Análise Arkade: caçando tesouros piratas no incrível Uncharted 4: A Thief’s End

9 de maio de 2016

Análise Arkade: caçando tesouros piratas no incrível Uncharted 4: A Thief's End

Uncharted 4: A Thief’s End é sem dúvida o jogo mais esperado do ano para a galera do PS4. O jogo só sai amanhã, mas a Arkade recebeu o game antes do lançamento, e já tem um review completo para você!

Os irmãos Drake

Nathan Drake está mais velho em Uncharted 4. E ele também “se aposentou” de sua vida de aventureiro, e agora vive uma vida bem mais “normal” ao lado de sua esposa — e companheira desde o primeiro game –, Elena. Porém, Drake não é o tipo de cara que consegue encarar rotina, papelada e sossego por muito tempo. Sua vida é boa e tranquila… mas entediante.

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A vida comum de Drake e Elena.

Drake sabe disso e Elena também, mas eles se esforçam para deixar seu passado de aventuras para trás e se acostumar com esta vida pacata. Tudo muda porém, quando o passado literalmente bate à porta de Nate: seu irmão Sam Drake — que teoricamente estava morto há mais de 15 anos — aparece, e precisa da ajuda de Nathan para encontrar um lendário tesouro pirata.

Dessa vez, porém, não é apenas uma aventura leviana, mas uma busca desesperada onde está em jogo nada menos que a vida de Sam, que falou demais sobre o tesouro para quem não deveria e agora está na mira de um chefão do tráfico barra pesada. Bem ou mal, é a chance que Nate precisava para sair da sua rotina e partir rumo ao desconhecido, agora ao lado de seu irmão.

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Nate bota o papo em dia com Sam.

Considerando que já tivemos 4 jogos da série — e revisitamos um pouco da vida pregressa de Nate em Uncharted 3 –, confesso que achei estranho termos um irmão perdido do Drake aparecendo só agora. Mas a Naughty Dog sabe o que faz, e na incrível sequência de abertura do game, permite que o jogador conheça Sam em diferentes momentos da vida do protagonista. Em poucos minutos, você entende a relação deles e realmente se importa com Sam.

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Os irmãos Drake quando ainda eram moleques.

Claro que nem só de Nate e Sam é feito Uncharted 4: o bom e velho Sullivan está de volta, e a relação de Drake com Elena traz uma carga extra de dramaticidade ao game. Uncharted 4 traz uma aventura incrível, mas traz também uma história extremamente humana, com motivações plausíveis e doses calculadas de drama, romance, aventura e ação.

O jogo

O gameplay em si permanece essencialmente o mesmo: você ainda vai escalar (muito), seja em penhascos, cavernas ou catedrais. Você ainda vai trocar tiros com muitos inimigos em um sistema cover based com uma boa variedade de armas (e você ainda só pode carregar 2 armas de cada vez). Você ainda vai se meter em perseguições e emboscadas, seja no meio da selva ou da cidade. E claro, ainda temos ótimos trechos de stealth e infiltração, e você pode usar a vegetação alta para não ser visto pelos inimigos.

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Assassin’s Creed é você?

Porém, ao mesmo tempo que o gameplay permanece familiar para quem já acompanha Drake desde a geração, o jogo em si continua surpreendendo e se reinventando ao apresentar toda uma nova gama de lugares e acontecimentos: Uncharted 4 vai te levar para ilhas paradisíacas no meio do Oceano Índico, mansões na Itália, fortalezas na Escócia, vastas savanas em Madagascar e muito mais.

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Madagascar é um dos cenários mais incríveis do jogo.

Claro que há espaço para novidades: Drake agora possui um grappling hook, que lhe permite fazer rappel, escalar, se dependurar, etc. Fora isso, temos ainda breves momentos subaquáticos, e em Madagascar você vai pilotar um jipe 4×4 equipado com guincho frontal que vai se tornar um grande aliado na exploração.

