Análise Arkade: desbravando as Estradas Furiosas de Mad Max

17 de setembro de 2015

Análise Arkade: desbravando as Estradas Furiosas de Mad Max

2015 marcou o retorno de Mad Max aos cinemas e aos videogames! O filme já é tido como um dos melhores do ano, mas e o game? Será que faz jus à qualidade da película? Vamos descobrir!

Mad Max andava meio sumido até este ano. Já se vão 20 anos desde seu Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão — também conhecido como “aquele com a Tina Turner — e nada menos que 25 anos desde sua primeira (e única) aparição no mundo dos games,  que foi no Nintendinho em um jogo bem meia-boca que misturava corridas e combates veiculares com tiro em perspectiva isométrica.

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Este ano, porém, o personagem voltou com tudo à nossa boa e velha cultura pop. O excelente Estrada da Fúria chegou aos cinemas em maio e agora, no início de setembro, Avalanche Studios e Warner Games uniram forças para trazer o universo de areia, sangue e gasolina de Max Rockatansky para os consoles da nova geração (e PCs).

Nova história, mesmo universo

Mesmo sendo lançado poucos meses depois do filme, não se engane, pois esse não é mais um daqueles “jogos baseados em filmes” produzidos às pressas para aproveitar o lançamento do filme. O que temos aqui é um jogo totalmente independente, que possui sua própria história — e seu próprio Max, que não parece o Mel Gibson nem o Tom Hardy — e é ambientada no mesmo universo pós-apocalíptico dos filmes.

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Apesar dessas diferenças, temos similaridades e referências aos montes: Max ainda é aquele mesmo cara casca grossa e transtornado, que perdeu sua família e vaga pelo deserto em busca de vingança. Porém, o problema da vez é que ele perdeu seu famoso Interceptor justamente quando planejava tirar umas férias no sossego de um lugar chamado Plains of Silence.

Sem um carro para ir até lá, é óbvio que ele decide resolver tudo na porrada, e acaba matando “sem querer” o poderoso Scabrous Scrotus, (que por sinal é filho do Immortan Joe do último filme). Como isso não resolve de vez a falta de seu carro, ele acaba se aliando ao mecânico Chumbucket na esperança de criar o melhor carro que aquele deserto já viu: o lendário Magnum Opus.

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O Magnum Opus tem mais upgrades que o próprio Max. =D

Para construir o possante, Max e Chum terão que viajar por todos os cantos do deserto, dando cabo de centenas de inimigos de tribos variadas, forjando alianças com líderes interesseiros e desmantelando o que sobrou das forças de Scrotus enquanto buscam as peças certas que farão o Magnum Opus se tornar oi carrão que o mecânico diz que ele é.

Indo direto ao ponto, a história é simples e até curta — as missões de campanha são poucas, se comparadas às toneladas de sidequests e objetivos paralelos espalhados pelo mapa –, mas ganha força graças ao rico universo de Mad Max, cheio de personagens esquisitos, lugares exóticos e carros insanos.

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Esse é o Griffa, sujeito esquisitão que melhora os atributos do Max.

O jogo ainda ganha pontos por se aprofundar neste universo, com Relíquias Históricas que revisitam o mundo antes do caos e também para aprofundar conceitos que nunca foram plenamente abordados nos filmes. Nada super detalhado ou complexo, mas insere um bem-vindo “pano de fundo” ao universo pós-apocalíptico da série.

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As Relíquias Históricas relembram um pouco de como era o mundo.

Água, comida de cachorro e gasolina

A jogabilidade de Mad Max se divide em dois pilares principais: ou você está dentro de um carro ou está cumprindo alguma missão a pé. Em ambos os casos, sua vida não será fácil, pois você estará sempre sendo perseguido e/ou atacado de várias maneiras, e sua principal preocupação acaba sendo se manter vivo e coletar suprimentos.

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Manter o cantil sempre cheio é essencial.

