Análise Arkade – A nostalgia acelerada de Motor Rock (PC)
A versão indie de um dos maiores clássicos dos anos 1990 está aí: É o Motor Rock, um game inspirado em Rock n’ Roll Racing extremamente divertido e nostálgico! Veja agora a nossa análise!
Mesmo após uma tentativa frustrada no Kickstarter e de precisarem trocar o nome do jogo (ele se chamaria Rock n’ Roll Racing 3D, mas o título e pelo menos parte do conteúdo do game esbarraram em leis de direitos autorais), os caras da Yard Team não desistiram e nos trouxeram Motor Rock, uma homenagem divertida a um dos maiores clássicos dos anos 1990: Rock and Roll Racing.
A Yard, com uma equipe principal formada por quatro caras da Rússia, abraçou a ideia de recriar o racer isométrico e foi até o fim: o game foi aprovado no Greenlight do Steam, foi lançado na loja pelo preço camarada de R$ 12,99 e já está disponível para PC e Mac.
Antes de começarmos, vale lembrar que Motor Rock não é exatamente um remake oficial de Rock n’ Roll Racing, o clássico lançado pela Blizzard em 1993. Ele está mais para uma homenagem, e quando falamos em homenagem falamos de um jogo feito por fãs com muita nostalgia mas pouca grana no bolso – e poucos recursos técnicos… Se a ideia e o empenho dos caras deu certo ou não, vamos conferir agora em nossa análise!
Uma homenagem modesta…
No geral, a apresentação de Motor Rock é mediana. A interface é simples e alguns problemas técnicos, como bugs na hora de mudar a resolução em alguns PCs e mensagens faltando em algumas caixas de diálogo (você vê o código ao invés delas, imagem abaixo) podem acabar decepcionando um pouco quem esperava menus mais estilizados.
Rock n’ Roll Racing era um game cheio de estilo para a época, quesito em que Motor Rock fica devendo se for comparado ao original. Os menus, janelas e caixas de diálogo são bem simplórias e não encaixam muito bem com o tema geral do game: corridas intergaláticas disputadas por personagens mal-encarados em veículos destruidores – embaladas por rock de primeira. Os gráficos são simples e, apesar de apresentarem animações bem legais e fluídas, não impressionam muito no geral.
Porém, levando em conta que o game foi criado uma pequena equipe e alguns colaboradores, sem o respaldo de nenhuma grande produtora e de montanhas de dinheiro, fica fácil passar por cima destes detalhes e pular ansiosamente no assento de nossas máquinas destruidoras para acelerar nas pistas mortais do jogo.
Corridas insanas
Fazendo jus ao RRR, Motor Rock oferece aos jogadores corridas insanas vistas de um ponto de vista isométrico. Também é possível jogar em terceira-pessoa (com a câmera na traseira do veículo), mas o apelo retrô da visão isométrica é imbatível e funciona incrivelmente bem em um jogo de corrida atual.
Com três modos de dificuldade, o desafio do jogador é entrar em uma campeonato que acontece em vários planetas fictícios, onde deve vencer corridas mortais contra adversários no mínimo lunáticos, somar pontos, ganhar grana e melhorar seu veículo. É possível escolher o seu personagem, que traz bônus específicos, e cada planeta tem várias pistas e um campeão consagrado com seu possante personalizado (e armado até os dentes com foguetes, lasers e outros tipos de equipamentos).
Conforme se ganha pontos, é possível progredir para os próximos planetas até se vencer o campeonato. E é na hora de buscar os pontos que o game realmente cativa: as corridas de Motor Rock conseguem captar e trazer de volta o estilo impagável e extremamente divertido do clássico.
As pistas não são o ápice da inovação, mas a pegada simples que o jogo usa é infalível: fazer curvas fechadas em alta velocidade e passar ileso enquanto os outros carrinhos competidores trombam desvairadamente uns nos outros, soltando foguetes e raios laser para todos os lados é o tipo de momento épico que se repete em todos os circuitos.
Alguns elementos dos cenários, como obstáculos e power-ups estão presentes e recompensam ou punem conforme a habilidade do jogador: faça uma curva com perícia e você conseguirá passar por um bônus de grana ou munição. Entre em uma curva todo torto e prepare-se, pois além de bater, perder velocidade e ser “sanduichado” por seis carros alucinados você ainda vai passar por uma poça de gosma retardante, cuidadosamente posicionada para ferrar ainda mais a sua vida.
