Análise Arkade: a divertida nostalgia de DuckTales Remastered (PC, PS3, X360, Wii U)
Hora da nostalgia, caro leitor: esta semana a Capcom lançou DuckTales Remastered, remake caprichado de um game que marcou a infância de muita gente. Na sequência, você confere nossa análise completa do game!
Originalmente lançado para o Nintendinho em 1989, DuckTales fez muito sucesso por acompanhar o desenho animado homônimo, que também ficou muito famoso aqui no Brasil.
Quem foi criança no final dos anos 80/início dos anos 90 certamente assistiu DuckTales – Os Caçadores de Aventura na TV. A trilha de abertura da animação já é o suficiente para nos fazer embarcar em um “furacão” de nostalgia:
Pois bem, dito isso, é fato que o hype em torno deste remake estava concentrado na galera “das antigas”, afinal a criançada de hoje em dia provavelmente não assistiu ao desenho, muito menos jogou o game original.
A boa notícia aos gamers saudosistas é que este DuckTales Remastered é bem fiel ao jogo original. A má notícia é que esta fidelidade é uma faca de dois gumes, visto que de 1989 pra cá o mundo dos games evoluiu “só um pouquinho”.
Bom, mas antes de falarmos das qualidades e defeitos do game, vamos à sinopse, que é bem simples: após conter uma invasão dos temíveis Irmãos Metralha à sua Caixa Forte, Tio Patinhas encontra um mapa, que revela coordenadas onde estão escondidos grandes tesouros.
Para encontrar estes tesouros, Tio Patinhas e seus sobrinhos irão visitar diversos lugares exóticos, indo da selva amazônica até os picos gelados do Himalaia, passando por castelos mal assombrados na Transilvânia e indo parar até mesmo na Lua!
Quem jogou o game original certamente se lembra bem de cada um destes momentos: como já dito, o novo game é muito respeitoso ao título original, recriando com uma fidelidade enorme os ambientes, inimigos e desafios de cada fase.
A jogabilidade também continua basicamente a mesma. Você lembra do controller do Ninendinho? Ele tinha basicamente dois botões e um direcional. E isso é tudo que você vai precisar para jogar DuckTales Remastered: mesmo com anos de evolução nos controllers e o acréscimo de muitos botões e alavancas, o jogo utiliza apenas o direcional e dois botões.
Com um botão, Tio Patinhas pula. Com o outro, ele pode “quicar” com sua bengala como se ela fosse um pula-pula. Estando no chão, este mesmo botão permite que o Tio Patinhas dê uma bengalada em baús, pedras e barreiras em geral. E essa é toda a jogabilidade do game. Bem simples, hein?
Embora não seja necessariamente um ponto negativo, esta simplicidade acaba fazendo o game parecer um pouco datado. Nos últimos anos, o gênero plataforma 2D vem evoluindo muito, basta vermos jogos como Rayman Origins, Super Meat Boy e New Super Mario Bros.
É louvável que a Way Forward tenha sido tão fiel ao material original, porém, um pouquinho mais de ousadia e criatividade (mais ou menos como a Sega parece estar fazendo com o remake de Castle of Illusion) certamente tornariam o game mais aprazível e variado.
Para contrastar com esta simplicidade, o visual do game passou por um upgrade completo: DuckTales Remastered é praticamente um desenho animado interativo. Os cenários têm a maior cara de pintura 2.5D, e os personagens são idênticos ao que víamos no desenho animado, desenhados à mão com uma riqueza de detalhes incrível e muito bem animados. Quem curtiu o desenho animado vai pirar ao ver Tio Patinhas, Capitão Boing, Huguinho, Zezinho, Luizinho, Maga Patalógica e tantos outros personagens.
Para aumentar mais a nostalgia, temos uma trilha sonora incrível, que nos apresenta os ótimos temas do game original em uma nova roupagem, que não é nem retrô demais nem muito moderna, e cai como uma luva na releitura proposta pelo game.
Confira abaixo a excelente nova versão do clássico Moon Theme:
Com esta repaginada audiovisual, chega a primeira novidade: as fases estão relativamente maiores, e agora contam com múltiplos objetivos. Não basta ir do ponto A ao ponto B, você deve coletar alguns itens para só então o ponto B poder ser acessado. Moedas, partes de um traje espacial, restos de um pergaminho místico, peças de uma traquitana qualquer, você sempre terá que coletar alguma coisa no decorrer da fase antes de poder terminá-la.
Fases mais longas representam uma dificuldade extra. Embora este remake esteja essencialmente mais fácil que o game original, o tamanho das fases acaba aumentando consideravelmente o desafio. Sempre começamos as fases com 3 vidas. Se você enfrentar a fase toda, mas acabar perdendo sua última vida no chefão, sinto muito: terá que começar TODA a fase novamente e coletar todos os seus itens de novo.
Bom, mas estamos falando de um remake de Nintendinho, época onde os jogos eram genuinamente difíceis, não havia checkpoints, saves automáticos ou energia que se recupera sozinha. Verdade seja dita, apesar de ter a maior cara de “jogo para crianças”, é bem provável que DuckTales Remastered assuste a molecada de hoje em dia, mal acostumada com as regalias supracitadas.
Mesmo para gamers mais experientes, repetir a fase por conta de um errinho bobo na reta final pode acabar sendo meio frustrante. A única maneira de angariar mais vidas é encontrando a Madame Patilda, governanta do Tio Patinhas. Ela aparece uma vez em cada fase (geralmente em um lugar mais ou menos escondido) para lhe dar conselhos, itens de energia e uma vida extra.
Além disso, o dinheiro que você acumula enquanto progride pode ser gasto na aquisição de artworks, trilha sonora, modelos de personagens, mini-documentários e outros mimos que o jogador retrô fã de DuckTales certamente vai adorar.
Um fato curioso é o empenho da produtora Way Forward para “tapar os buracos” do game original, que praticamente não tinha diálogos. Aqui, temos muitas conversas antes e durante as fases, para explicar ao jogador onde ele está indo, o que está buscando e como vai chegar lá.
Algumas dessas explicações são tão mirabolantes que beiram o absurdo. Por exemplo: Tio Patinhas pode respirar sem traje espacial na Lua porque o Professor Pardal inventou as revolucionárias “pastilhas de oxigênio mastigável” (com sabor de caramelo!). Tio Patinhas pode carregar itens enormes sem que eles fiquem visíveis graças aos “bolsos hiperespaciais”. Em um jogo onde patos falantes viajam à Lua em busca de tesouros de Queijo Verde (?!), essa busca por explicações “lógicas” é no mínimo inusitada.
No fim das contas, DuckTales Remastered é praticamente o mesmo jogo de 1989, com uma cara nova e algumas poucas novidades. Na prática, é um game que vale muito mais pelo fator nostalgia do que pelo jogo em si.
Se você busca um bom jogo de plataforma 2D, certamente existem melhores opções por aí. Mas se você é um fã do Tio Patinhas e cia., e quer relembrar um pouco da sua infância na companhia destes personagens marcantes, este remake sem dúvida foi feito para você!