Análise Arkade – Os mistérios e novidades do remake de Castle of Illusion (PC, PS3, X360, Wii U)
Depois do sucesso da remasterização do clássico DuckTales, agora é a vez da Sega entregar o remake do clássico Castle of Illusion: Starring Mickey Mouse ao mundo! Confira nossa análise completa na sequência!
O game Castle of Illusion original foi lançado no ano de 1990 para o saudoso Mega Drive. E, assim como DuckTales, ele foi um enorme sucesso entre os jogadores do início da década de 90 graças ao apelo de seus personagens e à qualidade do jogo em si. Posteriormente, o game até ganhou duas sequências, onde a “ilusão” era o tema principal.
Mas diferente do DuckTales Remastered da Capcom, que é extremamente fiel ao jogo original, aqui temos um remake completo de Castle of Illusion, com novas ideias, algumas novas mecânicas de jogo e um belíssimo visual que mistura 2.5D com 3D de maneira muito competente. É uma abordagem moderna para um jogo antigo, digamos assim.
Antes de iniciar a análise, há um detalhe a ser mencionado: na PSN, o game recebeu uma pré-venda especial que garantiu alguns bônus aos jogadores, tais como imagens de avatar, um tema dinâmico para o menu principal do console, e (o melhor) o game Castle of Illusion original de Mega Drive! Isso facilitou bastante as comparações entre os jogos que você verá no decorrer do texto.
Para começar, vamos a um breve resumo do enredo do remake, que é exatamente o mesmo do game original: num belo dia ensolarado Mickey e sua namorada Minnie estavam curtindo um romântico piquenique no campo. Porém, a malvada bruxa Mizrabel sequestra Minnie, planejando roubar a beleza e a juventude da jovem para si. Para resgatar sua amada, Mickey terá que enfrentar os perigos do Castelo da Ilusão, o esconderijo de Mizrabel, onde ele deverá coletar 7 gemas mágicas que o ajudarão a salvar Minnie.
Para coletar estas pedras preciosas, Mickey deverá passar por todas as salas mágicas do castelo, que o levam a lugares bastante inusitados. No game, o castelo é explorado tridimensionalmente, com salões onde cada fase pode ser acessada por três portas. Cada porta representa um ato da fase, sendo a última sala a batalha contra um chefe. Esse formato condiz com o game original, onde as fases eram dividas em 2 trechos “comuns” e o último com o chefe.
Essa aventura do Mickey é narrada por um divertido e empolgado narrador, que conta detalhes sobre as fases, comenta algumas coisas que acontecem com o protagonista, fala sobre os inimigos e vez ou outra até conta uma piadinha, que é até engraçada no contexto do game.
Em termos de jogabilidade, o game se mantém consideravelmente fiel ao original. Mickey pode pular, se agachar e coletar itens (como pedras e frutas) para jogar nos inimigos. O ato de eliminar os inimigos pulando na cabeça deles foi facilitado: no game original era preciso pressionar novamente o botão de pulo para o Mickey “quicar” com traseiro (sem trocadilhos) nos inimigos. Agora, basta um pulo simples para Mickey amassar seus inimigos, conseguindo impulso para saltos ainda mais altos.
Falando em pulos, no início é um pouco difícil controlar o pouso do Mickey: tal como no game original, ele possui um certo movimento “escorregadio”, uma pequena derrapada. Isso significa que quando você para de andar, Mickey escorrega (“alguns milímetros”) para frente. Porém, ao aterrissar, este deslizamento é maior, ou seja, é preciso atenção aos saltos até pegar a manha, para não acabar caindo num abismo e perdendo preciosas vidas!
E já que falamos em vidas, vale ressaltar que o remake de Castle of Ilusion está um pouquinho mais difícil que o original em sua progressão pelas fases. Alguns inimigos possuem uma movimentação mais inconstante, exigindo certa perícia para serem derrotados ou evitados, como as odiosas letras A saltitantes que encontramos na fase da biblioteca. Além disso, o design dos mapas está bem diferente, com rotas secundárias e “sub-fases” escondidas.
