás vezes) e a trilha sonora se encaixa bem com todo o ambiente.

Mas, a jogabilidade apesar de simples, é simples até demais. As corridas não oferecem nenhum desafio e estou falando isso após passar por várias corridas. Entendemos que um modo “easy” é bem vindo, porém um jogo onde só o fácil existe perde fácil o interesse. Sem mencionar que você não tem freio, não pode controlar o acelerador depois da largada, nem trocar câmera muito menos correr em modos que não seja o “carreira”.

As pistas também são poucas (esperamos que atualizações adicionem pistas novas, mas poxa vida: custa esperar mais um pouco e lançar um jogo “maior”?), tão poucas que você se sente correndo em um lugar só.

Sem limites, menos no “combustível”

Análise Arkade: NFS No Limits resgata os bons tempos de Underground nos dispositivos móveis, mas sem freios.

Como todo jogo gratuito, NFS: No Limits tem sua lojinha (na verdade, duas: uma legítima e outra no mercado negro, onde as compras dependem também de sorte), suas limitações e suas oportunidades de pedir seu dinheiro para acelerar o processo, mas ao contrário de outros jogos assim, ele não abusa da cara de pau. Dá pra jogar gratuitamente numa boa, mesmo com a gasolina do jogo sendo bem curta. A gasolina tem um número de estoque que corresponde ás corridas e quando ela acaba ou você compra ou você espera.

Durante os testes, por se tratar de um jogo móvel, o aproveitei durante pausas de serviço, espera de clientes e no carro enquanto esperava e nunca fiquei na mão. E também não me senti coagido para fazer compras a todo momento, na verdade o jogo em raros momentos avisa destas compras e se isso virasse um padrão, talvez não haveria tanta reclamação com jogos assim. Pois vemos bem que o que irrita os jogadores nem é a possibilidade das compras, mas os abusos que alguns jogos fazem para sugar cartões de crédito alheios.

Cópia de Asphalt?

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Vamos tentar ser justos: Asphalt nasceu para ser um “Need for Speed móvel”. Usou elementos dos jogos da década de 2000 da série e fez muito sucesso, tanto é que está no seu oitavo jogo. Mas acabou se tornando padrão depois e os jogos que foram aparecendo depois usam de seus recursos para agradar os jogadores, mesmo se estivermos falando dos simuladores.

Por isso de uma maneira bem prática podemos dizer que No Limits é uma inspiração de Asphalt que se inspirou em NFS, ou seja: onde existe inspiração existe ideias. E se elas são boas, não tem motivos para não deixar acontecer. No Limits tem elementos de Underground como já mencionado, mas também usa sim de recursos de Asphalt, como a maneira de obter/usar o nitro (tirando os ícones pela pista que não existem), a maneira com a qual se administra os recursos do carro e até a loja onde se compra novos carros. Mas de maneira nenhuma podemos (hoje, pelo menos) dizer que um é “cópia descarada” do outro.

Um bom jogo, mas com defeitos atrapalhando as qualidades

A EA teve uma grande oportunidade nas mãos. Uma desenvolvedora que já se mostrou competente nas corridas portáteis, capacidades de fazer do visual do jogo algo invejável e boas ideias que fazem de No Limits um jogo gratuito que não te enche tanto o saco e com recursos que seriam muito mais lembrados se não fossem os defeitos. Isso poderia colocar este jogo em um patamar acima do esperado, fazendo dele referência absoluta do gênero e até me atrevo a dizer, um clássico instantâneo.

Porém, o baixo desafio vai afastar muita gente, os problemas graves na jogabilidade (lembre-se que no jogo não tem freio) e a pouca variedade de coisas a se fazer nas partidas estarão mais na mente dos jogadores do que as boas iniciativas citadas nesta análise.

Mas como estamos falando de um jogo digital, com as famosas atualizações adicionando novos recursos e corrigindo erros, esperamos que a EA ouça os jogadores e de tempos em tempos, insira novidades relevantes (e coloque as coisas básicas que estão faltando) para que seu jogo que é até interessante, não vá para o cemitério dos jogos desinstalados.

Need for Speed: No Limits já está disponível gratuitamente para Android e iOS. Obviamente o desempenho irá variar de acordo com o seu aparelho e por ser freemium, compras com dinheiro real fazem parte do jogo.

 

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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