Cine Arkade Review – O Destino de uma Nação
O Destino de uma Nação (Darkest Hour) é um produto que tem uma grande carga de acontecimentos históricos transpostos para a tela do cinema, além disso, apresenta a persona de Winston Churchill para uma nova geração que possa desconhecer suas façanhas durante a Segunda Guerra Mundial.
Inicialmente vale destacar a incrível performance de Gary Oldman interpretando Churchill, atuação essa que lhe rendeu prêmios na categoria de Melhor Ator em eventos como o Globo de Ouro e Critics’ Choice Awards. Isso é um bom presságio para o Oscar, pois essas vitórias normalmente são indicativos de sucesso na maior premiação do cinema.
E o fator mais importante do filme é a figura de Churchill, especialmente porque O Destino de uma Nação é cadenciado e não possui cenas expositivas da guerra. Seu tom biográfico parece que nunca atinge um ápice, sendo quase uma oportunidade perdida de mostrar algo a mais que um mero recorte daquele contexto histórico.
E um dos problemas do filme é justamente esse, focar em apenas uma pequena fração do conflito dando a impressão de que é necessário um conhecimento prévio sobre a Segunda Guerra Mundial para aproveitar a experiência de forma completa. Obviamente é de conhecimento geral tais fatos, porém, o filme deveria dar mais peso para as ações de Winston no período em que atuava como Primeiro Ministro, mas no fim suas obras parecem desimportantes colocadas em perspectiva com os acontecimentos factuais.
As duas principais ações de Churchill apresentadas são extremamente importantes historicamente, mas diluídas em mais de duas horas de filme perdem um pouco de seu impacto, logo a ênfase foca em sua compulsão por bebidas e charutos e em seu modo de agir no que tange a política. Todas as articulações que culminaram no resgate de mais de 300 mil soldados das tropas aliadas na Batalha de Dunquerque (Dunkirk), além de seu entendimento através do povo de que se render a Hitler não era uma opção são fatos explorados, mesmo sem ser o destaque do filme.
As questões técnicas não saltam aos olhos, mas são extremamente competentes em todos os aspectos. Dario Marianelli, compositor da trilha sonora, por exemplo, venceu a categoria de Melhor Trilha Sonora no Critics’ Choice Awards, apesar de não haver uma música específica que marque como tema principal do longa-metragem. O roteirista Anthony McCarten pontua um enredo focada no personagem e não na história e faz um bom trabalho dentro dessa proposta, assim como o diretor Joe Wright, que filma muito bem em locações fechadas e escuras e nunca passa a sensação de opressão mesmo em lugares visivelmente claustrofóbicos.
Também no Critics’ Choice Awards ‘O Destino de uma Nação’ venceu a categoria Melhor Cabelo e Maquiagem merecidamente porque Gary Oldman está irreconhecível e isso denota um trabalho magnífico. Não conseguir identificar o ator por estar usando uma pesada maquiagem é um trunfo, mas o destaque aumenta porque o personagem é crível, é praticamente impossível não ter a sensação de estar olhando para um genuíno senhor de idade.
Entre os pontos positivos destaco a forma como acompanhamos muitas facetas de Churchill, desde um velho resmungão que é mal-educado com seus subordinados, passando por um líder com ações imprevisíveis e por fim se tornando um símbolo de esperança para seu povo.
Para finalizar O Destino de uma Nação (Darkest Hour) é um filme que se encaixa muito bem em um gênero de drama biográfico, pois apesar de não transparecer todo o peso da guerra, ainda assim consegue mostrar um pouco da personalidade e ações políticas/militares de Winston Churchill. Tem valia histórica, uma atuação esplêndida de Gary Oldman e apresenta uma boa argumentação sobre o plano geral da guerra, mesmo que passe a impressão de necessitar de mais conhecimentos prévios.
Não é o melhor filme sobre a Segunda Guerra Mundial, tampouco a melhor produção sobre Churchill, provavelmente, mas no frigir dos ovos é competente em praticamente tudo. Não é extremamente marcante, mas é relevante.
O Destino de uma Nação (Darkest Hour) estrou oficialmente no Brasil em 11 de janeiro.