Análise Arkade – Far Cry 4 tem tiroteios, animais selvagens, guerra civil e muita diversão
Vista sua wingsuit, apanhe seu arco e flecha, monte em um elefante e vnha desbravar Kyrat com a gente em nossa análise de Far Cry 4!
Far Cry 3 chegou na reta final de 2012 (o jogo saiu em dezembro), mas conseguiu se firmar como um dos melhores jogos daquele ano. Se você curtiu o misto de tiro, sobrevivência e stealth naquela ilha paradisíaca, com certeza vai curtir a experiência maior e melhor que Kyrat nos oferece!
Bem-vindo a Kyrat!
Far Cry 4 começa com Ajay Ghale relembrando o último desejo de sua falecida mãe, Ishwari, que gostaria que suas cinzas fossem despejadas em uma região específica de Kyrat, sua terra Natal.
Já de início fica claro que esta não é uma boa ideia, pois a região vive uma intensa guerra civil entre os revolucionários do Caminho Dourado e o tirano Pagan Min, o afetado e autoproclamado monarca de Kyrat, que se mantém no poder em um regime totalitarista extremamente violento.
Brutalmente “jogado” no meio deste tenso cenário político-social, Ajay Ghale se mantém firme na missão de cumprir o desejo de sua mãe. Claro que, para isso, ele terá que se aliar ao Caminho Dourado — com quem ele tem mais em comum do que imagina — e derrubar de uma vez por todas Pagan Min e seu exército de mercenários.
A premissa é extremamente simples, mas funciona muito bem, especialmente por não se estender muito e já colocar o jogador no meio da ação. Pagan Min não consegue ser um vilão tão marcante quanto Vaas, mas sem dúvida esbanja carisma e rouba a cena sempre que aparece. Ajay, por outro lado, é um protagonista muito mais participativo e interessante, e o elenco de apoio também ganha força, especialmente nas figuras mais estranhas, como o vendedor de armas Longinus e os chapados Yogi e Reggie que estão sempre fumando algum bagulho estranho.
É tipo Far Cry 3… só que melhor!
Em se tratando de gameplay e exploração, Far Cry 4 é uma derivação direta de Far Cry 3. A Ubisoft não teve vergonha de reaproveitar quase tudo o que funcionou no jogo anterior. O grosso da jogabilidade é essencialmente o mesmo: tiroteios, momentos stealth, veículos, animais selvagens, seringas, e tudo mais, em um shooter sólido e bem calibrado que oferece muita liberdade ao jogador e espaço para a improvisação.
Novamente, o mapa vai se abrindo conforme você libera torres de rádio (aqui chamadas Torres de Sino), e cada torre é uma espécie de puzzle, com obstáculos próprios que devem ser superados. Isso já havia no jogo anterior e continua presente aqui. Conforme você libera estas torres, vai descobrindo novos lugares para ir e novas missões, além de liberar gratuitamente novas armas nas lojas do game.
As bases inimigas também continuam presentes: existem dezenas delas espalhadas pelo mapa, e você pode decidir como quer fazer para tomar o controle de cada uma. Seja usando uma abordagem stealth (eliminando inimigos em silêncio) ou bancando o Rambo (metendo o pé na porta e metendo bala em todo mundo), há opções para todos os gostos, e a inteligência artificial do jogo é boa o bastante para não deixar tudo fácil demais. Cada base liberada rende novas missões e se torna um novo ponto de descanso e fast travel, o que otimiza suas andanças por Kyrat.
A caça continua sendo de vital importância: você começa com um espaço de inventário bem limitado, mas pode aumentá-lo bastante usando couro de animais para criar mochilas, coldres, bolsas e aljavas maiores. Ah e uma caça “limpa” feita com flechas rende o dobro de peles, então sempre que puder, use o arco e flecha ou a besta na hora da caçada! Na hora de cuidar da saúde ou melhorar temporariamente seus atributos, temos a boa e velha coleta de plantas para criar seringas.
O sistema de evolução do game é uma versão um pouco reduzida do que vimos em Far Cry 3,mas igualmente eficiente. Temos duas árvores de evolução — O Tigre e O Elefante — que possuem seus próprios upgrades, sendo o primeiro mais voltado para ataque e o segundo para resistência e suporte.
