Análise Arkade: Willy’s Wonderland, um beat ‘em up brasileiro básico (até demais)

5 de julho de 2024
Análise Arkade: Willy's Wonderland, um beat 'em up brasileiro básico (até demais)

Em 2021, nosso querido Nicolas Cage protagonizou um filme independente deveras curioso: Willy’s Wonderland, onde ele sai na mão com um bando de bonecos animatrônicos sinistros — em uma vibe meio Five Night’s at Freedy.

Curiosamente, um estúdio brasileiro — Mito Games, em parceria com a publisher QUByte Interactive — lançou um jogo beat ‘em up 2.5D para smartphones inspirado neste filme nem tão conhecido. Agora em 2024, o game chega aos PCs e consoles. E aí, vamos ver qual é?

Direto para a pancadaria

Nem vou me dar ao trabalho de falar sobre a história do game porque ela nem existe. No início, vemos 5 ou 6 telas estáticas que mostram o protagonista chegando de carro ao parque onde se passa o jogo, e é isso. Na sequência, já estamos saindo na mão com os bonecos.

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Esse é o visual da “cutscene” inicial

Temos dois personagens para escolher — um cara, The Janitor (que não tem o visual do Nicolas Cage), e uma garota, Liv — mas a escolha é essencialmente estética. O gameplay de ambos é exatamente o mesmo, incluindo combos e golpes especiais.

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Os dois protagonistas

Willy’s Wonderland é um jogo bem curto. São cerca de 8 fases, geralmente divididas em 2 partes, com um chefão no final. Eu fui do início ao fim em cerca de 40 minutos, e isso já me deu 80% dos troféus. Se eu quiser uma platina fácil, só preciso terminar o jogo novamente com a outra personagem — talvez jogando em coop isso seja automático.

Básico até demais

Embora o gênero beat ‘em up não seja particularmente complexo, é fato que ele evoluiu com o tempo e está sempre se reinventando. Não por acaso, vimos um revival do gênero nos últimos anos, com o retorno de Streets of Rage, Tartarugas Ninja e Double Dragon.

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O lance é que Willy’s Wonderland meio que ignora qualquer traço de evolução. Talvez por ser originalmente um game mobile, suas mecânicas são super básicas e sem criatividade. Os combos são simplórios, os golpes especiais são os mesmos para ambos os personagens selecionáveis, a variação de inimigos é super pequena… a lista de “poréms” é grade.

Considerando a simplicidade inerente a um beat ‘em up, ficou faltando um temperinho extra para dar uma apimentada nas coisas. Por exemplo, pegar armas dos inimigos para usar, um botão de agarrão, ou algo do tipo.

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A verdade é que, ao final da (curta) campanha, tendo passado por todas as fases com ranking S e sem ter perdido todas as 3 vidas nenhuma vez, Willy’s Wonderland meio que não deixou impressão nenhuma, saca? Não me impactou de forma nenhuma. Foi tão simples e genérico que nem rolou aquela dose de dopamina pós conclusão. Só senti que eu poderia ter feito qualquer outra coisa melhor nos 30-40 minutos que dediquei ao jogo.

Audiovisual

Este é mais um ponto em que Willy’s Wonderland não se destaca — mas né, não vamos ser muito exigentes aqui, pois estamos falando de um jogo indie brasileiro. Os modelos de personagens são simples, as animações são meio “toscas” e, como já dito, há muita repetição de inimigos genéricos.

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Sem contar que o próprio visual dos inimigos é bizarro…

Os cenários até tentam ter alguma variedade, mas também não se destacam em nada, sendo um apanhado de áreas genéricas e sem qualquer atrativo. A trilha sonora é um heavy metal instrumental que — adivinha só — é genérico ao extremo.

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O jogo não tem falas e quase nem tem texto. Ironicamente, mesmo sendo um jogo brasileiro, ele não possui localização para o nosso idioma, e seus menus e legendas estão apenas em inglês.

Conclusão

Willy’s Wonderland é um jogo simplesmente sem graça. Um beat ‘em up fraco, feio e sem criatividade, que chega justamente em uma época em que o gênero recebeu diversos jogos muito mais interessantes.

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O golpe especial de ambos os personagens é girar feito um tornado

Para não dizer que não falei nada de bom sobre o jogo, aí vão 3 pontos positivos:

  1. é um jogo barato (R$ 15 no PC e menos de R$ 30 nos consoles)
  2. é um jogo curto, não toma muito do seu tempo
  3. é uma platina super fácil, caso você se importe com isso

Se estes pontos positivos te atraem, vai fundo. De resto, sem dúvida existem muitos beat ‘em ups melhores no mercado — e a própria QUByte Interactive é responsável por um deles.

Willy’s Wonderland está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada), Playstation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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