Seu carro até que é bem econômico, mas precisa de combustível para rodar. E a energia de Max NÃO se regenera sozinha, de modo que você precisa estar sempre buscando água (Max carrega um cantil) ou algo para comer para completar sua barra de vida. E o “cardápio” envolve coisas não muito apetitosas, indo de comida de cachorro (Dink-Di, a mesma que ele comia no filme!) até vermes (?!) encontrados em corpos em decomposição (?!).

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Acredite, ração de cachorro não é a coisa mais nojenta que você vai comer no game.

A munição também é escassa,o e temos ainda a Sucata, que é a moeda corrente no mundo do jogo, essencial tanto para customizar o seu carro quanto para comprar e/ou melhorar as armas, habilidades e equipamentos de Max.

Assim, o que é um jogo de ação em mundo aberto se torna praticamente um jogo de sobrevivência, pois a busca de recursos é essencial para seu personagem, seu carro e principalmente para o progresso de ambos.

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O andamento do jogo se estabelece naquele padrão “Garoto de Recados” típico de jogos de mundo aberto, e na maioria do tempo você estará fazendo “favores” para outros personagens, que, em troca, lhe darão informações, itens e acesso à novas missões que dão continuidade à trama (ou não, pois muitos personagens importantes também lhe passam sidequests).

Estradas Furiosas

Como bom representante do universo Mad Max, há muita velocidade e muita pancadaria aqui. Seu carro começa o jogo bem fraco — na verdade de início você só tem o chassi — mas aos poucos vão sendo desbloqueadas novas carrocerias, parachoques, pneus, motores, suspensões e, claro, armas. As mais úteis — os arpões — são operados por Chumbucket e serão seus grandes aliados durante a jornada, podendo derrubar portões e até içar o motorista de um veículo em movimento!

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Os combates veiculares do game são intensos e as vezes até um pouco injustos (não é raro você se ver sozinho contra 3 ou 4 carros inimigos), mas sem dúvida a satisfação que te invade quando você derrota o líder de um comboio ou destrói de forma épica um bando de Buzzards!

Gavamos um videozinho que mostra um pouco do gameplay motorizado do game:

O Magnum Opus é seu principal veículo, mas você pode assumir o controle de praticamente qualquer outro carro do game. Levá-los até os Fortes — que são bases aliadas — deixa-os permanentemente em sua garagem, e ter vários veículos possui suas vantagens: o buggy de Chumbucket, por exemplo, é “equipado” com um cachorro que te ajuda a identificar campos minados; e usando o carro de alguma facção inimiga você pode passar despercebido enquanto está em território dominado por ela.

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O cachorro que fica no buggy do Chum é muito útil para farejar minas.

Como já dito, existem dezenas de bases e acampamentos inimigos espalhados pelo vasto mapa do game, e eliminá-los nem sempre é fácil, mas deixa sua vida mais fácil e ainda lhe rende Sucata e outros itens deveras úteis. Claro que para alcançá-los você terá que primeiro entrar no acampamento, e depois dar cabo de todo mundo que estiver lá dentro.

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Max pode usar um rifle de precisão, mas somente quando está no carro.

A maioria dos acampamentos possui defesas de perímetro que devem ser derrubadas: snipers, torres que lançam bombas, minas, e mais. Fazer um reconhecimento da área é essencial, e alguns sobreviventes aleatórios (sinalizados no mapa) até podem lhe dar dicas de entradas secundárias, fraquezas de um chefe, etc. Feito isso, é hora de cair na pancadaria.

Mad Batmax

O combate de Mad Max é bastante similar ao da série Batman Arkham, mas possui suas particularidades que o tornam não só mais brutal, mas também um pouco mais complicado. No Xbox One (plataforma na qual jogamos), o X serve para atacar e o Y serve para contra-ataques… porém, o Y apenas apara o golpe inimigo, de modo que você deve apertar novamente o X para então desferir  um golpe.

