Assistimos ao Godzilla da Netflix, que explora um universo novo para a franquia
A Netflix disponibilizou recentemente em seu catálogo dois novos animes: A.I.C.O. Incarnation, e Godzilla. Enquanto o primeiro é um sci-fi centrado em Aiko Tachibana, uma adolescente que descobre que há um segredo em seu corpo que pode ser a chave da salvação da humanidade, e estreia no dia 9 de março de 2018, a segunda é uma nova aventura com o Godzilla, ícone da cultura da animação japonesa e que já conta com seu filme disponível.
A aventura de Godzilla chama atenção na sinopse por uma questão bem interessante: desta vez, temos um Planeta Terra dominado pelo monstro, com a humanidade escolhendo partir, já que não acreditam mais no confronto direto com o monstro. Por 20 mil anos, essa foi a realidade, até que a situação insustentável de procurar um novo lugar pra viver obrigam a um confronto definitivo. A premissa é muito boa e abre espaço para várias outras obras, em um universo conhecido, mas com um tempo bem mais avançado.
De cara, já é notória a alta qualidade da animação. Fruto do trabalho conjunto da Toho com o estúdio Polygon Pictures, o mesmo por trás de Knights of Sidonia e BLAME!, com direção de Kobun Shizuno e Hiroyuki Seshita, os efeitos, a animação, os personagens e, principalmente, o Godzilla, estão muito bem feitos e detalhados. Dá gosto assistir ao anime apenas para apreciar o ótimo trabalho da equipe. As cenas de ação, que lembram e muito os clássicos filmes japoneses, também contam com bons efeitos.
Outro ponto digno de nota foi quanto ao trabalho da equipe para homenagear o lendário monstro, que ajudou e muito a propagar as produções japonesas pelo mundo, mas que também precisavam cativar os mais jovens, que provavelmente nem sabiam quem era o tal Godzilla. A falta de ação durante boa parte do filme estraga um pouco a experiência de quem quer tiros e explosões, mas está bem claro que esta primeira parte, serviu mais para introduzir o público para a urgência humana. Sim, nesta parte 1, o protagonista são os seres humanos, que precisam dar um ponto final nos monstros para voltarem a habitar em seu planeta. Por isso, creio eu que a maior parte da ação, tal como acontece nos últimos momentos do filme, está reservada para os próximos capítulos da história.
Mas é aqui que entra um dos maiores problemas do filme: os humanos são o assunto da vez, mas nenhum personagem consegue cativar o público, nem os principais, muito menos os secundários. É bem provável que você assista ao filme inteiro e não saiba os nomes dos personagens principais. Isso atrapalha no desenrolar da trama, já que sem carisma, não há razão para “torcer” para a vitória humana, isso sem falar que o senso de urgência fica de fora também, pois não assistimos a uma batalha dramática que pode salvar ou dizimar a raça humana de vez, e sim, mais uma batalha genérica e sem sal.
A proposta do novo Godzilla é excelente. Será legal ver com o passar dos tempos explorarem melhor este ambiente desolado, que exige ações drásticas para fazer nosso planeta de novo habitável. O trabalho artístico é impecável, porém peca na construção de seu enredo, já que faz de algo urgente, uma questão genérica e fraca de cativação. Porém esperamos que o próximo episódio, com mais confrontos, façam com que o monstro japonês seja consagrado de vez para uma nova geração.