A maior luta de Robert Downey Jr. não foi contra Thanos, e sim contra as drogas
Quem vê Tony Stark há dez anos chutando traseiros, reunindo Os Vingadores, e ganhando um tempinho para ostentar a sua grana, talvez pode não saber que o ator atrás da armadura, Robert Downey Jr., já enfrentou um adversário tão poderoso quanto Thanos, que está chegando com toda a sua força em busca das jóias do infinito em Os Vingadores – Guerra Infinita.
A grande luta de um ser humano, é contra ele mesmo, seus vícios, problemas e demônios pessoais. Downey Jr. passou por problemas sérios com drogas, chegando ao ponto de ir preso, passar por problemas das mais variadas espécies, o que conta muitas visitas às clínicas de reabilitação. De “queridinho de Hollywood” no início dos anos 90, a ponto de ser indicado a Oscar, até chegar ao fundo do poço em 2003, renascendo para se tornar um dos atores mais bem pagos do mundo, e querido por todos por dar vida a Tony Stark nos filmes da Marvel, a história do ator é um ótimo exemplo de superação, e, assim como um grande herói, foi preciso encarar de frente seus grandes vilões, e decidir vencê-los, sendo mais forte do que eles, ou não.
Um herói talentoso, mas com um grande inimigo para enfrentar
Filho de cineasta, Downey Jr. já sabia o que era interpretar desde a infância. Foi conquistando, através de talento e a influência de seu pai, por viver praticamente “dentro do cinema”, espaço e papéis, como algumas aparições no Saturnday Night Live, nos anos 80. Interpretou também em Tuff Turf, e em Mulher Nota 1000. No final dos anos 80, o sucesso começou a bater mais forte em sua porta, com Abaixo de Zero, em que o ator vivia na pele de um viciado em cocaína. Porém, a consagração definitiva veio em 1992, com a indicação ao Oscar — a estatueta ficou com Anthony Hopkins, em O Silêncio dos Inocentes — no filme de Chaplin.
Porém, o que seria um futuro de grandes papéis e consagração definitiva na carreira, se transformou em um grande problema. Influenciado por seu pai, começou a fumar maconha desde os 8 anos de idade, o que gerou um vício em heroína. Para a Rolling Stone, o ator comentou sobre esta situação. “Essa lama mexicana, acaba pegando você pelo coração e me separa de tudo. Todos aqueles anos cheirando cocaína, acabaram me fazendo acidentalmente me envolver com heroína depois de fumar crack pela primeira vez. Aí, finalmente, amarrei os meus cadarços juntos. Fumando maconha e cocaína, você fica sem defesa. A única saída desse estado de esperança é a intervenção”.
Um dos episódios mais insanos vividos por Downey Jr. nestes tempos sombrios aconteceu em maio de 1996, quando ele, dirigindo em alta velocidade nu em seu carro, acompanhado de uma Magnum .357, foi preso pela polícia, alegando para os guardas que seu carro estava cheio de ratos. Para evitar a prisão, topou participar de um programa de reabilitação. Porém, durante a supervisão, ele resolveu sair semi-nu Malibu afora, e acabou entrando em uma casa desocupada. Quando os donos chegaram, encontraram o futuro Homem de Ferro dormindo na cama da criança, o que gerou uma nova prisão, que desta vez, se tornaria uma detenção de quatro meses devido a seu comportamento.
Faltando a mais um teste de drogas para a sua reabilitação, desta vez o ator foi condenado a três anos — cumpriu apenas um — de prisão na cadeia estadual, e a partir daí, o seu inferno pessoal só aumenta. Cortado da série Ally McBeal em 2001, sua vida se resumia a sessões de reabilitação, passagens na polícia e problemas em casa. Deborah Falconer, sua esposa, acabou deixando-o, levando com ela seu filho, Indio Downey.
A reviravolta de um herói, e a sua nova armadura para vencer o mal
Sua situação começou a mudar em 2003. Se vendo sem trabalho, e sem família, decide mudar sua situação, atirando as drogas que possuía no Pacífico e decidindo entrar em um intenso programa de reabilitação. Sua atual esposa, Susan Levin, também foi fundamental no processo, pois lhe deu um ultimato. Outra pessoa que o ajudou nesta época foi Mel Gibson. Por seu histórico complicado, nenhum diretor queria o ator no set, pois, mesmo convencidos de que ele queria mudar, seus custos eram muito altos, devido aos preços exorbitantes de títulos de seguro, necessários para tê-lo no set.
Foi então que o Mad Max decidiu subscrever pessoalmente o seguro de responsabilidade civil de Downey, para que assim, ele pudesse participar de Crimes de um Detetive, de 2003. Com o seu novo comportamento, e o talento que já era notado há décadas atrás, foi ganhando novos papéis, aparecendo em Soltando os Cachorros, Boa Noite e Boa Sorte, O Homem Duplo e Zodíaco, entre diversos outros filmes.
A recompensa definitiva por sua mudança veio com uma armadura especial. Em 2008, o mundo conheceu o Homem de Ferro, e com ele, a atrasada, porém, definitiva consagração do ator. O filme, que foi um sucesso de público e crítica, abriu as portas para que a Marvel — ainda sem a Disney, que compraria a companhia apenas em 2009 — pudesse investir no que conhecemos hoje como o Universo Cinematográfico Marvel, com seus muitos personagens e Os Vingadores, que está com o quarto filme à porta e já é um fenômeno cultural, mesmo antes da estreia. O próprio herói é observado com muito carinho por Downey Jr., por, segundo ele, “ser um personagem rico, mas cheio de defeitos”.
Downey Jr. ainda fez sucesso com os filmes de Sherlock Holmes, e ganhou uma segunda indicação ao Oscar, em 2009, como Melhor Ator Coadjuvante, perdendo para o inesquecível Coringa de Heath Ledger, que recebeu o prêmio postumamente. O ator ainda foi, por três anos seguidos (2013, 2014 e 2015), o mais bem pago do mundo, recebendo a bagatela de US$ 80 milhões, para salvar o mundo em Vingadores: Era de Ultron.
Recuperado, o ator é visto falando abertamente em vários veículos sobre seus vícios e sobre as suas atitudes de mudança. Para a Isto É Gente, o ator disse que “não deseja o que passou nem para o seu pior inimigo”. Para a publicação, ele também esclareceu que seu passado, apesar de não ser negado, não faz mais parte de sua vida. “Não sou do tipo que gosta de lamentar. Simplesmente fechei a porta para o passado. E finjo que ele fez de mim uma pessoa melhor”.
Downey Jr. é um exemplo famoso de superação, mas não é por ser famoso, que seu exemplo não pode ser admirado. Sei que há diversos “Downeys Jr.” anônimos que decidiram dar uma reviravolta nas suas vidas, e decidiram enfrentar seus demônios, e, todos eles tem a sua importância. Aqui temos um exemplo, porém em nossas vidas, podemos encontrar vários outros, seja com personalidades, ou com o seu vizinho. Apenas se lembre que sim, é possível encarar seus problemas e, com muita fé, determinação, e com o apoio de gente que te ama de verdade, é possível vencer qualquer dificuldade!
Quer começar? É só dar atenção para o conselho do próprio ator, dado em entrevista para a Vanity Fair, em 2014: “O primeiro trabalho é sair daquela caverna. Muitas pessoas saem, mas não mudam. Então a coisa certa a fazer é sair e depois reconhecer o significado dessa negação agressiva do seu destino, passar por uma prova severa para sair como um metal mais forte. Ou como achar melhor”.