Análise Arkade: desvendando assassinatos no surpreendente The Sexy Brutale
Um cassino chiquérrimo. Um baile de máscaras cheio de gente estranha. Assassinatos engenhosos e um clima de mistério. Isso é o que você vai encontrar em The Sexy Brutale, surpreendente novo jogo da Tequla Works, confira nossa análise!
Uma festa sangrenta
The Sexy Brutale é o nome da mansão/cassino onde se passa o game. Há um baile de máscaras acontecendo lá, e você, na pele de Lafcadio Boone, é um dos convidados. Porém, a festa logo torna-se sinistra quando, já nos primeiros minutos de jogo, presenciamos um assassinato. Vemos tudo acontecer, mas não havia o que fazer para impedir… ou havia?
No corpo desta primeira vítima, encontramos um relógio, que nos brinda com a maravilhosa habilidade de retroceder o tempo, e ela será muito útil, já que nossa missão aqui é impedir todos os engenhosos assassinatos que irão transformar o evento em um banho de sangue.
Com o relógio em mãos — e a ajuda de uma aparição um tanto sinistra –, podemos retroceder ou acelerar o tempo, mas estaremos presos em um loop, revivendo este mesmo dia de novo e de novo, na esperança de salvar a vida de todas as vítimas em potencial. Sabe aquele filme Contra o Tempo, em que o cara fica revivendo um acidente de trem na esperança de salvar uma moça? É tipo isso, com o diferencial que aqui há muito mais gente para você salvar.
The Sexy Brutale tem uma história densa e interessante, e sempre que uma vítima é salva, você acaba descobrindo um pouco mais sobre a mansão e os sinistros acontecimentos que estão rolando ali. E, um detalhe interessante é que podemos chegar a diversos finais diferentes de acordo com o rumo que as coisas tomam!
Explore. Observe. Aprenda. Repita
O gameplay de The Sexy Brutale é no estilo adventure: você é livre para explorar os cenários e interagir com itens de interesse. Porém, você jamais deve ser visto pelos outros convidados ou interagir com eles; somente depois que são salvos é que você consegue conversar com eles.
Isso dá ao jogo uma cadência quase stealth: você pode olhar através de buracos de fechadura, para se certificar que uma sala está vazia antes de entrar nela. Sua máscara lhe dá alguns segundos de vantagem para escapar caso seja visto, mas evitar o contato direto com convidados (e assassinos) sempre é a melhor opção.
Além disso, cada pessoa que você salva lhe entrega a máscara que usava, e cada uma possui alguma habilidade especial: uma delas amplia sua audição, permitindo que você ouça conversas e passos em salas adjacentes, outra lhe concede o talento gatuno de arrombar fechaduras, e há até uma que lhe deixa ver e conversar com os vários fantasmas que infestam a mansão!
Sua jornada sempre começa ao meio dia de sábado, e vai até a meia noite. Neste intervalo você precisa descobrir qual é a vítima da vez (há uma ordem pré-estabelecida), e acompanhar de perto tudo o que acontece com ela. Você tem uma indicação do horário que ela vai morrer, então esteja sempre ligado para ver onde ela vai, o que ela faz e com quem ela conversa.
Quando tiver aprendido tudo o que for possível, use seu relógio para retroceder o tempo, o que vai te levar de novo para o meio dia de sábado. Aí, basta você aproveitar o seu conhecimento “do futuro” para dar um jeito de impedir a morte da pessoa. É aí que entra o lado puzzle do game, pois muitas vezes você terá que encontrar passagens secretas, bloquear portas, levar itens de um lugar para outro, revistar peças de mobília em busca de segredos… enfim, dar um jeito para que o assassinato não se concretize.
Confira abaixo nosso gameplay do primeiro assassinato. Este é o primeiro caso do jogo, e mesmo assim tivemos que refazer a cena mais de uma vez até conseguirmos salvar o sujeito:
Há uma mansão enorme para você explorar, e cada assassinato é mais ousado e mirabolante do que o anterior, mas na prática o gameplay de The Sexy Brutale se resume a isso: explore a mansão até descobrir quem é a próxima vítima, aprenda tudo o que puder a respeito dela (retrocedendo o tempo quantas vezes for necessário para isso), e então volte no tempo mais uma vez e bote a cabeça para funcionar, achando um meio de impedir o crime.
Rotina e perseverança
Esse lance de voltar no tempo acaba sendo uma faca de dois gumes para o game. Por um lado, ele é indispensável para que você possa desvendar os crimes, por outro, torna o progresso um tanto lento, pois ficar passando várias vezes pelos mesmos lugares, ouvindo as mesmas conversas e refazendo as mesmas coisas logo se torna um pouco maçante.
Também acontece de termos puzzles e situações cujas soluções simplesmente não são tão lógicas quanto poderiam ser. Em dado momento, você precisa mostrar um medalhão em forma de caveira para 2 peixes (?!), que irão injetar um pouco de sangue nele, e isso permitirá que você acesse uma passagem secreta (?!). Alguns puzzles acabam sendo resolvidos não pela lógica, mas pelo bom e velho (e chato) método da tentativa e erro.
Ainda que pistas falsas não sejam recorrentes, como tudo na mansão acontece em extrema sincronia, você pode acabar ficando “travado” simplesmente porque está deixando passar algo, não está ouvindo a conversa que deveria, ou não está olhando pelo buraco da fechadura certa.
O jogo até te deixa apressar o tempo, mas só de 4 em 4 horas, ou seja, se o que você precisa ver está neste intervalo, o único jeito é se posicionar e esperar. Conforme você se habitua com os eventos da mansão (que rolam em loop, lembra?), você enxerga um padrão de sons e acontecimentos que podem lhe ajudar, caso você esteja atento.
Embora estas constantes voltas no tempo acabem deixando a experiência um tanto cansativa, não desanime: a história é muito boa, e a reta final do game guarda algumas reviravoltas dignas de filmes do Shyamalan! Em último caso, consulte guias de internet e walkthroughs se acabar “travando” em algum lugar, mas não deixe de ir até o final, pois ele guarda surpresas realmente impressionantes… e olha que temos mais de um final, hein!
Audiovisual
Com sua perspectiva isométrica, seus personagens cabeçudinhos e seus cenários com cara de pintura, The Sexy Brutale me lembrou muito o clássico Bastion. Claro que os jogos em si são completamente diferentes, mas esteticamente, achei que eles são um bocado semelhantes.
Se as animações deixam um pouco a desejar, os cenários por sua vez são incríveis e muito detalhados. Conforme o dia avança, podemos ver a iluminação que entra pelas janelas mudando, o que é um detalhe bem charmoso.
Considerando o carisma de vários personagens, é triste que o jogo não tenha vozes — os diálogos são apenas em texto. A trilha sonora é variada, com um ar de fanfarra cinematográfica retrô, e há até algumas músicas cantadas. Infelizmente, o jogo está 100% em inglês, então é bom que seu inglês esteja em dia caso queira jogar.
Conclusão
The Sexy Brutale é um jogo impressionante, ainda que de uma forma bem peculiar. Seu andamento é um tanto lento e repetitivo, mas a recompensa que você recebe (e com isso eu me refiro ao desenrolar da história) é realmente surpreendente, e faz todo o esforço valer a pena.
Com um gameplay simples, mas criativo, puzzles (na maioria das vezes) interessantes e uma narrativa extremamente instigante, The Sexy Brutale é recomendável para quem é fã de adventures um tanto bizarros — naquele estilo Grim Fandango –, mas especialmente para apreciadores de boas histórias!
The Sexy Brutale foi lançado em 11 de abril, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One.