Análise Arkade: Light Fall parece uma mistura de Limbo com Ori and the Blind Forest
Se tem algo quase tão antigo quanto os próprios videogames, são os jogos de plataforma 2D. Porém, nem todo game do gênero precisa ser igual ao outro, e Light Fall chega incorporando novidades interessantes a um gênero tão clássico!
Um mundo em perigo
Light Fall nos apresenta a um mundo mágico e misterioso chamado Numbra, que vive sob uma noite eterna depois que suas divindades foram subjugadas e aprisionadas por uma força maligna.
Na pelo da última divindade livre, uniremos forças com uma sábia e rabugenta coruja para liberar os outros deuses e tirar Numbra das trevas de uma vez por todas, em uma jornada cheia de aventuras e perigos.
Cubos mágicos
Em uma primeira olhada, Light Fall pode parecer um jogo de plataforma 2D bem tradicional — com um design que inclusive lhe coloca perto de Ori and the Blind Forest ou alguma cópia de Limbo.
Porém, se no visual ele não parece nada de mais, é no gameplay que ele traz seu grande diferencial: nosso pequeno protagonista é capaz de controlar o chamado Centro da Sombra… o que na prática lhe concede a habilidade de criar cubos que podem tanto servir de plataforma, como também proteção, apoio e muito mais.
Tipo assim, ó:
A utilização destes “cubos mágicos” compreende o cerne do game: você terá que criá-los para ultrapassar grandes abismos, utilizá-los para acionar mecanismos, ou posicioná-los de forma que eles protejam o personagem de lasers e outros perigos. Há até um “cubo fantasma” que o personagem arremessa para quebrar barreiras ou atacar inimigos.
Claro que há certas limitações: sempre que cria um novo cubo, o anterior desaparece. Além disso, você só pode criar um máximo de 4 cubos contínuos — para “zerar” seu contador, você deve obrigatoriamente pisar em terra firme novamente. Isso agrega alguma estratégia ao game, impedindo que você simplesmente saia saltitando pelos seus próprios cubos de maneira leviana.
Como toda mecânica bem introduzida, não demora para a utilização do Centro da Sombra se tornar natural e intuitiva. O que é essencial, visto que o game oferece um bom nível de desafio, entregando sequências de saltos bem mirabolantes para o jogador superar através da utilização precisa de suas habilidades.
O level design de Light Fall parece pensado para a velocidade — de fato, o game possui um modo “speed run” para quem quiser simplesmente voar através das fases, ignorando a história e o blábláblá de Stryx. Mesmo durante a campanha tradicional esse feeling de velocidade é latente… só fique ciente que se optar por simplesmente sair correndo, você não encontrará alguns colecionáveis e segredos.
Além de encarar armadilhas, espinhos, lasers, abismos e tudo mais através de florestas, ruínas e pântanos, vez ou outra você também ficará cara a cara com chefões. Esse aqui é só o primeiro deles:
As boss battles de Light Fall são intensas e divertidas, geralmente seguindo aquele esquema “utilize o cenário a seu favor para causar dano ao chefe”. Um adendo interessante que testa os reflexos do jogador e faz bom uso das habilidades do protagonista.
Audiovisual
Light Fall sem dúvida parece um dos muitos clones de Limbo que já vimos por aí, mas não se engane: o game possui identidade própria, e o “lore” de seu mundo é bastante denso e desenvolvido.
A coruja Stryx está o tempo todo compartilhando histórias interessantes que aprofundam a mitologia de Numbra, algo que, se não é realmente crucial para a história em si, agrega valor ao universo no qual estamos inseridos. É um cuidado narrativo muito bem-vindo que nem todo jogo se dá ao trabalho de explorar.
Fora isso, temos aquele 2D de contrastes e silhuetas, com sombras “projetadas” sobre backgrounds coloridos, e algum parallax para conceder profundidade ao conjunto. Não é nada realmente memorável — até porque diversos outros jogos já fizeram algo do tipo –, mas também não é feio. É uma estética meio batida, mas que ainda funciona, especialmente pela beleza dos cenários.
Light Fall chega ao Brasil totalmente legendado em português brasileiro, o que é ótimo para que possamos acompanhar as lendas e histórias de Stryx. A trilha sonora orquestrada é sutil na maior parte do tempo, mas sobe de volume e intensidade para coroar momentos de tensão e adrenalina.
Conclusão
Enquanto eu jogava Light Fall, não deixava de pensar o quanto ele é parecido com Ori and the Blind Forest. Considero Ori and the Blind Forest um dos melhores jogos dos últimos anos, e se Light Fall me remeteu a ele, acredito que isso atesta a qualidade do jogo.
Claro que aqui tudo é mais linear (aqui temos um jogo de fases, não um MetroidVania) e simples, mas o gameplay afiado e a temática “precisamos salvar este lugar mágico de uma entidade maligna” são bastante semelhantes.
É engraçado como ele parece com tantos outros jogos, mas não se engane: Light Fall pode até parecer só “mais um” em meio a tantos outros jogos que já vimos por aí, mas tem predicados de sobra para se sustentar por si só, tanto em termos de história quanto de gameplay.
Light Fall foi lançado em 26 de abril, com versões para PC (via Steam) e Nintendo Switch.