Análise Arkade: despertando a Força nas batalhas frenéticas de Star Wars Battlefront

24 de novembro de 2015

Análise Arkade: despertando a Força nas batalhas frenéticas de Star Wars Battlefront

A Força já despertou — pelo menos no mundo dos games! Na sequência você confere nossa análise completa de Star Wars: Battlefront!

Que a Força esteja no multiplayer

Geralmente começamos nossos reviews com uma breve sinopse da trama do jogo que está sendo analisado. Porém, nesse caso isso não será possível, simplesmente porque não há campanha em Star Wars: Battlefront. O jogo é 100% focado no multiplayer e nas intensas batalhas entre jogadores online.

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O máximo de conteúdo single player que temos são 4 missões que servem de treinamento — e também podem ser jogadas em coop online ou local em tela dividida. Mas elas não tem nem um fiapo de história, e entregam desafios pontuais do tipo “elimine os caças TIE do Império ou “sobreviva há várias waves de inimigos”.

Ok, em uma delas você até pode controlar Darth Vader, e em outra pilota uma speeder bike pelas belas florestas de Endor, mas é fato que essas missões são curtas, repetitivas e não oferecem lá muito conteúdo. Elas servem basicamente como um treinamento, para você pegar as manhas do jogo antes de se aventurar pelo multiplayer.

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Pessoalmente, acho que a falta de uma campanha é o maior problema do jogo. Estamos falando de Star Wars, uma obra de mitologia rica, que está há mais de 40 anos presente na cultura pop, e cujo universo já se expande através das mais variadas mídias. Seria tão difícil assim criar um roteiro para uma aventura que nos permitisse explorar melhor todo esse vasto universo?

Na minha opinião, a falta de uma campanha em um jogo desta magnitude demonstra pura e simples preguiça. Enxergo uma postura do tipo “ei, esqueçam a campanha, vamos nos focar no multiplayer, que é o que o povo mais joga” dos produtores. E, embora seja verdade que o multiplayer rende muito mais horas de jogo do que a campanha, eu realmente fico com a sensação de que um jogo deste porte sem uma campanha é algo incompleto, especialmente pelo preço cobrado por ele.

Variedade e acessibilidade

Bom, mas chega de falar sobre o que o jogo NÃO tem, e vamos ao que o jogo de fato oferece: o multiplayer conta com 9 modos de jogo diferentes, que rolam em cenários escolhidos aleatoriamente e oferecem tanto partidas para equipes pequenas — 6 x 6 — até batalhas colossais com 40 jogadores simultâneos (20 x 20).

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Em todos os modos de jogo, os jogadores se alternam entre Imperiais e Rebeldes, para que todo mundo possa experimentar os dois lados da Força. E o mais legal é que, em vários modos de jogo você realmente pode assumir o controle de personagens icônicos como Luke Skywalker, Han Solo, Boba Fett e, claro, Darth Vader.

Tentando ser acessível para todos, o jogo aposta em uma interface super simplificada — e até um pouco limitadora: você só pode equipar uma arma principal. Isso mesmo, uma. E quase todas são variações da “pistolinha laser”. Coisas como snipers, lança-foguetes e granadas chegam na forma de Cards equipáveis, e você só pode carregar 2 ao mesmo tempo.

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Estes 2 Cards liberam ainda outros tipos de equipamentos, como um pseudo-jet pack que te dá um boost para pulos. Você pode equipar ainda um Card especial que lhe concede uma vantagem temporária, como tiros mais poderosos ou mira mais estável. Fora isso, existem armas (de uso único) que podem ser encontradas pelos cenários, indo desde minas de proximidade até droids de reconhecimento, turrets e ordens de ataque aéreo.

Esse lance dos Cards equipáveis complica um pouco a tarefa de ir “bem equipado” para o combate — afinal, quase todo shooter atual te deixa carregar pelo menos 2 armas — mas ajuda a tornar as coisas mais justas para todos. Independente se você é level 1 ou 50, aqui sua habilidade vale muito mais do que o seu equipamento.

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E falando em levels, fazendo praticamente qualquer coisa no game você ganha pontos de experiência, e conforme sobe de nível, você não fica necessariamente mais poderoso, mas ganha acesso à novas armas e Cards (compradas com créditos in-game), bem como à variações de skins para os tipos básicos de personagens — Stormtroopers e Rebeldes.

Muitos modos de jogo

Já falamos ali em cima que, além das poucas missões single player, Star Wars Battlefront conta com 9 modos de jogo multiplayer. Ele traz muita coisa já manjada (com um bem-vindo) toque de Star Wars, mas também traz alguns modos só seus que são bem legais. Há até uma pitada de multiplayer assimétrico — que andou na moda recentemente com Evolve, Dying Light — em um modo de jogo onde são 7 jogadores contra 1.

