Análise Arkade: Pure Pool traz uma sinuca caprichada para a nova geração (PC, PS4)
Que tal uma partidinha de sinuca virtual na nova geração? Pure Pool é praticamente “a evolução” do Side Pocket, e você confere nossas impressões sobre o game na sequência!
Se formos contabilizar os gêneros esportivos mais populares no mundo do games, a sinuca dificilmente vai estar no topo da lista. O povo prefere futebol, luta, corrida, basquete… Porém, é bem provável que mesmo os “fifeiros” mais convictos já tenham passado algumas horas se divertindo com Side Pocket no Super Nintendo ou Real Pool no PC.
A verdade é que uma sinuquinha virtual pode ser uma ótima pedida ocasionalmente, especialmente se aliar uma boa jogabilidade com uma boa variedade de modos de jogo. Se tiver gráficos bacanas, então, melhor ainda. E anime-se, pois Pure Pool se aproveita do poder da nova geração de consoles para nos entregar tudo isso!
DIRETO AO PONTO
Pure Pool não perde tempo com historinhas mirabolantes ou cenários paradisíacos. Desde o primeiro momento, o foco do jogo está na sinuca. Sem menu inicial, tela de “press start” nem nada do tipo, o jogo já começa em um modo free play que serve de tutorial e practice mode.
Deste ponto, basta pressionar o botão start/options do controle para acessar um menu lateral, de onde podemos entrar em praticamente todas as funções do game. De torneios à partidas online, diferentes modos de jogo, opções e customização da mesa, tudo pode ser acessado em poucos segundos.
Considerando que sinuca é aquele tipo de jogo que cai muito bem para jogar com um (ou mais) amigos, é ótimo que Pure Pool tenha uma interface bem simplificada, praticamente “plug and play”: entre o play no jogo e a primeira bola encaçapada, dificilmente a demora é maior do que um minuto.
A SINUCA
Quando se fala em sinuca no mundo dos games, o mínimo que se espera é: um nível aceitável de realismo, especialmente na física, e uma jogabilidade que seja acessível, mas ao mesmo tempo ofereça um bom nível de profundidade para quem quer ir além do básico.
Felizmente, Pure Pool entrega tudo isso muito bem: a física do jogo é exemplar, e as bolas reagem de maneira muito natural na mesa. Podemos “sentir” o peso da bola branca nas tacadas, e a maneira com que ela rebate nas outras bolas (ou nas bordas da mesa) também é muito verossímil.
Como em outros jogos do gênero, temos uma indicação visual que possibilita que acompanhemos a trajetória que a bola branca irá traçar na mesa (até certa distância), bem com o trajeto que a outra bola irá percorrer após ser atingida pela bola branca. Isso dá uma boa ajuda, mas obviamente o feeling do jogador conta muito, especialmente na hora de aplicar a força necessária na tacada.
Isso é feito basicamente com a alavanca analógica direita, que é a responsável por determinar a força da tacada. É uma mecânica sensível, mas bem fácil de pegar o jeito, pois a força da tacada está diretamente relacionada ao quão “para baixo” você move a alavanca direcional. Quem já jogou sinuca com o mouse vai pegar a manha fácil.
Com o analógico esquerdo você pode não só mudar o ângulo da tacada (manter o botão x oferece um “pente fino” para uma mudança mais precisa), como também dar uma volta pela mesa para estudar o jogo (mantendo pressionado o botão quadrado), ou escolher em que ponto da bola branca quer bater (mantendo pressionado o botão círculo) para uma tacada de efeito.
Apesar de relativamente simples, a jogabilidade é muito intuitiva e responsiva. Mesmo quem nunca jogou sinuca na vida vai estar encaçapando suas bolas depois de poucos minutos, mas os jogadores mais experientes podem encontrar uma profundidade extra nas tacadas de efeito, em níveis de dificuldade mais elevados e em partidas online ou torneios.
MODOS DE JOGO
Muito além da clássica sinuca Bola 8 que jogamos em botecos, Pure Pool oferece uma variada lista de modos de jogo e desafios diferenciados para você testar suas habilidades sozinho, ou com outros jogadores, estejam eles ao seu lado no sofá ou do outro lado do mundo.
Entre os modos de jogo mais interessantes temos o Mata-Mata, onde cada jogador recebe 3 vidas e perde uma vida cada vez que não mata uma bola na sua vez de jogar. Outro modo de jogo interessante é o Batalha Real: você deve limpar a mesa o mais rápido possível, e a cada tantos segundos, uma nova bola é colocada na mesa. O modo Acumulador também é legal, e exige que as bolas sejam encaçapadas em ordem numérica.
Você ainda pode começar um modo Carreira que consiste em vários torneios, onde é possível enfrentar jogadores de diferentes níveis de habilidade controlados pelo computador. E a diferença entre um “amador” e um “profissional” é gigante: a inteligência artificial do game faz um trabalho e tanto; ela parece estar o tempo todo absorvendo suas estratégias para tentar te surpreender. A mudança de habilidade e principalmente de estilo de jogo de um jogador para outro é notável, o que te obriga a estar sempre preparado para mudar suas próprias estratégias.
