E3 2013: Duas gerações e uma grande festa
Confira o nosso resumo da E3 2013, a exposição que marcou de vez a chegada da nova geração de videogames.
Chegamos ao fim de mais uma E3. Neste ano, a maior exposição de games do mundo marcou a chegada de uma nova geração de videogames. 48 mil profissionais da indústria compareceram ao evento, onde as empresas montaram um total de 230 exibições para mostrar suas novidades.
Nós acompanhamos todas as principais pré-conferências e apresentações desde o dia zero da E3. E continuamos ligados para ver os games ganharem uma proporção mais épica que nunca, vimos trolladas entre gigantes e memes surgindo aos montes nas redes sociais e fóruns por aí.
A exposição ficou marcada por grandes games, algumas surpresas e uma verdadeira guerra ideológica entre Sony e Microsoft, os dois protagonistas da nova geração.
Vamos rever nossas impressões desta edição do evento:
A Microsoft e o controverso XBOX One
A primeira apresentação da E3 este ano começou em grande estilo: a Microsoft trouxe Hideo Kojima ao palco para mostrar o sensacional Metal Gear Solid V. Seguiu-se uma sequência de mais de dez jogos, dentre eles o retorno de um clássico há muito esperado: Killer Instinct.
Só que a empolgação dos fãs do clássico da Rare logo se transformou em frustração quando – poucas horas depois – foi revelado que o game será gratuito, mas contará com apenas um personagem jogável. Os demais personagens precisarão ser comprados.
Tivemos muitos outros games de grande potencial apresentados – como Titanfall, Halo 5 e Quantum Break – mas nem mesmo todas as novidades conseguiram tirar o gosto já bem amargo da boca dos fãs em relação ao futuro do XBOX One…
Na semana anterior, a Microsoft havia confirmado a obrigatoriedade de conexão e uma série de políticas que não agradaram o público, como suas questionáveis limitações para empréstimo e troca de usados. Bons recursos também foram mostrados – como o fim dos MS Points, a possibilidade de acessar seus games de qualquer console pela nuvem , mas para cada acerto, parece que a empresa dava duas bolas fora.
Quer um exemplo? Fique com a questionável declaração do presidente de entretenimento da empresa, Don Mattrick: “Se você não pode ter uma conexão, existe um aparelho para você: ele se chama XBOX 360”.
Na prática, soou como “se você não tem conexão, dane-se, fique com nosso videogame antigo”. Foi uma das piores derrapadas da empresa.
Continuando, foi revelado o preço do console: 499 dólares, 100 pratas a mais que seu principal concorrente, o Playstation 4.
E por último, temos o curioso fato de que o videogame funcionará em apenas 21 países no lançamento (incluindo o Brasil, onde já teve seu preço estipulado: R$ 2.199,00).
Para se ter uma ideia do quanto essa limitação regional é estranha, entenda que nem os próprios caras da CD Projekt (que estão trabalhando em The Witcher 3), poderão jogar o console, porque são da Polônia, país que não está entre os 21 “felizardos”.
A Microsoft apresentou sim ótimos jogos e recursos interessantes com seu novo console, porém se mostrou extremamente antipática para com quem realmente move a indústria: o público. Bem ou mal, somos nós, gamers, que injetamos dinheiro (muito dinheiro) na indústria, e as atitudes da Microsoft passaram uma imagem bastante mesquinha.
A empresa sem dúvida vai precisar ralar e muito para reconquistar a confiança do público de volta. Há tempo para “botar a mão na consciência” e rever alguns conceitos antes do lançamento do XBOX One, mas se “a primeira impressão é a que fica”, a imagem que a Microsoft deixou não foi lá das melhores. Vamos aguardar para ver se ela consegue se redimir.
A Sony dá ao público o que ele quer e se sai bem
Horas depois da tensa apresentação da Microsoft, eis que a Sony sobe ao palco, para (enfim) revelar ao mundo o visual do Playstation 4. E não foi só isso o que a empresa fez: depois de estasiar o público apresentando o console, seus jogos e recursos, Jack Tretton, o CEO da Sony Computer Entertainment of America foi ovacionado pela platéia.
