Análise Arkade – Call of Duty: Advanced Warfare coloca a franquia nos eixos ao “fugir da realidade” no futuro.
Bem-vindo ao futuro, onde a guerra ainda é guerra mas com recursos e exércitos que mudaram a forma de se combater. O novo Call of Duty foi analisado e nossa opinião sobre o jogo você pode conferir agora!
Todo mundo sabe do “auê” que foi Call of Duty 4: Modern Warfare de 2007. Desde aquela época, a franquia de guerra da Activision deixou de ser um “jogo de guerra” e virou um item reconhecido da cultura pop, aparecendo em várias mídias e aparecendo inclusive nos noticiários conservadores do tipo “videogame faz do seu filho um assassino” com polêmicas, como aquela da fase da chacina no aeroporto de Modern Warfare 2, lembra?
Pois bem, mas nos dias de hoje as coisas não estavam muito bem para a franquia. Ghosts não foi lá muito aceito pela crítica e tudo indicava que CoD estava começando a entrar na fase de “queda livre”, já que desde Modern Warfare 3 os seus jogos vinham sendo cada vez menos aceitos pelo grande público e a concorrência com Battlefield precisava urgente de algo novo e intenso.
A Sledgehammer Games foi quem recebeu a tarefa de desenvolver um novo CoD em um novo revezamento de três anos de produção, que resgatasse os antigos fãs da série (como eu) e ao mesmo tempo trouxesse elementos novos para que o jogo não fosse uma espécie de “remake”, apenas. Com boas ideias e tiroteio frenético, podemos dizer que sim, eles conseguiram colocar a série de volta nos trilhos como você pode conferir em nossa análise.
Bem-vindo a 2054! Vamos saltar por aí?
Uma das primeiras sacadas do estúdio foi acertar onde Modern Warfare acertou. Lembre-se que em 2007 os jogos sobre a Segunda Guerra dominavam o gênero FPS e a decisão de fazer um “Falcão Negro em Perigo” jogável com história cinematográfica e elementos de guerra atuais foi um dos fatores determinantes que a Infinity Ward encontrou para o sucesso (que acabou criando uma série dentro da franquia). Desta vez, é exatamente a guerra moderna que está saturada e a decisão de levar as batalhas para alguns anos para a frente se mostrou muito correta!
Aqui não temos soldados de exércitos nacionais defendendo “a honra” e a captura de terroristas. Temos no lugar um mundo em colapso que tem nas megacorporações e seus exércitos particulares a segurança de que precisam. E entre estes exércitos, temos a Atlas, a maior corporação com a melhor tecnologia. A Atlas conseguiu criar super-soldados (que não são os Genome Soldiers de Metal Gear Solid) que contam com habilidades impensáveis mesmo nos mais poderosos exércitos de hoje. E é aí onde você entra no jogo, como John Mitchell.
Mitchell, que é feito por Troy Baker (o Booker DeWitt de BioShock Infinite) é um soldado dos Estados Unidos que ganha nova chance através da Atlas ao ter um braço cibernético implantado (já que ele perdeu o seu em batalha) participando assim das missões as quais a empresa presta serviços. E o modo campanha segue do melhor jeitão Call of Duty de sempre, mas desta vez com um foco maior no protagonista, mostrando mais o lado do soldado do que da batalha em si. Pelo mesmo motivo que gosto de Band of Brothers ou The Pacific, gostei de Advanced Warfare na sua história (com clichês e tudo), mesmo vendo pela décima vez num jogo da série soldados caindo de um veículo atingido e em seguida um parceiro vir lhe oferecer a mão.
E justamente por causa desse futuro, a jogabilidade, apesar de semelhante (corra, atire, se proteja para não morrer…) tem novidades, que vão desde a distribuição de pontos para melhorias em seu exoesqueleto que são conquistados com seu desempenho nos combates até o próprio exoesqueleto que desafia as regras da física lhe permitindo escalar paredes, dar pulos duplos com um propulsor e saltar do alto de um prédio em total segurança.
Visual de qualidade
Sim, CoD: Advanced Warfare é um jogo muito bonito, mesmo no Playstation 3 e Xbox 360. Nos consoles de geração passada temos um jogo que leva ao limite os hardwares de ambos os consoles, com muitos efeitos de luz e gráficos impressionantes. Para efeito de comparação, dê um jeito de colocar lado a lado Modern Warfare 4 com Advanced Warfare que notará que apesar da óbvia evolução, verá que o PS3 e Xbox 360 ainda têm coisa boa para oferecer.