Outros diversos detalhes do game deixam aquela sensação de déjà vu — até certas animações de cura e reload são as mesmas do game anterior — mas aqui aplica-se o ditado “em time que está ganhando não se mexe”: Far Cry 3 já era extremamente divertido e desafiador, e Far Cry 4 não só mantém estes atributos, como consegue melhorá-los com suas boas novidades.
As Novidades
Se por um lado temos este reaproveitamento de mecânicas, por outro temos novidades que não só trazem frescor ao game, como conseguem torná-lo ainda mais divertido. Além de ser muito maior, Kyrat tem uma topografia muito diferente de Rook Island, é uma região montanhosa, na fronteira dos Himalaias, de modo que a exploração do jogo está muito mais vertical.
Por conta disso, agora temos um arpéu, que será muito útil para fazer rappel por escarpas e cachoeiras. A corda do arpéu também permite que você se balance sobre precipícios, algo que é especialmente útil na busca por certos artefatos e tesouros em cavernas muito remotas.
Além disso, obviamente o rappel é muito útil durante o cumprimento das missões. Fiz um vídeo de gameplay que mostra a utilização do arpéu durante uma missão bem legal, confere aí:
Jogando em modo cooperativo (falaremos disso logo mais), o arpéu ainda pode ser usado em conjunto om outra novidade muito bacana de Far Cry 4: os helicópteros! Na verdade chamar essa geringonça voadora…
De helicóptero é quase um elogio, mas o fato é que ela tem hélice e voa, e jogando com um amigo você pode se pendurar heroicamente pelo arpéu enquanto ele pilota, em uma maneira bem diferente de explorar os céus de Kyrat.
Também temos um vídeo a bordo de um helicóptero, se liga:
A fauna de Kyrat também possui suas novidades: os bons e velhos tigres e ursos continuam presentes aqui, mas como Kyrat está longe de ser uma ilha paradisíaca, temos um ambiente que possibilita uma fauna ainda mais ampla, com águias (malditas águias!), rinocerontes, iaques e outras feras, sem esquecer, é claro, dos já famosos elefantes!
Aliás, fica a dica: assim que puder, desbloqueie a habilidade que lhe permite montar em elefantes! Isso não é apenas uma das melhores novidades do game, como também é deveras útil e muito divertido! Além de amigáveis, os elefantes são poderosos e resistentes, você pode virar carros e destruir coisas com eles!
Confira abaixo um pouquinho do gameplay que fiz “a bordo” de um elefante no cooperativo com um amigo e sozinho, cumprindo uma missão da campanha:
Outra novidade interessante é Shangri-La: como agora estamos ao lado de um povo muito espiritualizado, vez ou outra Ajay poderá visitar a terra mística de Shangri-la, onde assume o papel de um lendário guerreiro Kyrati que, acompanhado de um tigre sagrado, deve expurgar demônios para devolver a paz àquele mundo.
Além do clima etéreo e psicodélico destas missões, elas contam com desafios bem específicos, quebram algumas regras do jogo (você pode cair de qualquer altura sem tomar dano, voar sem wingsuit e desacelerar o tempo) e possuem um visual espetacular, com uma paleta de cores diferenciada muito bonita.
Para fechar o leque de novidades, temos novos tipos de inimigos (destaque para o Caçador, que pode enfeitiçar animais para usá-los contra você), fortalezas (que são como os postos inimigos, só que mais difíceis), algumas armas inéditas, uma arena onde você testa suas habilidades contra humanos e animais e os eventos de karma, que são basicamente acontecimentos aleatórios que lhe rendem XP e descontos nas lojas se completados.
Explorando Kyrat com um amigo
Sem dúvida a cereja do bolo de Far Cry 4. Seu modo cooperativo online é extremamente divertido e permite que você e um amigo assumam o controle de Ajay e Hurk (aquele mesmo Hurk do Far Cry 3) para explorar o vasto do mapa do game e cumprir vários tipos de missões em dupla.
Embora alguns tipos de missões não possam ser feitos cooperativamente — como as missões principais da campanha, a arena, os eventos em Shangri-La — boa parte das atividades podem ser cumpridas por 2 jogadores, incluindo missões de caça, resgate, escolta armada, eventos de karma e (as melhores para se fazer em coop) a tomada de postos e fortalezas inimigas.
