Melhores Jogos do Ano Arkade 2017: Super Mario Odyssey
De certa forma, é difícil imaginar que um encanador baixinho e bigodudo tenha chegado até onde chegou. Lembro-me muito bem do meu primeiro Super Nintendo, o sol forte que fazia naquela tarde, e ainda tenho a memória muscular do sopro que fiz na única fita que vinha com o console, Super Mario World, mesmo aquela sendo a primeira vez.
Quase 20 anos depois — e alguns muitos joguinhos e experiências acumulados — eu jamais imaginaria que Mario poderia reacender em mim uma chama que há muito estava apagada. Pouco depois de salvar a Princesa Peach no Super Mario World, eu pude fazer o mesmo em Super Mario 64, para Nintendo 64.
Naquela época — e ainda hoje, em alguns lugares do Brasil — era bastante comum o console de lançamento alavancar as vendas da geração anterior, eu mesmo só ganhei meu SNES depois do lançamento do N64, e por muito tempo continuou assim até que eu criei vergonha na cara e comecei a comprar meus próprios consoles.
Por conta disso, tive que jogar a nova aventura do Mario na casa de um amigo, o que tornou esta experiência ainda mais impressionante. Como pulei completamente o Wii e o Wii U, Super Mario 64 foi o último jogo da franquia que, genuinamente, colocou um sorriso no meu rosto. Então veio o novo Mario para Switch, e, nossa, como eu esperava por ele e não fazia ideia disso! De uma forma bastante crua, Mario Odyssey parece a continuação que os fãs de Mario 64 tanto esperavam nesses longos anos.
Novamente, Bowser resolve capturar a Princesa Peach, dessa vez com o intuito de se casar com ela. Cada mundo apresentado no jogo possui um objeto de desejo do Bowser para esse grande evento. Toda a história, em sua essência, é passada através da perseguição do Mario ao Bowser e aos Broodals (os organizadores do casamento) por esses mundos temáticos, num super clima de road trip, que apresenta uma peça única muitas vezes ligada diretamente ao tema da fase em questão.
Por exemplo: No reino da comida (Luncheon) o Bowser resolveu roubar o cozido enquanto que no reino praieiro (Seaside) ele pegou os drinks feitos com as águas paradisíacas do local. No fim das contas Mario nunca foi muito sobre a história — tirando os spin-offs de RPG –, que é praticamente a mesma há 3 décadas, e ainda funciona.
O que diferencia Mario Odyssey dos demais Marios que já jogamos é sua nova habilidade. Basicamente ele é o Kirby agora, só que ao invés de absorver os inimigos o Mario “controla-os” atirando o seu novo chapéu, Cappy, neles. O reino do Cappy é o primeiro visitado pelo Bowser na sua campanha após o rapto da Princesa Peach, nele o Rei Koopa acaba sequestrando a irmã do Cappy, Tiara, para ser indumentária da princesa. Isso é o gatilho para colocar os heróis para trabalhar juntos.
Devido as “transformações” de Mario, o jogo está repleto de mecânicas diferentes ao longo de todos os reinos. Dá uma sensação boa de que em cada nova fase que você chega, é possível imaginar um jogo inteiro utilizando aquelas mecânicas como base. É quase como um enorme parque de diversões, só que os brinquedos são justamente os inimigos e objetos com que Mario pode interagir ao longo das fases. O desafio é saber utilizar esses poderes para chegar aos lugares para coletar as Power Moons (colecionável que é o combustível da Odyssey e permite o progresso no jogo) ou simplesmente explorar ainda mais aqueles reinos tão ricos.
Odyssey acabou se mostrando um jogo muito menos sobre desafios de plataforma e muito mais sobre uma grande caça ao tesouro e novas descobertas, tendo em seu escopo momentos incríveis — e, em minha opinião, provavelmente o melhor tributo do ano — como a homenagem ao Donkey Kong original e, principalmente, à Pauline.
Super Mario Odyssey conseguiu se firmar como um dos melhores jogos da franquia, o que não é um feito pequeno considerando o histórico de todos os excelentes jogos do Mario já lançados. Querendo ou não, utilizando das palavras da excelente “Jump Up, Super Star!”, Mario sempre será o nosso 1-up boy e, para ele, sempre vamos tirar o nosso chapéu.