Análise Arkade: Abathor, uma experiência nostálgica e desafiadora

27 de julho de 2024
Análise Arkade: Abathor, uma experiência nostálgica e desafiadora

Embora nunca faltem jogos com a temática “fantasia medieval” nos videogames, alguns jogos usam esta roupagem para nos levar para uma nostálgica viagem no tempo, para uma época em que os jogos eram mais simples e desafiadores, mas nem por isso menos divertidos. Abathor é um desses jogos.

Os Portões de Abathor

Abathor nos apresenta a uma época em que o continente de Atlântida era uma grande potência. A ganância e a sede de poder daquela nação, porém, fez com que ela buscasse uma nova fonte de energia além dos Portões de Abathor, que selava todo tipo de monstro e demônio para fora do mundo dos homens.

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A tramas do jogo é apresentada desta forma

Com a abertura dos Portões, as criaturas demoníacas têm caminho livre para caminhar sobre a Terra e colocar em risco não só a soberania de Atlântida, mas toda a humanidade. Somente grandes heróis poderão fechar novamente os Portões de Abathor e expurgar a presença dos demônios.

Aí entram nosso quarteto de protagonistas, que representam classes bastante tradicionais de histórias de “capa” e espada” e possuem armas e habilidades distintas. Crantor é o clássico bárbaro fortão que carrega uma espada de duas mãos; Sais, a guerreira de espada e escudo. Kritias é uma espécie de ladino que porta duas adagas e Azaes assume as magias no papel de feiticeiro do grupo.

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Os quatro heróis de Abathor

A história na verdade meio que se resume às telas que vemos no início da campanha, e as telas que veremos ao final da jornada. Tal qual muitos jogos da geração 16-bits que ele homenageia, Abathor é um jogo de poucas palavras, com foco em sua ação e seus desafios.

Ação (e desafio) old school

Abathor é um jogo de ação e pancadaria 2D muito similar a diversos clássicos dos tempos dos fliperamas, do Mega Drive e do Super Nintendo. Embora a associação óbvia seja Golden Axe, em termos de gameplay ele se parece muito mais com Rastan Saga — jogo de arcade da Taito lançado em 1987.

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Explicando: não há combos como em Golden Axe, e a ação é 100% side scroller 2D (movimentação limitada ao eixo X, sem profundidade ou perspectiva). Apesar dessa “simplicidade”, cada personagem traz algum tipo de habilidade única, bem como suas próprias estatísticas de poder e agilidade, o que torna o gameplay com cada um bastante diferente.

Por exemplo: o grandalhão Crantor possui um rolamento e ataques poderosos com sua espada, mas Sais é a única capaz de se defender (afinal, carrega um escudo), enquanto o mago Azaes pode consumir a alma dos inimigos para fortalecer seus ataques. São nuances que transformam o feeling de jogo com cada guerreiro.

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Diferenças colocadas de lado, o que temos aqui é um jogo dividido em fases, sem muitas firulas: simplesmente siga em frente saltando em plataformas, aniquilando demônios e coletando tesouros. Itens de cura, projéteis e até summons podem ser encontrados em baús, e ocasionalmente vamos encontrar uma lojinha que vende buffs passivos e consumíveis.

O game design segue a cartilha da nostalgia: além das fases tradicionais que misturam ação e plataforma, vamos ter momentos emblemáticos como a “fase do elevador”, a “fase da água” (com direito a momento shoot em’ up montado em golfinho) e a “fase do carrinho de mina”.

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A fase do carrinho de mina é muito divertida

O jogo é dividido em áreas temáticas, com cada uma delas tendo algumas fases e um chefão final.

Cooperação e nível de desafio

A presença de 4 heróis selecionáveis enaltece o que talvez seja ao mesmo tempo o maior mérito, mas também o calcanhar de aquiles do jogo: o nível de desafio de Abathor foi pensado para a jogatina cooperativa.

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Jogando em 4 pessoas, o jogo não só fica mais divertido, como também mais fácil. Os chefes são particularmente difíceis, mas contar com o suporte (e as habilidades) dos outros heróis torna estes confrontos menos frustrantes.

Além disso, jogar de galera permite que companheiros caídos sejam ressuscitados nos checkpoints, e como só se perde um continue quando todos perecem, a jogatina solo não só fica mais difícil, mas também mais injusta. Cair em buracos, por exemplo, é morte na hora. A imprecisão de pulos entre cipós tornam a jornada single player mais desafiadora do que deveria ser.

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Prepare-se para sentir MUITA raiva em momentos como esse

Também para emular a vibe “jogo de fliperama”, Abathor possui continues limitados. Até podemos comprar ou encontrar mais “fichas”, mas reviver os parceiros é uma ótima maneira de “poupar fichas” — recurso indisponível quando se joga sozinho.

Se jogar no cooperativo é o ideal, a falta de um componente online exige que você reúna seu time presencialmente para o bom e velho “cooperativo de sofá”. Na teoria algo muito legal, mas um pouco difícil de colocar em prática com a rotina e as obrigações de “gente grande”.

Audiovisual

Abathor é um mais um daqueles indie games que carrega não só o visual dos jogos dos anos 90, mas também busca emular a própria direção artística da época. É impossível não olhar para ele sem associá-lo com algo que jogamos na infância, tipo Castlevania, Golden Axe ou mesmo Altered Beast. O que é um ponto positivo especialmente para os mais nostálgicos.

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Os chefes gigantes são muito legais

O departamento sonoro tem a mesma vibe, com músicas que são épicas e condizentes com o tema, mas construídas com a simplicidade técnica do chiptune e seus instrumentos sintetizados, sem orquestras e coros reais. É uma coesão audiovisual poderosa e, claro, nostálgica.

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Detalhes como a névoa deixam o jogo muito charmoso

Abathor possui localização para o nosso idioma e, ainda que não tenha lá muita história para contar, textos, menus e descrições de itens em português brasileiro sempre são bem-vindos para uma experiência mais acessível.

Conclusão

Abathor é um jogo simples, mas bem executado, feito sob medida para oferecer um banquete a um nicho de jogadores saudosistas, ávidos por experiências que revivam (e respeitem) a aura dos jogos de antigamente.

Se por um lado o multiplayer cooperativo torna tudo mais divertido, o nível de desafio torna a jornada solo quase injusta. Dá para encarar o jogo sozinho, mas trechos com cipós e chefes apelões vão testar a sua resiliência — e seu autocontrole para não tacar o controle na parede.

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Isso faz de Abathor um jogo especialmente recomendável para quem for capaz de reunir mais 3 jogadores sem dificuldades para dividir o sofá. Se esse for o seu caso, há muita diversão lhe esperando além dos portões de Abathor.

Abathor foi lançado em 25 de julho, e está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada), Playstation 4, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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