RetroArkade: Qual era o seu ‘Nintendinho brasileiro’ preferido?
Pelo menos no Brasil o Nintendo foi o maior sucesso, mas sem a Nintendo. Tudo graças a vários clones nacionais que rodavam jogos do sistema 8-bit. Vamos relembrar de alguns?
O NES é a cara da década de 1980 e todos nós concordamos com isso. O console da Nintendo foi um divisor de águas naquele período e praticamente reinventou a indústria de videogames em seu momento de maior crise, em 1984. Super Mario, Zelda, Mega Man e tantos outros começaram sua história no Nintendinho.
O Nintendinho também fez história no Brasil, mas de maneira bem diferente dos outros países: vivíamos em meio ao fim da ditadura e com o movimento Diretas Já fazendo com que a democracia fosse estabelecida em nosso país. Com o poder conservador ainda emitindo as leis, tínhamos a Reserva de Mercado, que entre várias restrições, proibia a importação de videogames no Brasil.
Tanto é que a Sega só lançou seus videogames por aqui graças a eterna parceria com a Tectoy, que fabricava, dava suporte e fazia as propagandas de Master System e depois do Mega Drive. A Nintendo por sua vez, não demonstrou interesse nenhum em fazer parcerias neste sentido na época (fazendo depois parceria com a Playtronic em 1993 e lançando oficialmente produtos da empresa por aqui durante alguns anos).
Com o desinteresse da Nintendo e o apoio do governo, empresas brasileiras começaram a fabricar os seus próprios videogames compatíveis com o NES e isso incluía jogos, acessórios e muito mais. Devido a isto, jogadores brasileiros podiam ter várias opções de Nintendinho, agradando bolsos e gostos.
Como um feliz proprietário de um Dynavision 3 (instalado e pronto para o jogo), convido você a relembrar alguns dos Nintendinhos brasileiros que foram sonho de consumo das crianças da década de 1980.
O Dynavision foi o primeiro. Não contente de clonar o console da Nintendo ainda clonou também a fonte do filme Indiana Jones na caixa do aparelho. Mas foi quem “trouxe a Nintendo” ao Brasil em 1989. Seu primeiro modelo tinha uma alavanca e um botão select no console (como no Master System). Os anos foram se passando e Dynavisions 2, 3, 4, Radical e afins popularizaram ainda mais a marca que foi muito querida entre os games desta época.
Um dos fatores de sucesso do console foi o suporte a cartuchos dos dois padrões de NES, o americano e o japonês. A Dynacom continuou lançando versões de seus consoles até o fim da companhia, em 2011. E lembre-se: o Dynavision é “quase um Playstation 2”.
E além do Dynavision, a Dynacom produzia também o Handyvision, um “portátil”. O console era prático e cabia “em qualquer mala, mas para jogar, era preciso ligar o console na TV por frequência de rádio. As fitas “padrão americano” podiam ser colocadas de maneira semelhante ao Game Boy e quatro pilhas AA cuidavam da “portabilidade” do aparelho, que concorria com o Master System Super Compact.
E a Dynacom aparece de novo: mas este aparelho tinha um outro apelo: além de ter um slot para cartuchos de Nintendo e oferecer controles e jogos, o Magic Computer aparecia como opção para quem vivia em 1995 e não tinha dinheiro para um computador. Ele vinha com alguns programas instalados (incluindo editor de texto) e até impressora poderia ser configurada no “computador” para fazer os trabalhos escolares.
O BiT System era dos clones, o mais clone. Tudo isso porque ele tinha um design que lembrava muito o NES original, incluindo a entrada de controles que era idêntica ao console da Nintendo. Ele recebia apenas cartuchos no padrão americano e vinha com uma pistola para atirar na tela como parte do conteúdo da caixa.
Talvez o mais popular NES brasileiro. Até o Lucas Silva e Silva tinha um (claro que todo adaptado e sem logotipos), lembra? O Nintendinho da Gradiente oferecia um layout “menos frágil” que a concorrência, controle semelhante ao do Mega Drive (mas e carcaça curiosa: ela foi feita para receber um clone do Atari 7800 (inclusive o design lembra muito o console da Atari), mas desistiu e aproveitou as peças já construídas para “enfiar o Nintendinho dentro”.
A CCE sempre foi vista com certa desconfiança entre os consumidores em geral, mas mesmo assim fez relativo sucesso com seu Top Game, talvez por causa das entradas para os cartuchos de 60 e 72 pinos. E seu controle que era geralmente elogiado pelos gamers “radicais” da época.
E com o sucesso do Top Game, tivemos o Turbo Game que é a evolução natural da família Nintendo da CCE. No Turbo Game, dois elementos em especial chamam a atenção: o controle, que é o mesmo do Mega Drive, mas ao contrário e a função Turbo que quando ativada, disparava tiros e socos em volume maior, fazendo a alegria da turma da apelação.
A empresa Milmar lançou três versões de seus consoles entre as décadas de 1980 e 1990. Não tinha nada de mais comparado a concorrência mas desempenhava bem a função principal de um console: rodar jogos.
Se o BiT System imitava o Nintendo americano, o Super Charger imitava o Famicom japonês e além disso, oferecia o Eject para retirar os cartuchos.
Um dos preferidos dos apelões, pois vinha com o GameGenie dentro do console. O GameGenie era aquele cartucho que permitia adicionar códigos para trapacear nos jogos e neste caso o “sistema de trapaças” já vinha junto com o próprio console. Era ligar e trapacear.
A Chips do Brasil fabricava controles competentes para todos os consoles e também arriscou o seu Nintendo. Além de ter um controle que junto com o Turbo também possuía a função Slow, que diminuía a ação dos jogos, seu design era semelhante ao do Super Famicom, o Super NES japonês.
MENÇÃO HONROSA: E não tem como não terminar esta matéria com ele que por si só merece um espaço na RetroArkade: o Polystation. Você já viu/ouviu alguma história de alguém que “ganhou um Playstation” e ao ligar o aparelho descobre que no lugar de CD o videogame vinha com uma entrada com cartuchos e a euforia foi pro brejo depois disso?
Pois bem, tenho certeza de que esta história aconteceu um monte de vez e o clone de Nintendo com cara de Playstation que vem “direto da China” para nossas salas fez sucesso a sua maneira, com componentes de qualidade duvidosa e mesmo não tendo nada a ver com Reserva de Mercado, nem com consoles fabricados no Brasil com garantia (ha ha!), o Polystation merecia ser lembrado neste material.
E você? Qual o seu Nintendo preferido? Detonava com um Phantom System ou com um Dynavision 3 Radical? Hora de relembrar quando podíamos escolher o nosso Nintendinho preferido no Mappin.