Cine Arkade Review – O Destino de Júpiter
Os cineastas por trás da trilogia Matrix retornam mais uma vez para o cinema com O Destino de Júpiter, cuja resenha você pode conferir agora na Cine Arkade Review!
Desde Matrix a A Viagem, podemos considerar que a dupla Wachowskis é extremamente criativa quando o assunto é a elaboração de um universo, e é inegável a presença e o valor de Lana e Andy Wachowski na indústria do cinema, mesmo com alguns de seus filmes mais recentes trazendo opiniões divididas.
Eis que temos o mais novo sci-fi apresentado por eles: O Destino de Júpiter gira em torno de Júpiter Jones (Mila Kunis), uma faxineira que está de saco cheio da vida cansativa que leva com o restante de sua família.
O filme continua mostrando o imaginativo universo além da Terra, com alienígenas e impressionantes planetas em diversas galáxias, mas focando em uma poderosa dinastia alienígena composta por três irmãos: Balem (Eddie Redmayne), Kalique (Tuppence Middleton) e Titus (Douglas Booth), que começa a tomar conta das regiões dos planetas após a morte da matriarca desta casa, intitulada Abrasax. Como toda família disfuncional, os três irmãos estão em uma guerra constante entre si para tomar suas respectivas regiões e os recursos vitais que existem naqueles lugares.
O elo entre Júpiter e esta família interplanetária se conecta com a história do guerreiro geneticamente modificado Caine (Channing Tatum), que encontra Júpiter e a salva de nosso antagonista, Balem, que quer a Terra de qualquer forma possível.
Como vocês podem ver, a premissa de O Destino de Júpiter é complexa a ponto de envolver um universo inteiro de lugares, termos, armas, personagens e mundos interessantes e criativos. Tudo isso vem à tona logo no começo do filme, quando somos jogados em meio a essa trama sem realmente saber o que está acontecendo, mas ficamos curiosos em querer saber mais.
O Destino de Júpiter também conta uma interessante estética, com a Terra sendo talvez o lugar menos interessante de todo o universo. As roupas, a maquiagem, os figurante e praticamente tudo que é mostrado diretamente e indiretamente tem algo de diferente, criativo e visualmente interessante a ponto de impressionar facilmente pelo que é apresentado.
E claro, isso requer um trabalho competente do departamento de efeitos especiais, algo que o filme tem de sobra. Destino de Júpiter é extremamente bonito e isso é esfregado em nossa cara (no bom sentido) em todas as cenas que se passam fora da Terra.
E eu adoraria elogiar o roteiro da mesma forma que estou falando tão bem deste universo, mas infelizmente, isso não é possível.
O longa tem uma história previsível, sendo possível entender o que irá acontecer do começo ao fim nos primeiros quinze minutos de filme, todas as reviravoltas, romances e cenas são elementos que podem ser previstos uma hora antes de acontecerem.
Como se o roteiro previsível não bastasse, o romance entre Júpiter e Caine é tão forçado e desengonçado que as tentativas sérias de aproximação parecem tão hilárias e sem sentido quanto as tentativas engraçadas, criando uma situação em que Júpiter se joga a Caine em todas as maneiras possíveis, sendo que algumas são engraçadas propositalmente e outras tentam manter a seriedade de que existe uma conexão entre os dois, mas falhando miseravelmente no processo.
E isso não é culpa de Mila Kunis ou de Channing Tatum, e sim do próprio roteiro que entrega falas que te fazem pensar qual era o motivo por trás de algo tão desarticulado. Infelizmente a maior falha de O Destino de Júpiter é justamente a história que une todos os personagens.
As performances em si são boas, porém com algumas ressalvas: o companheiro de Caine, Stinger (Sean Bean), é um dos melhores graças ao ótimo trabalho que o ator traz em seus personagens – poderia haver um filme somente para Stinger por causa de seu passado, sendo um dos personagens mais interessantes de toda a trama. Channing Tatum consegue trabalhar bem com o que tem mas ele, assim como vários outros personagens do filme, mostra somente uma única personalidade, deixando-o chatos e desinteressante.
Mas é justamente a nossa protagonista, Júpiter, quem é mais afetada por este problema de roteiro. Ela passa mais da metade do filme fazendo perguntas para expor o complexo universo ao espectador, e somente isso. Mila Kunis fica um bom tempo fazendo uma pergunta atrás da outra enquanto é salva por Caine todas as vezes que fica em apuros. Ela consegue se redimir mais adiante na trama quando toma as rédeas de algumas situações, mas é difícil de pensar que Júpiter é algo a mais que um elemento de exposição para a narrativa.
O Destino de Júpiter é inegavelmente um filme impressionante de se ver e aprofundar em todos os elementos visuais, desde a arquitetura até o interessante design de monstros e alienígenas. A trilha sonora orquestra de Michael Giacchino (Missão Impossível 3, Super 8 e jogos como Medal of Honor e Call of Duty) é tão surpreendente quanto sua estética, te deixando tenso e preso no assento em cada cena de ação.
E isso vale ser lembrado: as cenas de ação de O Destino de Júpiter são de tirar o fôlego, o combate vertical de Caine com seu equipamento mais confiável, as botas voadoras, dão um senso de verticalidade impressionante. Além de toda a coreografia e uma visão bem trabalhada na hora de dirigir estas cenas, mostrando o que queremos de uma forma clara e concisa.
Ao juntar todos os elementos, O Destino de Júpiter consegue facilmente se suportar pela criação deste universo e de toda a ação que vemos no filme inteiro, algo que deixará todo fã de sci-fi e de space operas sedento por mais. No entanto, o seu enredo é fraco e algumas vezes até desconfortável de se ver, se tornando a maior desvantagem em um filme que tem tanto potencial para se tornar uma franquia tão interessante quanto Matrix ou até Guerra nas Estrelas.
Destino de Júpiter estreia em todo Brasil no dia 5 de Janeiro.