Análise Arkade: Overwatch é simpático, divertido e extremamente viciante
Reúna seus amigos online, separe seu melhor headphone e dê adeus à sua vida social: Overwatch é o shooter mais divertido e viciante do ano, e aqui estão todas as nossas considerações sobre o game!
Contextualizando
A Blizzard não brinca em serviço. É verdade que ela lança poucos jogos, mas todos acabam se tornando sucessos de público e crítica; todos são extremamente divertidos, aditivos e viciantes. Todos esbanjam carisma e capricho em cada frame.
Overwatch é tudo isso reunido em um shooter de arena que é simples e acessível para agradar jogadores casuais, mas também possui profundidade o basante para agradar aos gamers hardcore.
Overwatch também é a prova que a Blizzard sabe valorizar o que deve ser valorizado. Um pouco do que há aqui (alguns mapas, basicamente) estaria presente em Titan, ambicioso projeto de MMO sci fi que passou quase uma década em desenvolvimento, mas acabou sendo cancelado.
Ainda que não tenha toda a profundidade e o “lore” de um MMO, Overwatch até tem uma história — que é simples, e foi desmembrada em histórias em quadrinhos e curtas animados — que serve basicamente como pano de fundo para reunir 21 heróis em batalhas épicas e divertidas entre 2 times de 6 jogadores em 12 arenas ao redor do mundo!
Heróis para todos os gostos
Overwatch é um MOBA hero shooter de arena em primeira pessoa que valoriza muito o trabalho em equipe. No total, são 21 heróis divididos em quatro classes auto-explicativas:
Heróis Ofensivos
Heróis Defensivos
Heróis tipo Tanque
Heróis de Suporte
Como pode ver, são todos bem diferentes entre si: de gorilas cibernéticos à anões steampunk, passando por ninjas com espadas, pistoleiros com “três-oitão”, monges ciborgues em pose de meditação, robôs amantes da natureza e snipers cheias de sotaque, cada herói de Overwatch é único, tanto em visual e personalidade quanto em habilidades.
O grosso do gameplay — em termos de layout de controle e botões — é basicamente o mesmo para todos os heróis, mas o que muda drasticamente a experiência de jogar com cada um são suas habilidades. Mesmo personagens de mesma classe possuem armas e habilidades completamente diferentes entre si, e isso é o “tempero” que torna cada um tão singular dentro do universo do game.
Um time bem entrosado deve contar com pelo menos um personagem de cada classe, mas existem pormenores mesmo dentro das classes. O anão Torbjörn, por exemplo, é capaz de construir turrets (gif acima) e criar armaduras para o grupo. Já o arqueiro Hanzo demanda muita precisão e pode até se tornar um bom sniper, pois é o único personagem capaz de escalar paredes, e ele ainda atira flechas sônicas capazes de revelar a posição de inimigos e ainda possui uma super habilidade devastadora.
Até mesmo a mobilidade dos personagens possui grandes diferenças: corrida é uma habilidade que poucos possuem, e os personagens do tipo Tanque costumam ser bem lentos e pesados. Porém, existem outras formas de mobilidade — como dashes, voos curtos e teleportes — e o Suporte Lucio (que patina até pelas paredes) é capaz de dar um up na velocidade de outros personagens quando está por perto.
Confira abaixo um pouco de gameplay com a personagem D.Va:
O que quero dizer com tudo isso é: cada personagem possui vantagens e desvantagens que farão a diferença no gameplay e para o time em si, o que torna cada um essencial — à sua maneira — na hora dos tiroteios. Você não vai a lugar algum sozinho em Overwatch, então, pense no que o time precisa, não só no que você faz melhor.
Na dúvida, o melhor é: experimente todos os personagens. Há um tutorial básico e uma sala de treinamento com bots, e você pode até mesmo curtir partidas em equipe contra bots controlados pela IA para ir pegando a manha antes de se aventurar pelas partidas “reais”. E o melhor: você pode trocar de herói durante as partidas, então não tenha vergonha de mudar, testar, experimentar!
Modos de jogo
Neste momento, Overwatch oferece poucos modos de jogo, e todos são bem parecidos — basicamente variações dos já manjados Capture the Flag e King of the Hill: em algumas partidas, você deve escoltar um carrinho até um ponto do mapa, ou impedir o avanço do carrinho inimigo. Em outro, os dois times devem lutar pelo controle de uma área específica do mapa. Há ainda um mix dos dois: você deve dominar o carrinho, para então escoltá-lo até um local específico. E rolam ainda desafios semanais que são basicamente playlists de modos de jogo comuns, mas com regras diferenciadas.
Confira abaixo um pouco deste último modo de jogo com o personagem Reaper:
A maneira mais fácil de começar a jogar é entrar direto no modo “Partida Rápida“, que te encaixa em um time e te joga em uma sucessão de partidas variadas em mapas diversos. Os servidores nacionais estão fazendo um ótimo trabalho, e você dificilmente vai ficar mais de 2 minutos buscando uma partida, a conexão está super rápida e estável.
Como há poucos modos de jogo — e eles são bem parecidos –, fica difícil definir qual o melhor ou o pior, mas é fato que o jogo ainda oferece pouco conteúdo. Star Wars Battlefront, por exemplo, tem uma proposta semelhante, e bem mais modos de jogo diferentes. Nada impede que a Blizzard acrescente mais conteúdo no futuro, e eu realmente acredito que daqui a 4 ou 5 meses, Overwatch será um game bem mais robusto.
Ainda que a falta de algo simples como um Team Deathmatch seja notável, acho que no fundo ela é compreensível: quando não se tem nada para fazer além de matar outros jogadores, não há real companheirismo e trabalho em equipe, e personagens do tipo Suporte acabariam subaproveitados.