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O trabalho em equipe também se faz mais presente, e os personagens podem interagir e dar golpes combinados que são bem legais. Nate deve ter tido umas aulas de “briga de rua” com o Joel — protagonista de The Last of Us –, pois agora possui muitos movimentos novos e contra-ataques bem interessantes.

Por fim, temos uma novidade (muito utilizada) que é a escorregada: Drake pode deslizar por ladeiras de lama ou cascalho, e você tem algum controle sobre ele para guiar a descida. Só fique ligado que geralmente essas ladeiras acabam em precipícios, então esteja pronto para saltar ou usar seu gancho para não morrer!

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Uma grande aventura cinematográfica

Não é de hoje que a Naughty Dog mostra que sabe contar histórias, e Uncharted 4 disputa com The Last of Us o prêmio de roteiro mais envolvente e cinematográfico da produtora. A história segue um ritmo alucinante e vai te levando para diferentes lugares o tempo todo, mas tudo é tão bem amarradinho que você simplesmente não consegue parar de jogar.

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O timing narrativo da trama é incrível: segura de si, a Naughty Dog começa o jogo em ritmo acelerado, aí dá um salto temporal para te mostrar o passado, então vai ao futuro para nos mostrar a vida tediosa de Drake já casado. E você realmente se sente parte disso, pois pode explorar a casa, rever lembranças de aventuras passadas, jantar com Elena, e pode até jogar videogame na casa deles em um dos melhores easter eggs dos últimos tempos!

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Adivinha o que o Drake está jogando? 🙂

Depois que Sam aparece, porém, o roteiro engrena em um crescendo explosivo de atividades e emoções: você vai fugir da prisão, invadir mansões luxuosas, desbravar catacumbas piratas perdidas no meio da selva, se meter em tiroteios no meio de uma feira livre, realizar  saltos insanos de jipe, perseguir um comboio fortemente armado, encontrar elaborados mecanismos e puzzles esquecidos em fortalezas em ruínas… tudo isso em questão de horas, em um roteiro coeso, intenso e bem amarrado.

O jogo tem uma cadência tão bem construída que mesmo quem não é gamer acaba se divertindo simplesmente assistindo outra pessoa jogar: minha namorada acompanhou as primeiras horas de gameplay ao meu lado, e estava realmente interessada na trama, acompanhando os dilemas dos personagens e rindo das boas tiradas do Drake.

Uncharted 4 é como um bom filme de Sessão da Tarde: tem ação, aventura, romance, drama, suspense… tudo em uma campanha incrível, que vai lhe render mais de 15 horas de jogatina.

Audiovisual

Uncharted 4 é sem dúvida o exclusivo para console mais bonito desta geração. A série sempre foi referência neste aspecto, mas a Naughty Dog conseguiu se superar e alcançar um patamar de qualidade que deve demorar um tempo para ser superado. Os cenários, as animações e expressões faciais, as dublagens (originais), a trilha sonora, tudo é praticamente impecável.

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As expressões faciais e a sincronia labial são excelentes.

Mais do que isso, o level design do game é uma aula para desenvolvedores de games: há algumas áreas bem grandes, mas é muito raro você ficar “perdido”. Sempre é possível saber para onde deve ir ou o que deve fazer graças ao uso inteligente do cenário, que te dá pistas o tempo todo sem nunca esfregar uma seta ou um GPS na sua cara. Você pode se guiar simplesmente tendo um rastro de fumaça ou um tipo de formação rochosa de formato peculiar como referência. Mesmo as beiradas, tábuas e parapeitos por onde Nate pode escalar estão incorporadas ao cenário de forma sutil, mas ainda clara.

https://youtu.be/QvcpvtogtT8

Este capricho está presente em cada detalhe do game: pássaros voam assustados quando você chega a um lugar alto. Pequenos macacos e esquilos se escondem pela mata enquanto você passa. Os personagens limpam a roupa depois de deslizarem pela sujeira. As famosas  “marcas de pizza” de suor aparecem debaixo do braço conforme eles se esforçam. Drake tem uns pelos grisalhos na barba, e ele se apoia em paredes e espanta mosquitos como uma pessoa real faria.

