Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

9 de setembro de 2017

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Depois de passar quase 2 anos em Early Access, o survival game jurássico Ark Survival Evolved enfim foi lançado em definitivo, agora também para consoles. Então monte no seu dinossauro e venha conferir nossas impressões sobre o game!

Pelado no mato

Depois de criar seu personagem em Ark: Survival Evolved, você pode decidir onde será o ponto de spawn inicial da sua aventura. O Ark — assim são chamados os mapas do game — é dividido em zonas de diferentes dificuldades, e mesmo que você comece em uma área Fácil, certamente vai sofrer no começo de sua jornada.

Você acorda seminu e sem nada de útil: nenhuma arma, nenhuma comida, nada. Pois é, este é um jogo de crafting e sobrevivência bem hardcore, e considerando que ao morrer você perde seu personagem e seu progresso, é bom aprender a se virar bem rápido, pois não há tutoriais muito elaborados aqui o esquema é “vai, filhão” total.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Existem dinossauros, escorpiões gigantes, crocodilos e muitas outras feras assassinas à solta no Ark, mas acredite, nas primeiras horas eles serão o menor dos seus problemas: coisas como frio, fome, desidratação e cansaço é que lhe darão dor de cabeça, pelo menos no início. Ark: Survival Evolved é brutal e impiedoso com os novatos. Para piorar, sua interface não é nada amigável — cheia de menus e submenus complicados e burocráticos –, e esta mistura de dificuldade e complicação sem dúvida pode desencorajar muita gente.

A verdade é que se jogar no mundo de Ark: Survival Evolved sem nem fazer ideia de como ele funciona é uma péssima ideia. Felizmente, a longa fase beta do game gerou toneladas de tutoriais e conteúdos que podem facilitar a vida nos n00bs (e eu me incluo nessa), e eu recomendo fortemente que você gaste um tempo aprendendo sobre o game antes de querer ir de fato jogá-lo.

Paciência e grinding

Ark: Survival Evolved demanda paciência. Muita paciência. Começar a avançar na extensa árvore de habilidades do game é dolorosamente demorado, e considerando que você estará o tempo todo sendo caçado por feras jurássicas — ou por outros jogadores, caso esteja em um server online público — conseguir acumular a experiência necessária para dar os primeiros passos evolutivos é algo bem penoso.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Claro que sua perseverança é recompensada: após dezenas de horas de jogo você não será mais um “homem das cavernas”, e poderá dominar tecnologias quase avançadas demais para o estilo do jogo. Sua cabana tosca de madeira e pedra pode se tornar uma imponente fortaleza blindada, munida de canhões e até mesmo luz elétrica. É um salto evolutivo de deixar até Age of Empires com inveja!

Mas é claro que, até chegar nesse ponto, você vai ralar muito. O grinding incessante do game te obriga a ficar “minerando” tudo — madeira, pedra, metal, palha, couro, etc. — o tempo todo, e isso é essencial para que você progrida. E isso não necessariamente melhora com o tempo: quando você já estiver criando armas maneiras, vai sofrer coletando materiais para forjar a munição dessas armas maneiras!

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Com isso tudo eu quero reforçar o seguinte: você precisa ter tempo e paciência para jogar Ark: Survival Evolved. Este não é o tipo de jogo que você joga por 2 horinhas antes de dormir e tá de boa ele demanda um nível de comprometimento muito maior, que talvez nem todos tenham.

Jogando offline

Embora seja vendido como uma espécie de MMO, Ark: Survival Evolved possui uma campanha solo bastante robusta. Você também começa pelado e precisa grindar muito para progredir, mas há uma “narrativa” acontecendo em paralelo, com relíquias e artefatos que aprofundam o lore do jogo e desencadeiam acontecimentos relevantes.

Por também se apoiar no grinding e na evolução, mesmo a campanha de Ark: Survival Evolved é longa e trabalhosa. Se tiver fibra você vai enfrentar batalhas contra chefes, montar em pterodáctilos, criar armaduras cibernéticas para tiranossauros e domesticar escorpiões gigantes e outras bestas… mas tudo isso depois de várias horas de muito sufoco.

É possível chegar a um final, e é até engraçado quanto esforço foi colocado no desenvolvimento de um lore que justifique toda a maluquice de um universo onde seres humanos, dinossauros, aracnídeos gigantes e dragões (pois é) coexistem. Confesso que não esperava este nível de profundidade, e a surpresa foi bem positiva.

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Imagina o tamanho da aranha pra deixar uma teia dessas…

Claro que nem tudo é um mar de rosas: caso você morra em um dos chefões, você não perde só seu loot acumulado (armaduras, armas, etc.), mas também larga todos os artefatos que devem ser reunidos para liberar acesso ao chefe. Ou seja, você vai gastar várias horas fazendo crafting, e ainda por cima terá que  arriscar seu pescoço revisitando dungeons para recuperar as relíquias. É um saco.