Confira um breve vídeo de exploração e pancadaria que gravamos:

Para quem — como eu — já se habituou com o contra-ataque automático de Batman (e de Sombras de Mordor), isso causa estranheza, mas depois de apanhar um pouco você pega a manha. Conforme encadeia golpes e contra-ataques, Max enche um medidor de “Fúria” que torna seus ataques ainda mais brutais.

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“DOIS HOMENS ENTRAM! UM HOMEM SAI!”. O famoso Thunderdome está presente no game, bem como várias outras referências aos filmes.

A brutalidade, aliás, é o ponto forte da pancadaria: ao contrário do Homem Morcego, Max é mais força bruta e menos técnica, e não está nem um pouco preocupado com a integridade física de seus inimigos, quebrando pescoços, dando “tiros nas tripas” com sua escopeta e até usando bastões explosivos para (literalmente) fazer picadinho dos inimigos.

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No geral, o combate do jogo não é tão fluido e intuitivo quanto o da série Arkham, mas funciona bem e rende algumas pancadarias bem intensas. Aliás, se aceita uma dica, sempre que uma base inimiga tiver um Berrador de Guerra, dê cabo dele antes de qualquer coisa, pois a gritaria dele deixa os inimigos comuns bem mais fortes e agressivos.

Audiovisual

Taí algo que é realmente impressionante no jogo: o visual de Mad Max é incrível, com uma boa paleta de cores, explosões realistas e um level design realmente inspirado, que conseguiu transformar um “simples” deserto em algo cheio de estilo, com áreas bem distintas entre si, todas cheias de personalidade.

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Rodando em 1080p a 30 frames por segundo nos consoles da nova geração (um bom PC consegue um framerate maior), o jogo consegue seguir sem engasgos; detectei pouquíssimas quedas de framerate enquanto joguei, mesmo durante as perseguições mais acirradas.

O campo de visão possui uma profundidade impressionante, e o jogo sabe disso, pois oferece um Photo Mode incrível e cheio de possibilidades. Fiz vários cliques enquanto jogava:

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As enormes chaminés de Vila Gasolina são visíveis de praticamente qualquer ponto do mapa.

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Vários Fortes e bases são embarcações, ou seja, o que é deserto hoje um dia já foi mar. 😮

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Sempre que você para o carro, Chumbucket vai correndo consertá-lo.

Os modelos de personagens também são bacanas, ainda que os inimigos de uma mesma facção acabem se repetindo e parecendo um tanto “genéricos”. Os aliados de Max (que são os líderes dos Fortes) por outro lado, esbanjam estilo, com trajes, penduricalhos e acessórios muito criativos. Max obviamente é o mais detalhado, e você até pode customizar seu visual com diferentes opções de trajes, cabelos, barbas e pinturas faciais.

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Mad Max chegou ao Brasil com áudio original em inglês, mas com menus e legendas 100% em português. As dublagens são muito boas — o Max do game é muito mais articulado que o do último filme — mas a trilha sonora (que foi um dos destaques do filme) é um pouco tímida e não conta com nenhuma faixa realmente marcante. Já o som de tiros, explosões, motores e ossos se quebrando é excelente!

Conclusão

Mad Max tem bastante em comum com Sombras de Mordor, e não estou falando só da jogabilidade: ambos são jogos inspirados em grandes séries cinematográficas (sem serem necessariamente adaptações), ambos foram meio desacreditados; e (felizmente) ambos se mostraram ótimas surpresas.

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Do mesmo jeito que a série Arkham nos permite “ser o Batman, com Mad Max eu realmente me senti na pele do Max, lutando pela sobrevivência em um ambiente árido e hostil, regido por sangue e gasolina.

O que importa é que Mad Max é um grande jogo, com doses cavalares de adrenalina, velocidade e violência. Seja você um fã dos filmes ou não, “TESTEMUNHE” o glorioso retorno de Max Rockatansky ao mundo dos games, pois este jogo está longe de ser “MEDÍOCRE“!

Mad Max foi lançado no dia 1º de setembro, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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