E não é para menos: a Sony conseguiu transformar cada bola fora de sua concorrente em um gol de placa: o XBOX One terá restrições para jogos usados? O Playstation 4 não. O XBOX One exigirá um check in online diário? O Playstation 4 não.
Claro que nem tudo serão flores na próxima geração do Playstation: não haverá retrocompatibilidade com games da atual geração (no XBOX One também não, então temos um empate aqui) e agora pagar uma assinatura “Plus” da PSN será obrigatório para quem quiser curtir o modo online de qualquer jogo. Para completar, alguns games simplesmente travaram durante as apresentações (o que não é necessariamente culpa da Sony, mas os bugs rolaram NA apresentação da Sony).
Como já tinha apresentado boa parte de seus exclusivos antes da E3, coube a Sony segurar a barra com títulos multiplataforma bem aguardados, como Destiny, Batman: Arkham Origins e Watch Dogs. Claro que novos exclusivos foram mostrados – como o interessante The Order 1886 e o misterioso The Dark Sorcerer – mas isso já era de se esperar.
Mesmo passando (mais um) ano sem mostrar nada do aguardadíssimo The Last Guardian, e tendo feito uma política de boa vizinhança com algum conteúdo nas entrelinhas (caberá às produtoras decidir se haverá algum tipo de restrição para troca de seus jogos em disco), a postura amigável da Sony ganhou o público e o Playstation 4 – que custará 399 dólares – indubitavelmente saiu na frente na corrida da nova geração.
Até na cabeça de nós, gamers brasileiros, a Sony passou a mão: Tretton afirmou que a empresa fará o possível para trazer o Playstation 4 ao Brasil por um valor compatível com o praticado la fora. Conhecendo nosso querido governo, sabemos que esta é uma briga que já está perdida antes mesmo de começar, mas o simples fato de tentar já garante à Sony uns pontinhos a mais.
Enquanto isso, no mundinho da Nintendo
Sempre com muita simpatia, a Nintendo surpreendeu seus fãs com uma avalanche de exclusivos. Acostumada a “correr por fora” da briga das demais empresas, a empresa mostrou-se confortável com sua posição, que lhe permite continuar agradando ao seu público fiel com (quase) tudo o que ele espera.
A Nintendo apostou em um line-up de exclusivos e sequências de suas melhores franquias. Ela nos apresentou Super Mario Kart 8, um novo Donkey Kong, dois novos Super Smash Bros, a sequência Bayonetta 2 e muito mais, entre títulos de Wii U e 3DS.
A japonesa pode ter se apresentado com um papel “coadjuvante”, tirando o corpo fora da guerra entre Sony e Microsoft, mas ela deixou sua marca muito bem: agradou o seu público específico com tudo aquilo que ele mais gosta, com jogos divertidos e novas versões para suas melhores séries. Faltou um Zelda genuinamente novo, ou um Metroid, mas eles não devem tardar para surgir.
E os games?
A nova geração de games, que até as apresentações iniciais do PS4 e do XBOX One não tinha causado tanto impacto, finalmente mostrou seu potencial. Vimos títulos incríveis em todas as áreas, exclusivos ou não.
EA, Ubisoft, Blizzard e outras dezenas de grandes e pequenas produtoras deram as caras para nos trazer as primeiras amostras do futuro dos games.
O primeiro game apresentado no dia zero da E3, Metal Gear Solid V já serviu para arrebatar a todos com a potência do seu sensacional FOX Engine. Seguimos com uma bela line-up da Microsoft, com direito a The Witcher 3 (foto acima), Quantum Break, Dead Rising 3 e muitos outros.
Vimos a volta de Kingdom Hearts e Mirror’s Edge, o surgimento de novas franquias com os primeiros gameplays de Destiny (da Bungie, criadora da série Halo), e de Titanfall (da Respawn, fundada pelos criadores da série Call of Duty), e até a volta de Star Wars: Battlefront nas mãos dos mesmos caras responsáveis por Battlefield 4.
