A polêmica envolvendo prisioneiros e trabalho escravo no WoW
Olha que bizarro: foi descoberto na China um esquema de trabalho escravo que obrigava os prisioneiros a fazerem “gold farm” – recolher ouro e itens preciosos – em diversos games MMO, inclusive no famoso World of Warcraft. Após jornadas de 12 horas de trabalho virtual, os detentos tinham que dar o conteúdo de sua “mineração” para os guardas, que então revendiam os produtos para outros jogadores.
O que para muitos poderia ser um sonho – ser obrigado a jogar World of Warcraft sem parar – acabou se tornando um pesadelo para os detentos do campo Jixi, localizado na província de Heilongjiang. Um ex-detento relatou ao jornal inglês The Guardian o tratamento recebido por ele e seus companheiros:
“Eram cerca de 300 prisioneiros obrigados a jogar todos os dias. Trabalhávamos em turnos de 12 horas. Eu ouvi dizer que eles poderiam ganhar mais de 500 libras por dia revendendo os itens. Mas nós não vimos nada deste dinheiro”.
O ex-prisioneiro, que obviamente é identificado por um apelido, Liu Dali, diz ainda que a direção dos presídios têm conhecimento do negócio, e apoia todo o processo: “os diretores das prisões tem feito mais dinheiro obrigando os presos a jogar do que os obrigando a fazer o trabalho manual”.
Na China, campos onde os prisioneiros fazem trabalho braçal como parte de sua pena são comuns, mas isso é completamente diferente de utilizar detentos para fazer gold farm virtual visando lucro de terceiros.
Para piorar, havia uma meta de arrecadação diária a ser cumprida, e quem não conseguisse sofria castigos físicos: “se eu não completasse a minha cota de trabalho, eles me puniam fisicamente. Me faziam ficar com as mãos levantadas no ar por horas, e depois que eu voltava para o meu dormitório, me batiam com tubos de plástico. Tínhamos de continuar jogando até não aguentar mais”.
Um recente levantamento indica que 80% de todos os gold farmers do mundo estão na China. Dada esta grave denúncia, é bom o governo chinês dar uma investigada para averiguar a legalidade das atividades de todos estes mineradores virtuais.
(Via: The Guardian)