Do jeito que está, o que temos é pouca variedade em modos de jogo, mas todos eles prezam pelo teamwork e dão espaço para todos brilharem. Mesmo quem fica longe da linha de frente do combate (como a Mercy, por exemplo) pode ser a melhor da partida por sua eficácia em curar, reviver e auxiliar o grupo.
Um jogo simpático e acessível
Overwatch é um jogo extremamente carismático. Vários dos personagens parecem saídos diretamente de um filme da Disney Pixar — tipo Os Incríveis ou Operação Big Hero — e os cenários também são bem bonitos e coloridos, replicando ambientes reais (cada cenário é em um país diferente) com um toque estilístico e cartunesco que casa muito bem com a proposta do game. A trilha sonora orquestrada é tão boa que chega a ser uma pena ela tocar tão pouco.
As animações também são ótimas, bem como o design das armas, mechs e equipamentos. Cada personagem possui sua própria forma de andar, atirar, recarregar a arma, e os pequenos detalhes que compõe o leque de ações de cada herói são incríveis. Ah, e o jogo roda suave em 60fps em todas as plataformas!
Olha essa animação de reload do Lucio (com direito a slow motion para ressaltar a beleza do movimento) que delícia, cara:
As dublagens — 100% em português brasileiro — estão ótimas, e concedem muita personalidade aos heróis. Os personagens possuem jargões, sotaques e maneirismos bem legais — — o “pede pra nerfar, noob”, da D.Va é impagável –, e o excelente trabalho de dublagem nacional mantém viva a essência de cada um dos heróis.
Essa mistura caprichosa de design atraente, audiovisual de ponta e gameplay simples e funcional torna Overwatch um game muito fácil e gostoso de jogar. Não há menus complicados, nem equipamentos para modificar: todos os heróis já estão prontos para a ação, e só o que se pode alterar são coisas bem estéticas e superficiais, como trajes, poses de vitória, falas e coisas do tipo.
Sendo justo, é fácil pegar a manha do básico de Overwatch: ajudar o time a cumprir os objetivos, distribuir uns pipocos e até emendar uns kills bacanas. Agora dominar as nuances de gameplay de certos heróis — como Genji, Lucio ou McCree — demanda muito mais tempo e determinação. É uma parte hardcore da mistura que não necessariamente atrapalha a experiência do jogador casual, que quer curtir sem compromisso.
O fato de termos modos de jogo simples, rápidos e fáceis de aprender contribui com esta premissa amigável e acessível de Overwatch: nunca rola aquele caos confuso típico de um FPS, onde os novatos sequer sabem o que está rolando. O tiroteio come solto na maior parte do tempo, mas tudo é muito claro e intuitivo, os objetivos são bem demarcados, e você realmente se sente importante para o time, independente da classe do seu personagem.
Outra coisa bacana é a vibe otimista do jogo: ele nunca mostra estatísticas e resultados para todo mundo (cada um vê a sua), e sempre dá um jeito de te dar algum feedback positivo (por exemplo: percentual de curas realizadas), mesmo quando seu time perde ou seu desempenho é ruim. Seja na Vitória ou na Derrota, Overwatch nunca quer te deixar chateado. 🙂
Brinquedinhos e microtransações
Mesmo sendo um jogo bem caro (o preço médio é R$ 159 nos PCs e R$ 249 nos consoles), Overwatch possui microtransações que poderão levar os jogadores mais afoitos à falência. Porém, fique calmo: este não é um jogo “pay to win”, e tudo que pode ser adquirido é simplesmente estético: novas skins/trajes e/ou cores, novas falas, poses de vitória e “pichações” para cada personagem. Nada de armas, perks ou “trapaças”, só bijuteria.
Não sei se no futuro a Blizzard vai implementar novos personagens, mapas e modos de jogo via DLC — o que é bem provável — mas em termos de gameplay, é bom saber que nada que desbalanceie o jogo ou torne-o “injusto” está disponível para ser comprado.
Aliás, é possível ganhar praticamente tudo simplesmente subindo de nível — cada level up lhe concede 1 loot box com 4 itens aleatórios — e uma das coisas que você pode ganhar são créditos, para destravar conteúdos sem gastar dinheiro real — tipo o que a Capcom fez com Street Fighter V.
Conclusão
Overwatch é um jogo essencialmente simples, mas produzido com todo o capricho que a Blizzard está acostumada a entregar. O que temos aqui é um “hero shooter de arena” divertido, frenético e extremamente viciante, ideal tanto para se internar madrugada adentro quanto para partidas rápidas na hora do almoço.
Na minha opinião, esse jogo faz pelos FPS o que Rocket League fez pelos jogos de esporte: torna-o mais simpático e acessível para um público mais amplo e diversificado, sem necessariamente tirar o espaço dos jogadores hardcore. Essa acessibilidade é deliciosa, e ele ainda consegue oferecer muita profundidade para quem busca um jogo onde estratégia e trabalho em equipe são fundamentais.
Mesmo eu, que não sou o público-alvo desse tipo de jogo — costumo prezar por campanhas longas e boas histórias — estou simplesmente viciado em Overwatch, já tenho meus personagens favoritos (Roadhog, D.Va, Reaper e Zenyatta) e não consigo jogar outra coisa desde que peguei este game. Se você busca diversão pura e simples para curtir online com os amigos, vai fundo: não há quase nada melhor e mais aditivo (e viciante) que Overwatch disponível atualmente.
Agora se me dá licença, já terminei meu trabalho por aqui, então vou ali jogar mais um pouquinho de Overwatch com o pessoal. 😉
Overwatch foi lançado no dia 24 de maio. O game tem versões para PC, Playstation 4 e Xbox One, e chegou ao Brasil 100% em português.