Cumprir missões ao lado de um amigo não só é muito divertido, como também acrescenta uma boa dose de estratégia, trabalho em equipe e imprevisibilidade, afinal muitas vezes seu amigo pode dar bandeira na hora errada e botar tudo a perder. O jogo até sugere que você encare as fortalezas (que são bem desafiadoras) no modo cooperativo para facilitar um pouco a sua vida, e esta dica é muito válida.
Se o cooperativo é uma adição muito bem-vinda, o multiplayer competitivo, por sua vez, é uma faca de dois gumes. O lado bom é que ele conta com um editor e mapas completíssimo, que te permite criar os desafios mais insanos e compartilhar suas criações com o mundo. De pontes infinitas cheias de rinocerontes até arenas fechadas para combates em veículos, a zoeira não tem limites no editor de mapas.
Por outro lado, a experiência do multiplayer está um pouco… esquisita. Tentando fugir dos tipos de jogo mais manjados (como Deathmatch ou Capture the Flag), a Ubisoft inseriu praticamente todos os tipos de multiplayers dentro da realidade e Kyrat, de modo que você deve assumir o controle de torres de comunicação e outras atividades.
Até existe um sistema de customização de personagens e controlar os Caçadores é bem legal, mas de resto eu diria que o multiplayer é um pouco confuso. Considerando que o jogo tem uma campanha enorme e cheia de identidade, oferecer um multiplayer mais tradicional — ainda que clichê — não seria necessariamente um ponto negativo.
A beleza de Kyrat
No que tange o departamento audiovisual, Far Cry 4 é incrível. Kyrat é cheia de lugares exóticos e belas paisagens, e o ambiente que mistura exuberantes florestas e belos lagos com montanhas nevadas e grutas obscuras oferece uma enorme variedade de cenários, todos eles de cair o queixo.
Ao contrário de outro título recente da Ubisoft, aqui não temos uma avalanche de bugs (pelo menos não no PS4), e o jogo roda liso em Full HD a 30 frames por segundo, sem nenhum tipo de engasgo ou slow down. Quem jogar no PC deve conseguir um desempenho ainda melhor, mas se você é um console gamer, fique tranquilo, pois o desempenho do game na atual geração é mais do que satisfatório.
O “poder” das máquinas atuais se faz presente na quantidade de elementos e personagens em tela, bem como na iluminação dinâmica e em efeitos de fogo, faísca e fumaça muito convincentes. As texturas também estão muito boas, e salvo o exagerado número de NPCs idênticos (tanto mocinhos quanto bandidos), o visual do jogo surpreende.
Far Cry 4 chegou ao nosso país totalmente localizado, com dublagens,menus e legendas em português brasileiro. Eu continuo preferindo o áudio original com legendas, mas é fato que as dublagens brasileiras estão muito competentes e vão facilitar a vida de muita gente.
A trilha sonora também se destaca, por misturar com muita naturalidade diversos estilos: de canções tipicamente tribais até faixas com uma pegada meio árabe até momentos de pura “techneira” e psicodelia, há uma música perfeita para cada situação de Far Cry 4, e cada faixa cumpre muito bem a função de potencializar a tensão e a adrenalina. Só faltaram mais opções de estações e rádio nos carros, mas acho que GTA deixa a gente meio mal acostumado com isso. =D
Conclusão
Far Cry 4 é sem dúvida um jogo que merece ser jogado. Tão divertido quanto seu antecessor — que já era ótimo — com uma campanha longa e cheia de coisas para fazer (só a campanha passa fácil das 20 horas, sem contar as dezenas de side missions), o jogo não é somente um excelente FPS, como também é um incrível jogo de mundo aberto aonde liberdade é a palavra chave.
Trazendo de volta tudo o que já era bom em Far Cry 3 e acrescentando ótimas novidades — rappel! elefantes! helicópteros! multiplayer cooperativo! –, Far Cry 4 eleva o patamar da franquia mais uma vez. Se o credo dos Assassinos anda meio mal das pernas, aqui está uma franquia em que a Ubisoft realmente se supera. Que continue assim (e não lance um jogo por ano).
Far Cry 4 foi lançado no dia 18 de novembro, com versões para PC, Playstation 4, Playstation 3, Xbox One e Xbox 360.