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Olha a pizza no sovaco do Sully! :v

Isso para não falar dos cenários: das planícies de Madagascar às águas espumantes do mar, o game oferece verdadeiros cartões postais como cenários, e sempre consegue deixar o jogador admirado. Cada pedra, árvore ou estátua do jogo parece ter sido feita com carinho, e o ótimo trabalho de iluminação deixa tudo ainda mais incrível.

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Parece artwork, mas é screenshot.

Aos amantes de screenshots, fica a dica: o primeiro patch de atualização do game (que já está disponível) já traz um Photo Mode incrível, para que você possa qualquer momento de gameplay e fazer “aquela” screenshot épica mexendo no posicionamento da câmera, na profundidade de campo e acrescentando filtros de imagem como quiser.

Confira alguns dos meus cliques:

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A campanha roda em 1080p a 30fps, mas oferece uma fluidez incrível. Mesmo durante as perseguições mais insanas, o game vai continuar surrealmente belo, e vai rodar sem nenhuma queda de framerate perceptível. E olha que perseguições não faltam nesse game, e é uma mais alucinada que a outra:

Ah e como já é padrão na série, rola apenas um load time (bem rápido) logo que você começa a jogar; depois a aventura flui sem loadings.

Multiplayer

Se as mais de 15 horas de campanha são pouco para você, fique tranquilo, pois temos ainda um multiplayer totalmente repaginado que vai te manter jogando mesmo após a conclusão da história principal. O multiplayer de Uncharted 4 inova ao trazer uma pitada de sobrenatural (e de absurdo) às partidas.

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Os modos de jogo são bem manjados (Ranked, Team Deathmatch e variações de Capture the Flag e King of the Hill), mas você pode usar artefatos místicos (já vistos na franquia) para virar o jogo: o sarcófago de El Dorado (visto no primeiro game), por exemplo, libera espíritos que perseguem e causam dano a todos os inimigos, enquanto a magia dos Djinn (de Uncharted 2) lhe concede uma habilidade temporária de teletransporte. Até mesmo artefatos vistos somente em livros e HQs dão um tempero extra ao game.

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Além disso, você ainda pode summonar aliados controlados pela inteligência artificial para ajudar o seu time. Você pode, por exemplo, chamar um Tank de armadura e equipado com uma minigun para te defender, ou um Medic para reviver ou curar aliados caídos. Até um Sniper você pode chamar, e ele vai ficar “camperando” o time adversário à distância para você.

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Como recebemos o game meio em cima da hora (e antes do lançamento os servers estão meio vazios), confesso que ainda não me aprofundei no multiplayer como ele merece, mas já ficou claro que ele está bem diferente do que estamos acostumados. A Naughty Dog promete amplo suporte ao jogo — com novos mapas, skins de personagens, modos de jogo e outros conteúdos –, então vale a pena ficar de olho. Ah, e aqui a jogatina rola em 60fps, o que deixa tudo mais fluido e suave.

Conclusão

Sabe quando você vai ao cinema já sabendo que o filme vai ser bom? Pois é, Uncharted 4 é tipo isso. Já estamos jogando a série há quase 10 anos, então a gente meio que já sabe o que o jogo vai nos oferecer. Ele se mantém confortável dentro de suas convenções, mas ainda consegue nos surpreender e nos cativar, e entrega um desfecho mais do que digno para a carreira de um dos personagens mais interessantes que conhecemos na última década.

Acho até que é desnecessário dizer isso, mas vamos lá: Uncharted 4: A Thief’s End é “o jogo” indispensável para quem tem Playstation 4. Como de praxe, ele oferece um pacote completo de ação, diversão e aventura, visual incrível e narrativa acima da média. Se você tem um PS4, precisa ter este jogo na sua estante.

Uncharted 4: A Thief’s End será lançado oficialmente amanhã (dia 10 de maio). O game é exclusivo para Playstation 4, e chega ao Brasil 100% em português (dublagens, menus e legendas).

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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