Análise Arkade – A vida cruel do agente de um governo opressor em Beholder Complete Edition
Geralmente, os jogos de videogame te colocam na pele dos revolucionários, que vão contra o dominador opressor e após muito esforço, conquistam a liberdade para seu grupo, povo, ou para si mesmo. Mas, e quando a missão é justamente a de ajudar um governo a manter o controle? É o que acontece em Beholder, um jogo que te coloca como investigador e vigilante do Ministério da Ordem de um regime opressor.
Você é Carl, que foi “convidado” para seu novo emprego sendo levado a um apartamento do governo com o seu antecessor saindo de lá surrado e carregado por guardas. Sua nova tarefa é a de vigiar o ambiente e confirmar suspeitas do governo, como revoluções, ou alguns crimes, como portes ilegais ou uso de substâncias proibidas. Com câmeras escondidas, conversas ocasionais para busca de informação, ou invasão através de sua chave mestra, você pode ou manter um futuro melhor para si mesmo e sua família, executando seu papel de “servir sua pátria”, independente das questões morais que tais tarefas apresentem, ou a de falhar e ver seus entes queridos nas mãos de pessoas sem muita piedade.
O Beholder que testamos é a versão Complete Edition, uma edição definitiva de um game que já saiu para PCs em 2016 e depois, para o iOS. Conta com a DLC Dulce Blissful que continua a história após o final do jogo principal e que é basicamente um jogo no qual você tem acesso a todo um prédio, do mesmo jeito que já vimos em This War of Mine, por exemplo. Você tem uma tarefa principal, enviada pelo governo, e precisa a partir dela investigar determinada pessoa, investigando-a, e cumprindo todas as tarefas solicitadas por telefonemas feitos pelo Ministério da Ordem.
Enquanto isso, você, como zelador, também precisa administrar o prédio, garantindo o bom estado de todos os apartamentos, além de lidar com sua família, com suas necessidades e tarefas que vão aparecendo, como a de procurar o brinquedo perdido de sua filha bem na hora em que você precisa buscar informações em um apartamento que ficou vazio. Tudo isso te transfere um pouco do estresse emocional do protagonista, além do senso de urgência em resolver suas questões, já que todas tem tempo limitado.
Com este ambiente tenso à disposição, o jogo nunce te deixará se sentir confortável. Você precisa, ao mesmo tempo, cumprir ordens muito rígidas e fazer com que seu prédio tenha um bom rendimento, e muitas vezes ambos os interesses irão se confrontar, deixando pra você a decisão do que fazer. A iniciativa do desenvolvimento é a de te deixar equilibrando um monte de pratos em uma cozinha, não deixando nenhum cair no chão, que está molhado e escorregadio. Enfim, tudo no jogo é feito para complicar a sua vida, e a equipe responsável o fez com louvor.
E, se o gerenciamento do prédio já é uma tarefa complexa, o jogo fica ainda mais injusto quando as decisões envolvem a sua família. Beholder é cruel, e não tem vergonha disso. Não cuide direito de sua família e você verá seus filhos morrerem, não importando o que faça para salvá-los. Não encontre razões para prender determinada pessoa, então invente alguma para cumprir seu dever. E tudo, embora não pareça, está em suas mãos. As circunstâncias te incentivam a tomar determinadas decisões, mas quem as toma é você.
Beholder é um game bem interessante. Mais do que um simples gerenciador de apartamentos, o jogo te traz fortes questões morais e te incentiva a tomar decisões cruéis, em determinados momentos. Seu universo sombrio, somado a um contexto opressor e ao desconforto que você sempre sentirá ao executar suas tarefas o diferenciam da maioria dos jogos do gênero. Beholder Complete Edition já está disponível, para Xbox One e Playstation 4.