Chega a ser difícil listar todos em detalhes, e não queremos deixar o seu game favorito de fora, então, apenas para sentir um pouco do potencial da nova geração, reveja o belíssimo trailer de Metal Gear Solid V, o game que já é um ícone desta E3:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mC8ccGpFA90
Os games indie e free-to-play
Lembra quando conversamos sobre os games free-to-play e seu papel na nova geração? Pois é, o assunto voltou à tona na E3. Games como Warframe e Blacklight Retribution foram confirmados para o Playstation 4 e, de uma forma ou de outra, os “gratuitos” tiveram bastante destaque nesta edição da feira.
Os indies também chamaram a atenção, e foi legal vê-los alcançar um lugar tão importante entre as grandes da indústria. A Sony também saiu na frente neste ponto: enquanto a Microsoft aparentemente vai exigir que produtoras independentes arrumem uma distribuidora para publicar seus jogos na Live, na PSN continua tudo liberado, ou seja, pequenas empresas poderão publicar autonomamente seus jogos.
Com isso, é provável que o Playstation 4 se torne um terreno bem mais fértil para o cenário alternativo.
Alguém duvida, depois do game do polvo maluco, apresentado na conferência da Sony? Além disso, tivemos ainda boas surpresas, como novidades sobre Hotline Miami 2: Wrong Numbers, e o anúncio oficial de Fez 2, sequência de um dos games independentes mais bacanas e criativos dos últimos anos:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OaC-C2MSOos
Olha só quanta tecnologia…
Esqueça os recursos voltados para TV! Nós queremos saber de games. Como eles ficam agora que teremos consoles mais poderosos em nossas casas?
Para começar, nunca foi tão bom ouvir estas duas palavras juntas: mundo aberto. A grandiosidade dos cenários e mapas dos games apresentados foi de tirar o fôlego, desde os desfiladeiros afegãos de Metal Gear Solid V até a cidade ricamente detalhada de The Division.
Outra coisa muito legal foi a agilidade dos games apresentados: quantas telas de loading você viu no evento? Nós podemos contar nos dedos! Elas vão continuar existindo, é claro, mas foi muito legal ver os jogadores pulando instantaneamente de um lado ao outro no mapa dos Estados Unidos com o racer The Crew, por exemplo, uma coisa possível graças a tecnologia de Cloud Computing – o fato do jogo estar na nuvem elimina os carregamentos muito longos.
Isso abe espaço para que velhas séries se reinventem: Metal Gear Solid se tornará um jogo de mundo aberto. Mirror’s Edge 2 também. A nova geração não se trata somente de gráficos mais realistas, mas de poder de processamento que ofereça mais liberdade aos desenvolvedores.
Isso para não mencionar os detalhes: reparou nas faíscas que explodem com as magias de Killer Instinct? Ou no rastro de fagulhas que o protagonista de Infamous: Second Son deixa para trás, com seus poderes? Viu quanta coisa acontece ao mesmo tempo na tela em Killzone: Shadowfall ou Ryse? Isso tudo demanda um hardware mais poderoso e, embora um bom PC já faça isso há tempos, no mundo dos consoles tudo isso é novidade.
Para todo efeito, podemos dizer que a base tecnológica está ótima para a nova safra de games. Vamos torcer para que equipes legais e criativas coloquem rápido as mãos nestes recursos e nos tragam experiência incríveis, desafiadoras e divertidas, não só visualmente, mas também culturalmente e emocionalmente.
Se The Last of Us está sendo considerado o auge da geração atual (você poderá conferir nossa nossa análise em breve), vamos torcer para que títulos sensacionais como Metal Gear Solid V e The Division sejam um sinal de bons ventos e grandes games nos próximos anos, e que desse confronto entre as gigantes dos consoles, os verdadeiros vencedores sejamos nós, gamers, e que a nova geração traga mais qualidade, mais respeito e mais inspiração.
Nós poderíamos continuar falando por horas sobre tudo isso, mas como vocês sabem, nossos textos não acabam no ponto final: são vocês que dão vida à eles. Então, caros leitores da Arkade, o que acharam da E3 deste ano?
*Artigo produzido em colaboração com o nosso editor Rodrigo Pscheidt. Obrigado a toda nossa equipe e aos nossos leitores pela bela cobertura que tivemos esta semana.