Análise Arkade: The Evil Within 2 reinventa-se para se tornar um jogo muito melhor
The Evil Within 2 foi anunciado meio de repente na E3 deste ano, e poucos meses depois, já está nas prateleiras. Mas isso não quer dizer que o game foi feito às pressas, muito pelo contrário, confira nosso review e entenda como este é um dos jogos de terror mais legais dos últimos tempos!
Bem-vindo à Silent Hill Union City
Quem jogou o primeiro The Evil Within sabe que seu protagonista — o (agora ex) detetive Sebastian Castellanos — é um sujeito amargurado pela morte de sua esposa e de sua filha. Mas… e se a pequena Lily não tiver morrido de verdade? Até onde Castellanos está disposto a ir para salvá-la?
É isso que Juli Kidman, sua ex-parceira e agente da igualmente misteriosa Mobius, oferece para Castellanos: uma chance de salvar sua filha. Porém, para isso ele terá que embarcar em um passeio nada agradável pela cidade de Union, uma simulação digital gerada dentro do STEM — que é basicamente uma Matrix dos infernos.
A Mobius usa crianças como cobaias para gerar o STEM, porém o sistema está sendo corrompido, e com isso a agência perdeu o contato com aquele mundo, com seus agentes lá dentro e com a própria Lily. Se quiser rever sua filha, Castellanos terá que encontrá-la lá dentro… e sair de lá com vida, claro.
The Evil Within 2 é aquele tipo de jogo que tem mais uma premissa do que uma história: o protagonista é impelido a entrar em um mundo de pesadelo, e irá passar pelas mais terríveis provações lá dentro. Há uma narrativa que vai ganhando complexidade da metade para frente, mas ela não é tão memorável assim. O que importa é: explore Union City, sobreviva ao inferno e salve Lily. Aliás, isso não te lembra um certo survival horror da Konami, não?
Maior e melhor
O primeiro The Evil Within era um jogo competente em criar uma atmosfera de terror, mas pecava um pouco em seu gameplay, que era um tanto “duro”, e lembrava um bocado Resident Evil 4 — que é um ótimo jogo, mas tem mecânicas bem datadas. A boa notícia é que o pessoal da Tango Gameworks ouviu os feedbacks e deu uma baita melhorada em praticamente tudo, mantendo o que funcionava e acrescentando boas novidades.
The Evil Within 2 é um survival horror, então não ache que você pode sair bancando o Rambo e distribuindo tiros para todos os lados, pois sua munição é sempre contada. O stealth é parte fundamental da experiência, e em muitos casos vale mais a pena tentar evitar os confrontos, especialmente contra grupos grandes de inimigos.
Coisas como a besta — que continua sendo a melhor arma do jogo — voltam, bem como o submundo que fica além do espelho e os upgrades, que são administrados pela mesma enfermeira esquisitona e lhe concedem boas vantagens em diferentes aspectos de gameplay.
Uma boa novidade é que agora podemos coletar tranqueiras (pólvora, pregos, peças, fusíveis) para fabricar não apenas os dardos da besta, mas munição para qualquer arma e até mesmo plantas para criar injeções e medkits. Você pode criar itens em qualquer lugar, mas isso consome mais matéria-prima, então é recomendável que você estoque em suprimentos e espere até encontrar uma mesa de criação para manufaturar suas munições e melhorar suas armas.
Outra coisa que volta com força total são os chefes: maiores e mais variados, eles renderão batalhas muito emocionantes. Entre aberrações monstruosas gigantes e seres humanos com “super poderes” (um deles é um fotógrafo sádico com habilidades bem interessantes), Castellanos não terá sossego em sua nova jornada.
Agora com mundo aberto
Em jogos de terror tradicionais tudo é muito linear, de forma que não há muito espaço para inventividade, mas The Evil Within 2 resolve isso ao apresentar ao jogador trechos de mundo aberto, onde você é livre para explorar e coletar recursos, e pode até cumprir sidequests, que aprofundam o bizarro mundo que há no STEM e até lhe rendem armas e equipamentos melhores.