Um recurso bacana é que você pode baixar (gratuitamente) uma DLC chamada “VooFoo DNA” que te permite jogar contra ninguém menos que a inteligência virtual dos criadores do game, um desafio extremamente cabeludo. Conforme você joga com seus amigos, também é possível replicar o DNA deles, de modo que você praticar contra eles mesmo quando não houver ninguém por perto.
Outra adição bem-vinda são as “honras”: o jogo está o tempo todo te presenteando com honras variadas (do tipo “encaçape uma bola ao estourar” ou “mate 5 bolas em sequência”) que lhe rendem mais pontos de experiência. Sim, você pode subir de nível aqui, e as partidas de torneio ainda possuem desafios específicos, que lhe rendem muito mais experiência se completados durante a partida.
Depois de pegar a manha e subir uns níveis contra o computador, você pode desafiar outros jogadores para partidas online. O server do jogo é bem rápido, e o pareamento com outros jogadores rola sem lags ou engasgos. A comunidade online de jogadores é enorme, desde o dia de lançamento há muita gente conectada o tempo todo (incluindo muitos brasileiros), o que facilita bastante o acesso às partidas. E como praticamente todos os modos de jogo podem ser jogados no multiplayer, opções não vão faltar.
AUDIOVISUAL
Independente do modo de jogo, o cenário do game é sempre o mesmo: um bar sofisticado que serve apenas como pano de fundo, e é mostrado com um efeito blur, para não desviar a atenção da mesa e do que acontece sobre ela. Podemos ver vultos e silhuetas bebendo e até ouvimos risos e ruídos de conversa ao fundo. É uma ambientação sutil, mas que casa muito bem com o estilo do jogo sem jamais brigar com o que importa, que é o bilhar.
Podemos dar uma “maquiada” na mesmice do ambiente mudando a cor do pano da mesa (a mudança rola em tempo real com um efeito de “tingimento” bem bacana), que pode ser liso ou estampado (poucas opções de estampa, a maioria logomarcas de produtoras) ou equipando diferentes tacos, que vão sendo liberados conforme você sobe de nível.
Os “personagens principais” do jogo — a saber: a mesa e as bolas — são de um realismo absurdo: da textura do couro da borda da mesa à circunferência perfeita das bolas que refletem lindamente a iluminação ambiente, o visual é insanamente detalhado e realista.
A textura do pano da mesa também é excelente, e nas tacadas em slow motion que rolam ocasionalmente no final das partidas, podemos ver até mesmo o pó de giz se desprendendo da ponta do taco. Em termos de realismo, digamos que Pure Pool está para a sinuca assim como Project CARS está para os jogos de corrida.
Na câmera, temos um fato curioso: ao contrário de outros jogos, em Pure Pool não existem opções de câmera, então não espere aquela visão de cima ao estilo Side Pocket. Na melhor das hipóteses você pode dar uma volta completa pela mesa, mas (talvez prezando pelo realismo) durante as partidas a câmera sempre se mantém no que seria a altura dos olhos do jogador.
A trilha sonora tem a mesma pegada de praticamente todo jogo de sinuca já lançado: uma mistura instrumental de jazz com drum n’ bass muito boa, que parece até estar sendo tocada ao vivo, pois rolam aplausos do público ao final de certas músicas. No geral, as composições são muito boas. Os efeitos sonoros do que rola sobre o pano são perfeitos, e seguem o mesmo nível de realismo do visual.
SENTI FALTA DE…
Confesso que senti falta de uma função que acelere as rodadas do computador. Em muitas partidas disputadas o jogador controlado pela IA realmente “parava para pensar”, e eu não podia fazer nada além de ficar olhando para a tela enquanto esperava minha vez de jogar. Uma simples função “fast forward” seria bem-vinda, embora eu acredite que ela tenha ficado de fora em prol do realismo.
Outra coisa que poderia ter sido incluída é um modo replay, para que pudéssemos rever (e salvar e compartilhar com os amigos) aquela tacada espetacular, seja fruto de habilidade ou da mais pura sorte. Se encaçapar uma bola é o equivalente da sinuca ao gol no futebol, eu gostaria muito de poder rever (e salvar, e compartilhar com os amigos) os meus “gols” mais bonitos.
CONCLUSÃO
Fazia algum tempo que eu não parava para jogar um bom snooker no videogame e Pure Pool conseguiu me lembrar de como este esporte (sim, sinuca é um esporte) pode ser não apenas um ótimo passatempo, como também extremamente divertido e desafiador.
Com uma pegada direta e sem muitas frescuras, Pure Pool entrega um simulador de sinuca sólido, desafiador, com muitos modos de jogo e uma parte técnica/audiovisual impecável. Se você curtia Side Pocket na década de 90, sem dúvida deve dar uma chance para este jogo, que é uma competente evolução do bilhar nos videogames.
Pure Pool foi lançado no dia 29 de julho com versões para PC e PS4. Em breve o jogo deve chegar ao Xbox One.