RetroArkade: Jogamos o Master System Evolution da Tectoy
O Master System foi uma das primeiras aventuras da Sega no mundo dos consoles, e serviu para oferecer know-how para que o Mega Drive fosse desenvolvido, além de servir de lugar para nascimento de importantes franquias da empresa, como Alex Kidd e Phantasy Star. Embora seu desempenho em vendas não tenha sido enorme no mundo todo, aqui no Brasil ele é um dos consoles mais queridos de todos os tempos, graças a bons jogos e o conhecido suporte da Tectoy, que envolvia jogos em português, ou adaptações com personagens queridos pelo público brasileiro, como a Turma da Mônica e o Chapolin.
Tudo isso fez do Master System um console bem vendido e muito querido entre os gamers nacionais, encarando de frente os vários Nintendos 8-bit que o Brasil oferecia na época (Phantom System, Dynavision, Top Game…) e garantindo uma inesperada vida longa, já que o console recebeu jogos até 1997, com a versão brasileira de Street Fighter II.
Com tanta popularidade, a Tectoy então continuou a lançar novos modelos de Master System, com autorização da Sega. Com isso, tivemos o Master System III Compact, aquele que o console se unia a controle e emitia o sinal para a TV por ondas de rádio, o Master System III, redesenhado e com Sonic na memória, e nos dias de hoje, o Master System Evolution. Em 2012, (via) foi revelado que 150 mil consoles (incluindo o Mega Drive) eram vendidos anualmente, além da base de 5 milhões de Master System no país, o que o garante como um dos consoles de maior sucesso do país.
E é sobre a mais atual versão do console que iremos falar hoje, pois a Tectoy nos permitiu conhecer mais de perto o Master System Evolution, o videogame que conta com 132 jogos na memória e busca manter viva a história do console no Brasil, além de levar diversão para os mais saudosistas, mas que buscam a praticidade de ligar e jogar, sem procura por fitas, nem por tutoriais de emulação na Internet.
Bem leve, bem prático
Como todo console antigo, seus componentes originais não são mais fabricados, cabendo à Tectoy organizar o console e buscar uma solução em design e circuitos, para deixá-lo funcional, especialmente nos dias de hoje, com novas funcionalidades que geram consumidores mais exigentes.
O design não conta com apelo à nostalgia, apesar do Sonic bem estiloso com argolas na carcaça. Ele conta com um desenho bem legal, divertido, que se encaixa naturalmente em qualquer sala de estar dos nossos dias, sem dar a cara de “velho”. Isso também nos leva a entender que, ao contrário do Mega Drive recém anunciado, o público retrô “de raiz” não é o público alvo principal. Mas falaremos mais sobre isso em breve.
Voltando ao design, importantes melhorias foram adicionadas, como os botões de pause e reset, originalmente disponíveis no próprio console, agora finalmente adaptadas no controle. O pause está em seu “devido lugar”, ou seja, no botão Start, enquanto o reset do aparelho é feito em um criativo X+Y+Z pressionados ao mesmo tempo. O controle é baseado no do Mega Drive de 6 botões, e foi justamente ele o escolhido para fazer esta combinação de botões, que apesar de esquisito, é bem prático e muito melhor do que ir no console e pressionar o botão.
O controle, como já foi dito, é baseado no Mega de 6 botões. E sim, tem desempenho bem melhor do que o controle original. Em comparações feitas entre um Master System das antigas e o Evolution, o controle está sim muito bem feito e responde de maneira satisfatória a todos os comandos. Pegando Sonic como exemplo, a precisão para alguns saltos em plataforma, ou mesmo a etapa 2 da fase Jungle, que exigem saltos precisos, estão muito bem com estes controles.
Quanto a conexão, não há muito o que se esperar de novo ao se falar de Master System. Temos a famosa conexão RCA de áudio e vídeo, com apenas uma saída de som. O Master ocidental sempre foi um tanto inferior quando comparado ao seu “irmão” japonês, especialmente no som, inclusive contando com versões nacionais que contavam apenas com conexão RF (no lendário “canal 3”). A conexão A/V cumpre seu papel de ligar o console na TV e nada mais. Porém, o seu público alvo é formado por saudosistas que não estão com muito interesse em desempenhos técnicos excelentes, eles querem apenas plugar e ligar o console, e isso o Master faz de maneira satisfatória.