É uma abordagem corajosa — terror e medo são coisas que precisam ser direcionadas, conduzidas — mas os produtores acertaram a mão com o que fizeram aqui. Se você reparar, há pouquíssimos jogos de terror em mundo aberto, justamente porque a temática demanda que o jogador não tenha tanta liberdade assim, e o ambiente obscuro e claustrofóbico da maioria dos games do gênero é cuidadosamente construído para potencializar o “cagaço”.
Mas, mesmo em seus trechos de mundo aberto, The Evil Within 2 consegue te deixar tenso, sem saber o que vai encontrar ao virar a esquina. E há vários prédios públicos, casas, oficinas e instalações que você pode desbravar em busca de espólios e segredos. O game mantém a qualidade do micro mas capricha no macro, formando um todo coeso que funciona muito bem.
Confira abaixo um pouco de gameplay desta área open world do game:
Que fique claro: The Evil Within 2 NÃO é um jogo de mundo aberto. O que temos aqui é parecido com o que a Naughty Dog fez recentemente em Uncharted: The Lost Legacy. O jogo em si é bastante linear, mas há trechos onde temos um mapa amplo para explorar. Você pode tanto ir direto à missão principal e gastar só 20 minutos ali, como gastar horas explorando e cumprindo sidequests. A escolha é sua, e o jogo é honesto em deixar você passar batido por isso, se preferir.
Audiovisual
Usando sua engine “exclusiva” STEM Engine, o estúdio Tango Gameworks entrega um jogo muito bonito, com visual digno de um triple A, animações muito fluidas e alguns dos melhores efeitos de iluminação que vi nos últimos tempos (algo que, é bom lembrar, já era impressionante no primeiro game). Temos mais variedade de cenários — até pelos trechos em mundo aberto –, o que também enriquece a experiência.
Mais do que bonito, The Evil Within 2 está cinematográfico: o game é cheio de cutscenes muito boas, que dão um show de visual e desenvolvem a narrativa com muita competência. As expressões faciais também estão muito boas e ainda que Castellanos continue não sendo lá um cara muito carismático, ele sem dúvida deu uma boa melhorada de 2014 para cá.
The Evil Within 2 é mais um jogo da Bethesda que chega 100% localizado em nosso idioma — isso mesmo, temos dublagens e legendas em português brasileiro! A dublagem nacional é competente e conta com vozes bem conhecidas, mas eu preferi manter meu jogo com o áudio original (em inglês) só por purismo, mesmo.
Confira um trailer dublado abaixo:
A trilha sonora combina com o tema e com o teor cinematográfico do game, entregando faixas que acentuam o suspense e mantém o jogador “na ponta da cadeira”. Melhor do que isso são os efeitos, que funcionam quase como um sistema de ecolocalização: com um bom sistema de som, você vai saber exatamente onde está o perigo, podendo antecipar sua abordagem.
Conclusão
Enquanto muitas franquias se acomodam no sucesso e lançam sequências tão parecidas que poderiam ser apenas expansões (cof, cof, Destiny 2), The Evil Within 2 faz o oposto, e se reinventa quase completamente para oferecer um jogo que supera — e muito — o original, aprimorando o que já funcionava e implementando muitas novidades.
Castellanos usava um lampião no primeiro game, agora carrega uma lanterna, e isso pode ser metaforicamente comparado à evolução que tivemos de um jogo para outro. Tudo está maior, melhor, mais fluido e dinâmico, e isso tudo torna a experiência muito mais agradável.
Quando joguei o primeiro The Evil Within, eu ficava comparando-o com Resident Evil 4 em minha cabeça. Com The Evil Within 2, eu só conseguia pensar em Silent Hill, pois eles têm uma pegada bem parecida: um pai desesperado procurando sua filha em uma cidade “deserta” cheia de monstros. E Silent Hill ainda é para mim um dos melhores survival horrors de todos os tempos, então comparar The Evil Within 2 com ele é um grande elogio!
The Evil Within 2 foi lançado em 13 de outubro (sexta-feira 13, claro), com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. Se você é PC gamer, aproveite o link abaixo para garantir sua cópia por um precinho mais do que camarada com os nossos parceiros da Nuuvem!