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Na imagem acima, estão todos os 9 modos de jogo disponíveis no menu. Abaixo, vamos detalhar um pouco de cada modo:

Supremacia

O mais caótico de todos, com 2 times de 20 jogadores cada se enfrentando em mapas enormes, onde o objetivo é tomar o controle de 5 terminais. O tiroteio tradicional impera, mas é possível assumir o controle de X-Wings ou Caças TIE para ajudar o seu time pelo ar, e ocasionalmente um jogador pode “respawnar” na pele de Darth Vader ou Luke Skywalker, cujos poderes podem realmente desbalancear uma partida.

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Se você é meio n00b, sugiro praticar um pouco antes de encarar o modo Supremacia. Esse é um daqueles tipos de jogo frenéticos, onde é fácil você morrer sem nem entender como ou de onde veio o tiro.

Batalha

O modo de jogo mais simples, mas nem por isso menos divertido. É basicamente um Team Deathmatch para 20 players onde dois times de 10 jogadores batalham até a morte. O primeiro time a eliminar 100 inimigos dentro do tempo limite ganha. Simples, direto e extremamente divertido.

Heróis vs. Vilões

Um modo de jogo inovador e bem interessante: 12 jogadores se dividem em 2 times de 6 cada, nos quais 3 players assumem o controle de personagens genéricos, e outros 3 assumem o controle de heróis e vilões famosos (Luke, Leia, Han Solo / Vader, Boba Fett, Palpatine).

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A partida termina quando os 3 heróis/vilões forem derrotados, pois eles não têm respawn (ainda que o jogador possa voltar como um rebelde/stormtrooper genérico).

Cada personagem traz seus próprios poderes e equipamentos para a batalha: por exemplo, Luke e Vader usam a Força e seus sabres de luz, enquanto Boba Fett usa seu jetpack e Leia pode conjurar um escudo para proteger seus aliados. Também é possível assumir o controle dos “Guarda-Costas”, que são versões mais fortes e bem equipadas dos rebeldes e stormtroopers comuns.

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Ao final de cada partida, os papéis são sorteados (de forma aparentemente aleatória), de modo que todos os jogadores acabam tendo a chance de serem Luke, Vader ou Palpatine, o que deixa este modo de jogo muito mais justo e variado do que todos os demais.

Batalha de Caças

Outro modo de jogo bem frenético, onde 20 jogadores se reúnem para intensas batalhas aéreas entre os caças do Império e as naves Rebeldes. Além de eliminar naves inimigas, você também deve proteger as imensas naves de transporte do seu time, e atacar a dos rivais sempre que puder. É possível que naves controladas pela IA apareçam para completar as equipes, em caso de falta de players.

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A pilotagem é um tanto confusa, pois segue aquele padrão Halo — um alavanca analógica acelera, outra faz curvas e manobras — mas com um pouco de prática você pega o jeito. Ah e também há possibilidade de você “respawnar” no controle de naves emblemáticas como a Millennium Falcon ou a Slave-1, nave do pai do Boba Fett.

Ataque dos Walkers

Mais um mode de jogo que aceita até 40 jogadores, divididos em 2 times de 20. Jogando pelo Império, você deve escoltar os enormes (e lentos) AT-ATs até as bases rebeldes, destruindo tudo o que houver pelo caminho. No papel dos Rebeldes, você deve  — obviamente — impedir o avanço da tropa Imperial. Em ambos os times, é possível pilotar naves, e ocasionalmente Luke e Vader podem dar o ar da graça.

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Ainda que tenha um andamento um pouco diferente do frenesi habitual, este é um modo de jogo bem interessante, e um dos que melhor aproveita tantos elementos distintos de Star Wars em prol do gameplay.

Captura de carga

Uma variação do bom e velho Capture the Flag, onde você deve se infiltrar no “depósito” inimigo, roubar uma carga e levá-la em segurança até a sua base. O diferencial aqui é na contagem de pontos. Os dois times começam “empatados” com 5 pontos cada, e cada vez que uma carga é roubada com sucesso, um time perde um ponto e o outro ganha, ficando 6-4, 7-3 e assim sucessivamente.

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Ao final dos 15 minutos de cada partida, quem tiver a maior pontuação ganha. Não é necessariamente inovador, mas funciona bem, e o design dos cenários entrega disputas bem divertidas e imprevisíveis.

Captura de Droides

É meio que uma variação do bom e velho King of the Hill, com a diferença que aqui você não domina uma área do mapa, mas um droide, que fica se movendo pelo cenário. As partidas rolam entre times pequenos — 6 x 6 –, e o diferencial é mesmo o fato dos objetivos ficarem indo para lá e para cá pelo cenário.

Zona de Impacto

Outra variação do King of the Hill, mas aqui você deve encontrar pods de emergência que literalmente caem do céu em pontos aleatórios do mapa. Pod caído, os dois times devem “apostar uma corrida” até a zona de impacto e assegurar o controle do pod.

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Os times são maiores aqui — 8 x 8 — mas o andamento das partidas é bem similar. Para quem curte um trabalho em equipe que demanda comunicação e sincronia, tanto a Captura de Droides quanto a Zona de Impacto são boas pedidas.

