Análise Arkade: as difíceis escolhas de Clem em The Walking Dead: A House Divided (Season 2 Ep. 2)
Clementine continua sua luta pela sobrevivência com A House Divided, novo episódio da 2ª temporada de The Walking Dead, cuja análise completa – e sem spoilers – você confere na sequência!
O primeiro episódio da nova temporada – cuja resenha você confere neste link – introduziu novos personagens e deixou claro que a Telltale não pretende poupar a pobre Clementine, nem física nem psicologicamente.
Porém, se você acha que já dava para saber o que vinha por aí, está enganado. Se por um lado o novo episódio segue um ritmo nem tão intenso, por outro ele coloca em xeque as frágeis estruturas construídas no primeiro episódio, lançando Clementine em uma tormenta de imprevisibilidade.
A House Divided é muito centrado em decisões que envolvem lealdade, coragem, confiança e espírito de equipe. O tempo todo você estará tomando partido, defendendo (ou acusando) alguém, impondo (ou não) seu ponto de vista e afetando a maneira como os demais sobreviventes o veem.
E se isso não é algo simples na vida real, imagine em um mundo pós-apocalíptico, onde os conceitos de moralidade, certo e errado estão totalmente distorcidos pelo iminente risco de morte.
O episódio já começa com você tendo de encarar as consequências da última decisão que tomou no episódio anterior. Sem entregar spoilers, só o que podemos adiantar é que o início é tenso, forçando o jogador a pensar rápido em diálogos e situações bem difíceis.
Feito isso, Clementine invariavelmente retorna para a casa que serve de base para seu novo grupo, e após acabar sozinha em casa com sua “melhor amiga” (ou não) Sarah, não tarda para conhecer um novo personagem misterioso e implacável, que está curioso sobre o paradeiro de seus novos amigos.
Com uma frieza digna de um adulto, Clem enfrenta o sujeito, mas fica claro que ele é mais perigoso do que aparenta, pois o grupo, alarmado com a visita, decide partir para um novo abrigo. Sem spoilar muito, é possível adiantar que esse recém-chegado é um sujeito perigoso, e vai nos render uma boa dose de problemas nos epísódios que vem aí.
Durante a viagem para um novo abrigo, Clem tem a chance de se entrosar com o grupo, e mostrar seu valor para Carlos, Nick, Luke e o resto do grupo. Rebecca, que foi bastante áspera com Clem no episódio anterior, aos poucos vai percebendo que a menina é madura e responsável.
Após o incidente na casa, fica claro que o grupo respeita Clem, e a inclui em discussões e pequenas missões de reconhecimento. Ela pode ser apenas uma garotinha, mas já mostrou que tem fibra de sobra para tomar decisões difíceis e encarar os zumbis.
Munida de um binóculo, Clementine assume a função de sentinela do grupo, fazendo o reconhecimento do terreno adiante. Ela ainda assume a função de batedora com Luke, e juntos eles vão desbravar caminhos obscuros para saber se é seguro para o grupo seguir adiante. Porém, nem todos ficam felizes ao serem deixados para trás.
Nestas suas aventuras com Luke, uma nova amizade vai se formando. Clem e ele fazem uma boa dupla quando o assunto é limpar o caminho para o grupo. Em um momento excepcionalmente inspirado, eles devem cruzar uma ponte, livrando-se dos desmortos pelo caminho. Clem não hesita na hora de meter seu martelo na cabeça da zumbizada.
Nesta mesma ponte, uma situação tensa ocorre, deixando os nervos do grupo à flor da pele uma vez mais. Aqui, a Telltale ainda consegue instaurar um notável e ambíguo senso de moralidade: afinal, até que ponto podemos julgar as ações de alguém (por mais bárbaras que sejam), quando elas foram tomadas sob pressão e para o bem da maioria?
Desde já, fique avisado que o incidente da ponte irá o repercutir de maneira dramática na reta final do episódio, e novamente você será colocado entre a cruz e a espada: contar a verdade ou mentir? Defender ou acusar? Faça sua escolha rapidamente e esteja pronto para lidar com as consequências!
Bom mas isso fica para depois. Por hora, a perspectiva de um abrigo seguro no topo das montanhas dá ânimo ao grupo, que segue em frente, apesar de abatido e cansado pelos acontecimentos e pela viagem.
Ao chegar neste novo porto seguro – que é uma espécie de hotel/estação de esqui -, uma surpresa: o retorno de um velho conhecido! Você é quem decide se este reencontro será comovente ou analítico. Na dúvida, baseie-se no que você já sabe sobre o personagem e siga seus instintos.
Embora esteja bastante mudado, este velho conhecido é uma ponte de Clem com seu passado, o que traz de volta fantasmas e emoções da primeira temporada. Mesmo vivo e em uma situação “confortável”, este personagem parece mais triste, ausente e perdido do que nunca, mas oculta isso sob uma frágil fachada de otimismo e confiança.
Clem acaba se tornando o elo de ligação entre o grupo de Carlos e o novo grupo, encabeçado pelo seu antigo companheiro. Aí entra o “House Divided” do título: invariavelmente, você terá que tomar decisões que irão definir em “qual time” você pretende jogar, sendo que um dos times é o seu novo grupo (Carlos, Luke, Nick…) e outro é o grupo capitaneado pelo personagem já conhecido que retornou.
Não demora para esta divisão acabar ficando turva, quando uma situação absurdamente tensa é desencadeada, obrigando nossa jovem protagonista a intervir pela vida de uns, seguir outros e ainda colocar a própria vida em risco.
Sem entregar spoilers, é fato que os últimos 20 minutos de A House Divided são eletrizantes, com tiroteios, emboscadas, mortes e decisões difíceis que devem ser tomadas em questão de segundos. Um detalhe interessante é que Bonnie – personagem do DLC 400 Days – deu as caras na nova temporada de maneira bem… impactante, e deve ganhar importância nos próximos episódios.
É interessante notar como a Telltale se esforça para não se acomodar: quem acompanha a série de TV deve saber que ela geralmente fica centrada em locais específicos, como a fazenda ou o presídio. Aqui não temos esse tipo de coisa, os personagens estão o tempo todo sendo forçados a levantar acampamento, abandonar suas zonas de conforto e seguir viagem.
Se existe algum lugar genuinamente seguro ou uma salvação é difícil dizer, mas é fato que essa mudança constante de ares deixa o andamento do game muito mais dinâmico. Não há tempo para descansar ou baixar a guarda, pois algo sempre nos forçará a prosseguir.
Também é notável a habilidade da Telltale em colocar o jogador em xeque por pequenas coisas: um objeto fora do lugar, uma resposta dada no tom errado, um som ambiente, a omissão em um diálogo… tudo está o tempo todo criando novas situações que afetam a maneira como Clem é vista pelos demais, sejam eles aliados ou não.
Seja lá o que for que o destino reserva para Clementine, uma coisa é certa: A House Divided conseguiu tornar a segunda temporada ainda mais tensa e imprevisível. Se por um lado o futuro ficou parcialmente claro, por outro é difícil dizer o que ele nos reserva, visto que, em se tratando de Telltale, a mesa pode virar a qualquer momento.
A House Divide foi lançado nas redes Steam, PSN, e Xbox Live no dia 4 de março. O terceiro episódio ainda não teve sua data de lançamento divulgada.