Apesar da dificuldade um pouco elevada, o novo Castle of Illusion ainda é um jogo tranquilo, pois dá inúmeras colheres de chá ao jogador. Assim como no original, Mickey possui 5 estrelas de energia. Se ele perde todas as 5 estrelas, perde uma vida e se perder todas as vidas é “Game Over“. Porém, ao contrário de DuckTales, vidas não faltam nesse jogo! O game é generoso na distribuição de vidas, e sempre há uma delas dando sopa já no saguão do castelo, que sempre reaparece no mesmo lugar.
As fases do game são as mesmas do original mas ao mesmo tempo são totalmente diferentes. “Como assim?”. A gente explica! Os locais por onde Mickey passa são os mesmas do game original: temos a floresta mágica, a caixa de brinquedos, a biblioteca, as ruínas antigas e a torre do relógio. Porém todas essas fases foram reconstruídas e aprofundadas, o que possibilita uma das interessantes novidades do game: a mistura de jogabilidade 2.5D e 3D.
Da clássica cena da pedra enorme (no caso, uma maçã) rolando com câmera frontal até momentos que demandam muita precisão nos saltos – como na fase dos doces, onde Mickey pode se movimentar livremente por uma grande parte tridimensional do cenário, saltando em plataformas formadas por biscoitos que boiam em um enorme rio de milk shake – esta variação sem dúvida foi um ótimo acréscimo, pois deixa a jogabilidade mais variada e surpreende até mesmo quem decorou o game original.
Os chefes também receberam um belo upgrade: todos eles foram remodelados e ganharam um visual mais moderno e detalhado, o que lhes concede muito mais personalidade. Embora sigam o manjado esquema de “decore o padrão de ataques e espere uma chance para atacar”, estas batalhas são divertidas, e também possuem suas novidades.
Por exemplo, algumas das batalhas misturam partes em 2.5D e 3D, variando entre uma e outra durante os ataques dos inimigos. Isso torna as batalhas mais interessantes e dinâmicas, provando que, quando bem utilizada, esta mudança de jogabilidade pode render uma ótima experiência.
O pessoal do GamesRadar fez um comparativo entre o jogo de ontem com o de hoje, e ilustra bem algumas das novidades do game, bem como sua riqueza visual. Confira o vídeo neste link.
O visual do game como um todo está muito bonito, desde os cenários até os inimigos, passando é claro pelo próprio Mickey, mais simpático do que nunca. Os ambientes do game passam uma sensação de vida, com elementos ou personagens interagindo e se movendo em todos os cantos.
Ao contrário do remake de DuckTales que é todo 2D e parece um desenho animado, aqui temos personagens e ambientes totalmente modelados em 3D. A modelagem é muito competente, e mesmo a mistura de 2.5D com três dimensões não descaracteriza o jogo, que é vibrante e colorido.
A iluminação também é muito caprichada, bem como a movimentação dos personagens, que possuem animações divertidas e bem executadas. Os inimigos possuem padrões de movimentação bem distintos e Mickey se comporta bem tanto em progressão lateral quanto em um ambiente tridimensional.
Na maior parte do tempo, o game mantém a progressão 2.5D com cenários que podem mudar de ângulo enquanto se progride. Na fase dos brinquedos por exemplo, embora Mickey ande basicamente para a esquerda e para a direita, o cenário faz curvas e a câmera se move para valorizar a profundidade de campo e os muitos detalhes do enorme quarto onde rola a fase.
Uma novidade é que algumas fases também possuem áreas secretas. Semelhante às xícaras de chá do game original (que também estão presentes aqui), agora existem trechos fora do caminho que podem ser explorados. Com estas novas áreas, chega uma nova variedade (e quantidade) de colecionáveis esperando para serem encontrados.