Caça ao Herói

O lado assimétrico do multiplayer de Battlefront chega neste modo Caça ao Herói e suas partidas 7 x 1, onde 7 jogadores assumem o papel de rebeles ou stormtroopers genéricos enquanto um jogador se torna um herói (ou vilão) emblemático e deve eliminar o máximo de outros players… e tentar não morrer, claro.

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Na teoria a ideia funciona bem, mas na prática a coisa é um pouco capenga: só o herói ganha pontos, e só quem dá o último tiro no herói é quem vai ser o herói na próxima rodada. Não há um sorteio entre todos os 7 players, de modo que é preciso mais sorte do que habilidade para acertar o último tiro e eliminar o herói. Você pode ter tirado 99% da energia do herói, mas se um cara chegou na sala agora e deu o último tiro, ele será o herói na próxima rodada. Deal with it.

Acho que esse modo de jogo deveria receber um patch que mudasse um pouco essa sua regra um tanto arbitrária. O modo tem potencial de ser muito divertido, só precisa de uns ajustes para não ficar injusto.

Audiovisual

Sem exagero: Star Wars Battlefront é o jogo mais bonito do ano. Rodando na poderosa engine e sua poderosa engine Frostbyte 3, ele não é 100% do tempo fotorrealista, mas quando resolve ser, deixa a impressão de que estamos realmente jogando um filme.

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Vale lembrar que você pode jogar com a câmera em terceira pessoa. 😉

Cenários emblemáticos como os cânions de Tatooine, o hangar da Millennium  Falcon e as belas florestas de Endor (com tocas de Ewoks e tudo) foram recriados com um nível de detalhes impressionante, belas texturas e efeitos de água e iluminação incríveis.

Os heróis e vilões são mais bonitos na tela de seleção de personagens do que no gameplay propriamente dito, mas ainda assim são cópias digitais competentes (ainda que meio desajeitadas) dos atores. Já os personagens mascarados — como stormtroopers e Darth Vader — estão perfeitos, e reforçam aquela sensação de estarmos dentro de um filme da saga Star Wars. Sò o que quebra

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Tatooine e suas formações rochosas fotorrealistas.

Tudo isso fica ainda mais incrível se lembrarmos que o jogo roda em 60fps em todas as plataformas. A resolução pode variar, mas é louvável a estabilidade do framerate que a DICE conseguiu alcançar. O jogo roda liso, fluido e sem engasgos o tempo todo, e tem pouquíssimas telas de load. Independente da plataforma escolhida, saiba que você vai encontrar um jogo belíssimo, que roda suave e mantém o framerate.

Vale ressaltar que o jogo chegou ao Brasil totalmente em português, com menus, dublagens e legendas em nosso idioma. Eu geralmente opto pelo áudio original, mas como aqui não há campanha e tudo o que ouvimos são gritos do tipo “lançando granada”, “protejam a Princesa Leia ou jargões como “você não pode com o lado negro da Força”, a dublagem em português dá pro gasto.

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E a trilha sonora. Caramba, como ela é boa! Star Wars tem várias músicas emblemáticas e todas elas estão presentes aqui, aparecendo de vez em quando, mas sempre de forma apropriada. Por exemplo, quando você assume o controle de Vader, a Marcha Imperial ressoa alta, e isso é de arrepiar. O tema principal da saga e outras músicas tão boas quanto nostálgicas soam em momentos propícios, causando um mix de nostalgia e empolgação como só Star Wars é capaz.

Conclusão

É triste que não haja uma campanha em Star Wars Battlefront, pois eu acho que esse jogo realmente merecia uma. Nós, fãs, merecíamos, especialmente neste ano, em que “a Força está despertando” com tudo. Mas, ninguém foi “enganado”, e desde o começo do ano sabíamos que o foco deste jogo seria o multiplayer.

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Este é um jogo que dificilmente vai ser o GOTY em um ano em que tivemos titãs como The Witcher 3 e Fallout 4 com suas campanhas épicas e toneladas de conteúdo. Mas, o que ele se propõe a fazer, faz muito bem, e entrega um multiplayer viciante e divertido, com muitos modos de jogo, visual incrível e trilha sonora de arrepiar.

Acho que Star Wars Battlefront só não é indicado para quem realmente não curte jogatina online. Mas se você curte um mata-mata online e é fã de Star Wars, nem tem que pensar duas vezes: este é o jogo que você estava esperando. Quem é fã de Battlefield também vai se sentir em casa aqui, ainda que tudo seja um pouco simplificado. A variedade de modos de jogo vai te manter entretido por muito tempo, e você vai lembrar (de novo) porque Star Wars é tão especial.

Star Wars Battlefront foi lançado no dia 17 de novembro (1 mês antes do filme), e tem versões para PC, Playstation 4 e Xbox One.

Que a Força esteja com você. 😉

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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