Mas no Xbox One e Playstation 4, a conversa é outra, e pra melhor. Ignorando polêmicas e conversas do tipo “meu console roda melhor que o seu”, podemos dizer que Advanced Warfare tem um visual impressionante nos atuais consoles. Apesar de testes mostrarem que o jogo roda de maneira mais suave no Xbox One, vamos ser sinceros: o importante de fato é a diversão que o jogo oferece ou “apenas” os gráficos (e não estou falando de qualidade aqui e sim de detalhes)?
E quem tem computador também pode ficar satisfeito pois o visual está impressionante por lá também. Em outras palavras: em qualquer plataforma que jogar, terá um belo jogo baseado no que o hardware a disposição possa oferecer. De qualquer forma, segue um vídeo comparando os gráficos dos consoles:
Inspetor Bugiganga está com inveja de seus novos equipamentos
Se você gosta do Batman por causa de seus bat-trecos, saiba que no futuro da Sledgehammer os soldados terão recursos semelhantes à disposição. Claro que a campanha principal e o multiplayer vão se basear mais nas armas e no tiroteio que está bem mais frenético que os outros jogos mas os novos itens e capacidades vão trazer alegria a muitos jogadores (menos aos mais puristas que preferem algo mais pé no chão).
Você vai ver mais pra frente que estas novidades são mais intensas no multiplayer, mas mesmo na campanha de forma limitada é interessante ver um drone ser lançado para “limpar terreno”. Tudo bem que é chato pra caramba ter que esperar a hora certa da missão para ativar um escudo, soltar drones ou algo mais complexo, mas os itens “comuns” que contam com uma granada que através de um campo de energia revela a posição dos inimigos próximos a você, por exemplo, já mostram esse clima mais futurista e incrementam a maneira de se jogar.
Muito tiroteio, pouca música.
A parte sonora está muito bem, obrigado. Seja por necessidade de adaptação ou por deixar o tiroteio mais cru, a ausência de trilhas sonoras a todo momento é notável para jogadores de longa data. Temos músicas que ficam grandiosas como sempre, mas em boa parte da ação o único barulho que ouvirá serão tiros e gritos.
As vozes também estão muito bem feitas e Mitchel está muito bem com o apoio de Baker, até por causa de sua participação como Brooker em Infinite. O mesmo não podemos dizer da dublagem, mas acredito em um futuro próximo onde irão acertar a mão e trazer dublagens tão bacanas quanto as dos filmes mais antigos, que não seja apenas um “falar em português”, trazendo emoção e os sentimentos dos personagens no desenrolar da história.
Quero matar meus amigos (e inimigos) no multiplayer, vale a pena?
Jogamos Advanced Warfare na BGS 2014 e após seu lançamento, podemos dizer que sim, vale. A nova jogabilidade reflete de maneira mais divertida ainda no multiplayer, já que é necessário “aprender algumas coisas novas”. Desde o pulo duplo, que pode ser útil para surpreender um inimigo ou desviar de um tiro até as armas novas que disparam laser.
Temos os modos clássicos do tipo Capture a Bandeira ou Domination, mas a estreia do Uplink (que lembra as partidas de quadribol ao consistir de levar um satélite até a área adversária, com tiroteios para atrapalhar) e do Exo Survival, que une quatro jogadores contra vários soldados controlados pelo jogo trazem mais variedade ao cardápio e unidos ao que é “normal” de se ter em multiplayer assim é uma ótima opção para quem gosta desse tipo de jogo.
Jogo ou não jogo?
Sim, jogue. A franquia está de volta aos seus bons tempos e assim como nos bons tempos de 16-bit, a falta de realismo ainda diverte. Os novos elementos unidas com a mesma jogabilidade de sempre com as devidas atualizações fazem de Advanced Warfare um jogo que apesar de ser tão “mais do mesmo”, consegue trazer novidades consistentes para os fãs de FPS e principalmente, da franquia.
Call of Duty: Advanced Warfare está disponível hoje para Playstation 3, Playstation 4, Xbox One, Xbox 360 e PC. A versão de Playstation conta com o recurso Cross Buy na PSN, onde pode um jogo comprado pode ser jogado tanto no PS3 quanto no PS4 e donos de Xbox 360 que compraram o jogo na Live podem fazer o upgrade gratuito para o Xbox One.