Outra coisa interessante a se mencionar é o fato de que seu baixo consumo de energia e peso leve o faz uma atrativa opção de jogatina oldschool em automóveis, podendo ser ligado em um DVD Player automotivo, GPS ou qualquer outro dispositivo feito para carros que contam com entrada A/V.
Agora vamos falar dos 132 jogos
Os 132 jogos do Master System Evolution reforçam ainda mais a alma casual desta atual versão. Antes de mais nada, é preciso explicar que estamos falando de uma empresa que conta com autorização legal da Sega para produzir consoles e usar seus jogos, o que não é tão simples quanto aparenta ser, e a biblioteca de jogos, na medida do possível, consegue ser bem atraente, resgatando alguns clássicos. O pessoal ligado na emulação ou nos sistemas feitos no Rapsberry Pi não são o alvo em questão, pois eles já tem seus sistemas funcionando em suas casas, fazendo com que este Master atenda um público totalmente diferente.
Sabemos que cada jogo conta com licenças específicas e que não é apenas “escolher e colocar no console”, mas sentimos falta de alguns clássicos nacionais do console, como Phantasy Star (em português), Mônica no Castelo do Dragão, Chapolin vs. Drácula e o já mencionado Street Fighter II. Outros jogos bem jogados no console, como Mortal Kombat, Out Run, Super Monaco GP e Jogos de Verão, também ficaram de fora. Mas temos boas opções aqui, como os dois games que estavam na memória dos consoles antigos: Sonic the Hedgehog e Alex Kidd in the Miracle World.
Além deles, temos Golden Axe, Altered Beast, Shinobi, Battle Out Run, Hang On e Columns entre os selecionados. Também temos uma agradável surpresa na lista: Kenseiden, um game que estava muito à frente de seu tempo e que oferecia, ainda em 1988, elementos como upgrade de personagem e um consistente sistema de jogo, em uma época em que games simples de plataforma eram maioria esmagadora nos consoles e arcades.
Mas os 132 games não são todos games oficiais de Master System. Alguns deles são games próprios, focados especificamente no público infantil. São jogos bem simples e casuais, que garantem para os pequenos alguma diversão, já que games em 8-bit geralmente são muito difíceis e podem contar com um elevado grau de frustração para eles, que ainda estão aprendendo a jogar. No fim, o console atende satisfatoriamente crianças que estão tendo o seu primeiro contato com um videogame e adultos nostálgicos que querem quebrar blocos novamente com Alex Kidd. Talvez um slot SD, nos mesmos moldes do Mega Drive que chegará em 2017, para uma próxima versão já seria uma solução direta para a questão da biblioteca.
Feito para pais, mães e filhos
Os consoles retrô tem como alvo levar jogadores que se simpatizam com os games antigos a aproveitar de novo a experiência de jogos clássicos. Mas a concepção do Master System Evolution tem um traço um tanto diferente, pois tudo nele parece ser direcionado para aquele jogador que curtiu o Master System quando criança, mas hoje é adulto e, provavlemnte, também pai ou mãe, que não tem tanto interesse em questões técnicas e jogos em especial, e que quer apenas ligar o console na TV da sala e mostrar para seu filho como era a diversão dos anos 80 e 90.
Além disso, os jogos mais simples focam neste possível filho (ou sobrinho), que podem curtir sozinhos o console, sem contar com a frustração de se encarar um Black Belt da vida. Sem frescura, indo direto ao ponto e oferecendo uma biblioteca interessante de jogos, o Evolution continua o legado do Master System e ainda o apresenta para uma nova geração de gamers.
O Master System Evolution se encontra à venda no site da Tectoy, pelo valor de R$208,05, à vista. O console vem acompanhado de manual, cabos de conexão e dois controles. Você pode comprar o console e conferir suas informações técnicas neste link.