Fã cria roteiro de 400 páginas para “consertar o final de Mass Effect 3”
Quase dois anos se passaram e fãs ainda criticam o famigerado final de Mass Effect 3, porém este cara chegou ao novo patamar de “fanboyismo”. Veja como ele pretende “consertar o final de Mass Effect 3” com seu próprio roteiro.
Gerry Pugliese foi um dos vários fãs que se sentiram insatisfeitos com o polêmico final de Mass Effect 3, mas ao invés de reclamar na internet e torcer para que tudo seja diferente, ele decidiu criar seu próprio script com novos diálogos, relacionamentos entre personagens, cenas, missões e escolhas inéditas para complementar seu próprio final da trilogia Mass Effect.
Em sua introdução Gerry explica os motivos que o levaram a criar este roteiro, além de revelar a intenção real deste trabalho todo: usar o texto para encorpar seu portfólio e torcer para que alguma empresa de videogames o contrate.
Tentativa similar à de Alexander Velicky, que criou um imenso mod de Elder Scrolls V: Skyrim para conseguir um emprego na Bethesda. Para ele a coisa deu (quase) certo, e ele acabou conseguindo um posição na Bungie.
Uma das questões que Gerry Pugliese esclarece em sua introdução é a integridade artística que este conserto envolve, afinal, o fim oficial de Mass Effect 3 foi o designado pelos criadores e este direito não pode ser retirado por uma pessoa que simplesmente não gostou do resultado.
Ele responde dizendo que o final foi considerado ruim por todos e por isso ele tem todo o direito de “consertá-lo”, dando o “exemplo” da segunda trilogia de Star Wars apontando como foi ruim e desnecessário.
Você pode clicar aqui para conferir o projeto de Gerry (em inglês), que na verdade ficou muito bem feito, além de ter levado um trabalho e tanto para criar tudo que ele fez em cima da história de Mass Effect.
Mas é aí que o fã normal se torna em uma pessoa obsessiva o bastante a ponto de criar este roteiro.
A forma que ele demonstra em como “consertar o final de Mass Effect” faz parecer que ele está envolvido profundamente com o desenvolvimento da trilogia ao lado da Bioware e de certa forma ele está mais envolvido que jogos normais pelo fato de suas escolhas feitas em um jogo podem ser levadas para o próximo, trazendo um fardo imenso em cima de cada escolha feita pelo jogador.
Mas no final ele ainda é um fã assim como todos que jogaram a trilogia e amou cada segundo daquele universo tão bem detalhado e da emocionante história de Shepard, até o final que acabou decepcionando muita gente. Porém, esta decepção não lhe dá o direito de “consertar” o final já feito pela Bioware.
A trilogia em si é extremamente bem feita e seu fim foi uma decepção para muitos que acabaram colocando suas expectativas no céu, porém os DLC’s Extended Cut e Citadel conseguiram trazer um desfecho mais satisfatório para os que se sentiram extremamente confusos, deixando a história de Shepard fechada mas ao mesmo tempo oferecendo uma abertura para criar novos jogos em cima do que já está construído.
O fato é que não dá para chorar pelo leite derramado, se o fim de seu jogo favorito não foi como você esperou, escrever um script com mais de 400 páginas não irá mudar nada.
Talvez este seja um dos problemas que mais afetam as formas atuais de entretenimento, com um foco especial nos videogames. Um dos maiores méritos que a nossa indústria recebe é também um de seus maiores problemas, pela possibilidade de ser uma forma de entretenimento mais imersiva que as outras, sendo possível “se adentrar” em um videogame de uma forma que jamais será feita com filmes, revistas em quadrinhos e até obras de arte.
Este mesmo ponto positivo traz uma certa arrogância involuntária da parte do seus seguidores, fazendo com que jogadores acreditem que os desenvolvedores devem algo quando um jogo não atinge suas expectativas. Esse tipo de comportamento é visto em qualquer pessoa que acaba tendo uma paixão com aquela forma de arte, mas infelizmente nenhum tem o direito de pisar em cima do que foi visionado pelos seus criadores, por mais que seja vista como estranho e irregular para a maioria.
No fim devemos respeitar a “integridade artística” de um projeto, seja ela um filme, jogo ou qualquer outra obra de arte. Porém ao mesmo tempo não podemos ficar calados quando aquele mesmo projeto saiu totalmente errado, afinal o trabalho de todos nós é criticar a arte para que ela se transcenda em uma coisa melhor.
Precisamos andar nesta tênue linha entre respeito e crítica, para que possamos ajudar no amadurecimento desta obra de arte que tanto amamos e assim receber todo o valor que tanto falta pelo resto do público.
(Via: Complex)