É uma boa fórmula para se criar momentos de diversão. Os diferentes graus de dificuldade permitem que o jogador calibre o jogo conforme o ritmo que achar melhor e os oponentes seguem um padrão simples, mas certeiro e desafiador.
Para aumentar ainda mais o dinamismo das corridas, as pistas são variadas e temáticas – conforme os planetas visitados –, contando com variações no clima e no horário de corrida (algumas corridas noturnas são bem legais).
Infelizmente, algumas coisas que hoje são padrões em games de corrida, como contadores de tempo para cada volta e tabela de pontuação geral dos campeonatos, não estão no game mas com certeza seriam bem-vindas.
Máquinas nostálgicas
Embora seja possível escolher o personagem (cujo nome é usado pelo empolgado narrador durante as corridas), as grandes estrelas são os carros/veículos. Eles são inspirados fortemente nas máquinas de Rock n’ Roll Racing, como o Speed Ace (imagem abaixo) que é uma releitura do sagaz Air Blade do original.
Você começa com um orçamento pequeno, como de praxe, e vai acumulando grana para comprar novos possantes. São oito deles ao todo, cada um com suas vantagens e desvantagens. Ao longo do campeonato, o jogador pode investir também em peças e acessórios melhores, como motores e escapamentos para aumentar a velocidade ou blindagens e pára-choques reforçadas para aguentar o tranco das corridas.
Infelizmente, esta customização não é mostrada no carro. Você pode comprar o melhor pneu, cheio de espinhos sinistros ou um reforço traseiro que mais parece a pá de um trator pós-apocalíptico, mas nada disso vai aparecer realmente no modelo do seu veículo, servindo apenas como melhoras nos “números” – e consequentemente no desempenho durante os pegas. O fato de ser possível fazer estes upgrades por si só já é muito legal, mas é meio decepcionante não ver aquela peça invocada que você acabou de comprar montada graficamente no veículo.
De qualquer forma, estas melhorias vão deixando seu veículo cada vez mais “bruto” e capaz de disputar corridas insanas conforme se progride. É uma forma de avanço bacana que faz com que o jogador se sinta ao mesmo tempo motivado e recompensado por mandar bem nas pistas.
Também é possível comprar as mais variadas armas, desde metralhadoras até lança-chamas e mísseis teleguiados, além de equipamentos sacanas que permitem que o jogador use maracutaias como lançar poças de óleo deslizante na pista ou pular para desviar de foguetes inimigos. Além disso, bônus podem ser destravados com os pontos acumulados nas corridas, servindo como upgrades extras para os veículos.
Velocidade, Foguetes e Rock n’ Roll
Rock n’ Roll Racing trazia uma mistura única de corridas aceleradas, pilantragens armadas e muito rock, tudo isso empacotado na forma de um racer ambientado em planetas alienígenas: um combo pra lá de estiloso. A Yard bem que tenta, mas não consegue igualar Motor Rock ao original quando se fala em estilo, embora se saia bem quando o assunto é jogabilidade.
Como não poderia deixar de ser, alguns clássicos do rock estão presentes no game, como Born to be wild, Bad to the bone e Age of Rock n’ Roll – a maioria em versões cover. As músicas são cruciais para ditar o ritmo de jogo e deixam a experiência ainda mais eletrizante, sem falar no tributo que estes rocks “das antigas” rendem ao Rock n’ Roll Racing dos anos 1990.
Fuzilar um adversário e vê-lo explodir pelos ares enquanto você passa rasgando em uma curva ao som de Paranoid traz um belo pico de adrenalina e nostalgia. Ao mesmo tempo, é impossível não soltar uns palavrões e dar boas risadas naquele momento em você está prestes a cruzar a linha de chegada mas algum pilantra te acerta um míssil e te deixa comendo poeira.
Mais uma vez, é resgatando uma fórmula simples e consagrada dos anos 1990 que Motor Rock empolga. É um game modesto mas que traz uma boa dose de diversão old school embalada por muito rock n’ roll.
Apesar da produção de baixo orçamento e de alguns detalhes amadores, é uma ótima pedida para quem quer matar a saudade do gênero! O game tem menus e legendas em português e também pode ser jogado com amigos por LAN ou lobby (beta).