Jogando online

Jogar offline para curtir a “história” é uma experiência totalmente diferente da que encontramos nos servers multiplayer. Em um jogo online você não terá que se preocupar só com  dinos (e fome, e frio, e tudo mais): você terá que se preocupar com tudo isso, e também com outros jogadores, que estarão ávidos para te matar sem razão aparente e pilhar seus suados recursos.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Felizmente, isso também abre um interessante viés social do game: jogadores podem se organizar em tribos e vilas, compartilhando recursos e defendendo uns aos outros. Bancar o lobo solitário não vale a pena; nos servidores online o melhor é tentar dar um jeito de unir forças com outros jogadores, o que aumenta as chances de sobrevivência de todos.

Claro que há trolls e jogadores tóxicos por todo lado — como em praticamente qualquer outro jogo online –, mas com um pouco de paciência e determinação você vai acabar encontrando um grupo que preste. E o mais louco é que esse espírito de trabalho em equipe acaba rompendo a quarta parede, podendo afetar também a sua vida real.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Explicando: quando você para de jogar Ark: Survival Evolved, seu personagem fica dormindo naquele mundo, mas as coisas continuam acontecendo por lá. Isso quer dizer que, enquanto você dorme, estuda ou trabalha no mundo real, seu avatar está vulnerável, e sua base pode estar sendo invadida e pilhada por players invasores. Quando voltar, você vai se deparar com seu char morto e todos os seus bens saqueados.

Fazendo parte de uma tribo organizada, este problema pode ser minimizado. Li por aí que existem jogadores que levam a coisa tão a sério que se revezam no sono para que sempre haja alguém defendendo a aldeia. É possível deixar “dinos de guarda” e tudo mais, mas é óbvio que nada supera a sagacidade e a capacidade de improvisação de um legítimo ser humano.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Obviamente, é difícil alguém comprar a ideia com tanto comprometimento, de modo que fica quase impossível desfrutar esta imersão em toda sua plenitude. Não sei você, mas eu tenho trabalho, namorada e compromissos para conciliar com meus games, então virar “escravo” de um game que fica online o tempo todo é simplesmente impraticável. Assim, caso não tenha uma tribo, criar uma base bem escondida acaba sendo mais importante do que criar uma fortaleza impenetrável.

Audiovisual

Rodando na sempre versátil Unreal Engine 4Ark: Survival Evolved não vai ganhar nenhum prêmio de jogo mais bonito do ano, mas consegue criar um universo vasto e variado, com biomas pseudo-procedurais cheios de belas praias, selvas e cavernas. Houve uma atenção toda especial aos dinossauros, que no geral estão muito bem modelados.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Como em todo jogo de proporções exageradas, aqui temos muitos bugs. Não vi nada que quebrasse o jogo, mas temos algumas animações bem feias e problemas de colisão, com personagens e monstros atravessando pedras e árvores. A gente acaba fazendo vista grossa para estes problemas dada a dimensão de tudo que há ali, mas considerando que o jogo ficou quase 2 anos em fase de testes, um polimento maior antes do lançamento oficial não faria mal nenhum.

A trilha sonora é bem variada, misturando temas tribais enigmáticos com empolgantes faixas orquestradas super aventurescas. As vozes não necessariamente se destacam, de modo que cabe ao som de tiros, rugidos, explosões e gritos a missão de manter o jogador imerso naquele mundo de belezas e perigos.

Conclusão

Ark: Survival Evolved definitivamente não é para todos. Sua experiência roots de sobrevivência chega acompanha de uma dificuldade bem acentuada — especialmente nas primeiras horas — e se somarmos isso aos menus confusos e ao grinding trabalhoso, o que temos aqui é um game nada amigável para quem busca diversão imediata. Você só vai começar a se divertir depois de umas 7 ou 8 horas de jogo, e mesmo quando já estiver se divertindo uma bobeira qualquer pode acabar  te matando e te fazendo perder sabe-se lá quanto tempo de grinding e loot acumulado.

Análise Arkade: sobrevivendo ao mundo selvagem de Ark Survival Evolved

Mesmo quando você já está familiarizado com o game e sabe se virar, ele demanda muito tempo e muito comprometimento para ser plenamente aproveitado. No mundo online de Ark: Survival Evolved  não há espaço para jogadores casuais. Quem quer prosperar por lá vai precisar de muito empenho e determinação, e isso inevitavelmente pode acabar afetando suas horas de sono, sua produtividade no trabalho, enfim, sua vida no mundo real.

Acho interessante o esforço de criar um jogo que está conectado 100% do tempo, mas não vejo como nós, pessoas comuns, podemos nos dar ao luxo de abrirmos mão de tudo para estarmos sempre jogando. Eu passei muitas e muitas horas imerso em Ark para produzir este review, e sinto que mal arranhei a superfície do game (há um Ark com dragões que eu sequer visitei). Eu simplesmente não tenho tempo para continuar jogando. Mas se você tem disponibilidade para “se internar” no universo fantástico e absurdo do game, mande ver. Depois volte aqui e me conte como foi… se você conseguir sair do jogo para fazer isso, claro.

Ark Survival Evolved foi lançado oficialmente em 29 de agosto, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. O game possui menus e legendas em português brasileiro, mas traz muitos erros e frases não traduzidas.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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