Cinema: confira nossa resenha do filme Fúria de Titãs 2
Fúria de Titãs 2 está chegando aos nossos cinemas, cercado de expectativas, algumas boas, muitas ruins. O primeiro filme deixou um imagem um pouco negativa mas, se acalme: Fúria de Titãs 2 é melhor do que o primeiro filme. Porém, considerando que o patamar do primeiro filme não foi lá muito alto, não vá ao cinema esperando um God of War em live action.
A trama do novo filme se passa 10 anos após o primeiro. Após derrotar o Kraken e negar a oferta e viver entre os deuses, Perseu (Sam Worthington) tentou levar uma vida simples de pescador com seu seu filho, Hélio. Mas, como ele é um semideus, não pode ficar escondido para sempre.
A fé da humanidade nos deuses começa a vacilar, e com isso, as criaturas do submundo se fortalecem. Uma destas criaturas é ninguém menos que o Titã Chronos, o pai dos deuses, que está preso no Tártaro.
Para piorar, o Deus do submundo, Hades (sim, ele voltou), une forças com o Deus da guerra (não, não o Kratos), Ares (Edgar Ramirez), que também é filho de Zeus (Liam Neeson), para dar cabo do Zeus e liberar Chronos de sua prisão.
Com isso, o pescador Perseu precisa voltar a ação bem rapidamente, tanto para proteger seu filho, quanto para salvar a humanidade (de novo). Assim, ele monta no seu Pégaso, pega sua espada (que nem mais é aquela do primeiro filme)e volta para a ativa, disposto a chutar mais alguns traseiros mitológicos.
Poucos personagens voltam do primeiro filme, mas muitos novos rostos são apresentados. O principal deles é Agenor (Toby Kebell), o filho de Poseidon, que também é um semideus, e deve ajudar Perseu em sua missão. Na verdade ele serve mais como alívio cômico do que qualquer outra coisa, pois não faz muita coisa além de soltar uma piadinha aqui, outra ali.
Bizarramente, Io, a guia (e interesse romântico) de Perseu que é ressuscitada por Zeus ao final do primeiro filme, já começa o novo filme morta e enterrada. Tipo, por que ressuscitaram ela aos 45 do segundo tempo, só para trazê-la de volta já morta? Talvez a atriz (a bela Gemma Arteton) não tenha assinado contrato para uma sequência, ou algo do tipo, mas isso realmente foi bem estranho.
Com isso, o coração de Perseu está livre para a Princesa (agora Rainha) Andrômeda (Rosamund Pike, que entra no lugar da bela Alexa Davalos) personagem com quem ele já poderia ter ficado desde o primeiro filme… e acaba não… ahem, vamos evitar spoilers, pois isso já é uma outra história!
Como no primeiro filme Perseu já deu cabo da Medusa, do Kraken e de alguns escorpiões gigantes, o novo filme conta com outras criaturas mitológicas: desta vez temos quimeras, ciclopes, minotauros e os makhai, bizarros guerreiros enormes que parecem gêmeos siameses, com duas pernas, dois troncos, duas cabeças e quatro braços. Isso para não mencionar o Deus da guerra (não, não o Kratos) Ares e o todo poderoso Chronos, é claro!
Uma das escorregadas do primeiro filme foram as batalhas, que deveriam ser épicas, mas acabaram sendo resolvidas da maneira mais rápida possível, quebrando totalmente o clima. Desta vez as coisas são mais interessantes, com batalhas mais longas (e consequentemente) mais épicas.
Ainda assim, não vá ao cinema esperando um God of War live action: Perseu não é macho o bastante para arrancar olhos de ciclopes na unha, tampouco para derrubar Chronos na porrada.
Ele faz tudo com a ajuda de seus amigos, de suas armas divinas, ou utilizando artimanhas para derrubar os inimigos. A briga que é realmente resolvida no muque é a primeira, contra uma quimera, e ela é um dos melhores momentos do filme!
O criticado 3D do primeiro filme deu uma melhorada, mas ainda está longe de ser como um Avatar, por exemplo. A cabine do filme foi em Imax, mas mesmo assim, poucos foram os momentos em que o 3D realmente fez a diferença. Se quiser economizar, vá de sala 2D que você não vai perder grande coisa.
Entre uma cena de ação e outra, temos muitos clichês: o sujeito que quer ser o pai exemplar (Perseu), o pai que busca se reconciliar com o filho (Zeus), o vilão que vê seu plano dar errado e passa a ajudar os mocinhos (Hades), a mulher forte e guerreira que esconde um lado meigo e solitário (Andrômeda)… até o final cai em um clichê! Como no primeiro filme, fica aquela impressão de que a história serve basicamente para ligar os momentos de pancadaria mitológica.
Os efeitos especiais continuam muito bons, especialmente o Titã Chronos, que levanta-se mais alto que uma montanha e varre vilarejos inteiros com uma mãozada, enquanto derruba pedras e lava escaldante a cada passo. Ainda assim o visual dele não é tão legal quanto o Chronos de God of War III.
Novamente, as atuações deixam a desejar. O nível melhorou um pouco se comparado ao do primeiro filme, mas os personagens continuam sem profundidade. A relação de Perseu com seu filho é tão rasa que, mesmo quando você sabe que deveria torcer por eles, não consegue. O Ares do filme é razoável, mas (novamente) não tem o carisma de um certo espartano que a gente conhece.
Os Deuses continuam com aqueles estereótipos tipo “bonzinho“, “malvado“, “invejoso“. Quem manja um pouco de mitologia sabe que os Deuses do Olimpo tinham personalidades fortes e complexas. No filme, porém, todos são totalmente unidimensionais, o que não deve agradar os verdadeiros fãs da mitologia grega.
O novo diretor, Jonathan Liebesman, faz um trabalho competente, mas não é um cara com um estilo marcante de fazer cinema. É fácil saber quando um filme é do Quentin Tarantino, do Tim Burton, ou do Guy Ritchie. Neste caso, o nome de Liebesman não impacta – positivamente nem negativamente – no resultado final.
Várias comparações com God of War foram feitas, mas elas são inevitáveis. O tema é parecido, a mitologia é a mesma… mas, se tivessem jogado mais God of War, os responsáveis por este filme certamente poderiam ter feito uma coisa muito mais épica… e muito mais sangrenta.
Para não deixar o filme com uma faixa etária muito alta – e perder o lucro dos adolescentes – quase não há sangue espirrando neste filme, o que é uma pena, pois, se tivéssemos algo sangrento no estilo 300, o resultado seria bem mais legal.
Em resumo, Fúria de Titãs 2 é sem dúvida uma evolução, mas ainda assim fica aquele sentimento de “poderia ser melhor“. A mitologia grega é um tema extremamente rico, mas merece uma história melhor contada, que não fique apoiada apenas em efeitos especiais.
Todo gamer que se preza vai sair da sessão pensando em como seria épico um filme de God of War… mas se for para ser desse jeito, com um gostinho de “meh“, melhor que o Kratos continue destroçando bestas mitológicas somente nos games, mesmo.
http://youtu.be/UQB7oDmxW7E
Fúria de Titãs 2 estreia em todo o Brasil nesta sexta-feira, dia 30 de março, em 2D, 3D e Imax 3D.