Temos 4 tipos de colecionáveis no game: os diamantes – que no game original serviam basicamente para aumentar a pontuação do jogador – agora são usados para abrir novas fases e destravar artworks. Aliás, essas artworks são exibidas de forma bem interessante; espalhadas pelo castelo na forma de belos quadros presos nas paredes.
Além dos diamantes, temos as cartas mágicas, que ao serem coletadas liberam roupas extras para Mickey, e também os troféus: exitem 2 deles em cada estágio, um de bronze, outro de prata. Ao coletá-los (e após derrotar o chefe de cada fase), uma enorme estátua de ouro do chefe aparece no hall do castelo, permitindo que o jogador visualize uma pequena biografia de cada um.
Por fim, temos as pimentas do Pato Donald. Ele não aparece durante o game, mas é mencionado pelo narrador em alguns trechos, relembrando conversas que ele e Mickey tiveram. Coletar todos as pimentas rende um troféu/conquista para o jogador. Curiosamente, o título deste troféu das pimentas é Quackshot. Seria esta uma dica da Sega para um possível remake da aventura do Pato Donald ao redor do mundo?!
Para quem quer ir fundo no game, existe um modo Time Attack que é habilitado sempre que uma fase é finalizada, permitindo que o jogador revisite cada estágio em uma corrida contra o tempo. Os resultados do Time Attack ficam registrados na rede do jogador, com um ranking mundial para comparar os melhores tempos, o que pode aumentar vida útil do game e manter jogadores mais competitivos entretidos.
No departamento sonoro, o game apresenta boas músicas para compor ritmo ao game. A maioria das canções mantém a essência das músicas originais – como a música tema da primeira fase o famoso tema da biblioteca – mas temos também composições totalmente novas. Os saudosistas têm a opção de curtir o remake com a trilha antiga, se preferirem.
Nestes 23 anos que separam o game original do remake, o mundo dos games evoluiu consideravelmente e, com isso, vieram as vozes. Além do empolgado narrador já mencionado, Mickey, Minnie e Mizrabel conversam (durante as cutscenes) com vozes idênticas às dos desenhos animados. Faz falta uma dublagem em português, mas as dublagens gringas são extremamente competentes.
As cutscenes mencionadas acima são basicamente cenas estáticas que evoluem a trama do game. O visual destas cenas é bacana, e a sonoplastia e as dublagens criam o clima, deixando a coisa com mais cara de desenho animado.
Como já dito, quem garantiu o game na pré-venda da PSN ganhou como bônus o Castle of Illusion original do Mega Drive. O clássico também recebeu algumas melhorias: agora é possível configurar os controles de acordo com a preferência do jogador, e temos um bem-vindo recurso de Save State. Com isso, acaba-se o pesadelo da geração 16-bits, sendo possível salvar o game a qualquer momento para retomá-lo mais tarde.
No fim das contas, o novo Castle of Illusion é um game bem divertido, oferecendo doses igualmente satisfatórias de nostalgia e inovação. O game é um pouco curto (pode-se terminá-lo em menos de 3 horas), mas isso é herança da geração 16-bits (o game original era ainda mais curto) e, no geral, o tempo que você passará desbravando o castelo será bem prazeroso.
Castle of Illusion entra para a galeria de bons remakes, ainda que seja mais ousado que outros lançamentos do gênero, como DuckTales ou Flashback. A Sega tratou o material original com muito respeito, mas não teve medo de inovar e (felizmente) as novidades acrescentadas são, em sua maioria, satisfatórias.
A curta duração do game (se comparada com os games atuais) incomoda um pouco, mas não compromete o resultado final, que tem tudo para agradar aos saudosistas. Talvez a aparente simplicidade do game não agrade a molecada de hoje em dia (que já nasce distribuindo headshots em jogos de FPS), mas os gamers da velha-guarda sem dúvida irão se divertir!
Castle of Illusion foi lançado no dia 3 de setembro, e está disponível nas redes PSN, Xbox Live e Steam. O game ainda deve chegar ao Wii U nos próximos meses.
* O editor Rodrigo Pscheidt contribuiu com alguns pitacos e opiniões.