Análise Arkade: controlando as estações com muita nostalgia em Fox n Forests
Alô você que está com saudade de um bom jogo de plataforma 2D como nos tempos do Mega Drive e do Super Nintendo: Fox n Forests tem a maior cara de geração 16-bits, mas é um lançamento atual e cheio de boas ideias, confira nossa análise!
Uma raposa interesseira
Fox n Forests nos apresenta a Rick, uma raposa oportunista que é escalada por um pardal para salvar a floresta. O que rola é que a Árvore das Estações (que lembra muito uma certa árvore de uma certa franquia da Nintendo) teve alguns pedaços de sua casca roubados, e isso pode zoar as estações, colocando em risco a vida da floresta.
Felizmente, a sábia árvore nos presenteia com uma besta que nos permite controlar as estações, e iremos utilizar este “super poder” para superar obstáculos, perigos e inimigos em busca das partes roubadas da árvore.
É uma história bobinha e até meio mal desenvolvida, mas — como outros jogos da geração 16-bits — a narrativa aqui é apenas um detalhe: o que importa aqui é o gameplay, que revisita conceitos básicos do gênero plataforma 2D, mas arruma espaço para boas novidades.
Controlando as estações
A maior destas novidades obviamente se apresenta na forma da habilidade de controlar a mudança das estações. Nunca podemos saltar livremente entre elas — cada fase geralmente varia entre 2 estações pré-determinadas– mas o level design é criativo na hora de apresentar obstáculos que se aproveitem desta habilidade.
Por exemplo: nossa raposa não é capaz de nadar para cruzar um rio, mas ao mudar o clima para Inverno, a água se congela, permitindo que você passe andando. Em outros momentos, devemos usar as folhes secas de Outono como plataformas móveis para cruzar abismos.
São situações geralmente simples, mas que fazem um bom uso desta mecânica tão específica. A mudança de estação também é útil para sumir com alguns inimigos. É comum criaturas hibernarem durante o Inverno certo? Então talvez seja uma boa ideia esfriar as coisas quando se deparar com alguma fera que pareça particularmente intransponível.
De resto, prepare-se para encarar uma aventura bastante old school, cheia inimigos pentelhos (que tem uma taxa de respawn ridiculamente alta), chefes gigantes e algumas sequências de plataforma que irão demandar saltos meticulosos.
Tão variado quanto colorido
Fox n Forests é aquele tipo de jogo de plataformas que flerta de leve com o RPG. Conforme acumula moedas, você pode comprar novas habilidades para Rick, inclusive flechas elementais para sua besta. Apesar deste ser um jogo de fases linear com mapa do mundo — no melhor estilo Super Mario World — há um toque de MetroidVania na receita: talvez você queira revisitar algumas fases ocasionalmente, pois há itens que só revelam seus segredos se acertados com uma flecha elemental específica.
Além do tradicional gameplay de plataforma e ação 2D, vira e mexe o jogo assume a forma de um shoot ‘em up, com o jogador podendo voar enquanto troca tiros com corvos e abelhas. É uma alternância que vimos em jogos como Cuphead, mas não deixa de ser bem-vinda.
Outra coisa legal são as batalhas contra chefes: eles costumam ser enormes, e seguem aquela fórmula de padrões de ataque que devem ser decorados. Porém, é comum eles contarem com alguma boa sacada envolvendo a troca de estações, o que torna cada batalha única e com suas próprias dinâmicas.
Audiovisual
Se algum desavisado ver você jogando Fox n Forests, pode achar que você resolveu tirar o pó do seu Super Nintendo, de tanto que seu visual parece com o dos bons e velhos jogos de 16-bits. Já cansamos de ver jogos em pixel art, mas poucos conseguiram emular com tanta perfeição a estética e o feeling daquela época em que Sega e Nintendo brigavam pelo topo.
As mudanças climáticas afetam totalmente os ambientes, e é muito legal ver o “jogo de sete erros” que uma mesma tela pode se tornar com a troca de estações. Ao pressionar de um botão, frutos podem brotar, flores podem se abrir, e toda a paleta de cores se altera, em um efeito belíssimo que faz com que cada tela do game tenha pelo menos duas versões.
Se liga no exemplo:
A trilha sonora segue a mesma pegada, com temas em chiptune grudentos que rolam em loops aparentemente infinitos. Não consegue ser memorável, mas combina com a vibe “anos 90” do game. O jogo ainda traz algum bom humor em seus diálogos, mas você vai precisar estar com seu inglês em dia se quiser entender tudo, pois ele infelizmente não recebeu localização para o nosso idioma.
De resto, algumas escolhas de game design podem ser meio inconvenientes. Por exemplo, você precisa pagar para liberar checkpoints durante as fases. Porém, as fases bônus são basicamente para coletar moedas, e podem ser repetidas quantas vezes o jogador quiser, de modo que a importância do dinheiro acaba sendo facilmente esquecível. Porém, você vai precisar encontrar sementes ,mágicas para acessar esses bonus stages, e reunir as tais sementes já é algo bem mais trabalhoso.
Para finalizar, abro aqui um parêntese para falar de algo que me deixou curioso: esta não é a primeira vez que temos uma raposa controlando as estações do ano em um game. Lá em 2016, Seasons After Fall também nos trouxe uma raposa com estas habilidades. Será que as raposas têm algum tipo de poder climático que só os game designers conhecem?!
Conclusão
Fox n Forests definitivamente parece uma joia perdida dos tempos do Super Nintendo. Ele não chega a ser desesperador de difícil como eram os Castlevanias e Mega Mans de antigamente, mas entrega um bom nível de desafio, e a criativa utilização da mecânica de troca de estações agrega um frescor que o distancia do estigma de ser “só mais um jogo de plataforma 2D genérico”.
Apesar de algumas escolhas meio equivocadas de game design, o que temos aqui é um jogo simpático e bem feitinho, que consegue resgatar como poucos o feeling que tínhamos nos tempos de “soprar cartucho” e “alugar fita”. Uma aventura nostálgica especialmente recomendada para retro-gamers saudosistas.
Fox n Forests está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.