Análise Arkade: SNK Heroines Tag Team Frenzy traz gameplay raso e muito fan service
Quando a SNK anuncia um novo jogo de luta, a gente sempre fica com a expectativa bem alta, afinal estamos falando da empresa que nos entregou pérolas como Fatal Fury, The King of Fighters e Samurai Shodown. Se você está no hype por SNK Heroines Tag Team Frenzy, confira nossa análise em primeira mão e saiba o que esperar do game!
A história é uma piada
Para quem não está sabendo, SNK Heroines Tag Team Frenzy prometia ser um jogo totalmente girl power, e reunir a mulherada da casa — SNK –para uma leva de pancadaria em duplas. Ok, tem o Terry Bogard ali no meio, mas ele virou uma loirona, então tá meio dentro da proposta.
Ok, mas tem uma história para justificar esse torneio feminino? Até tem, mas o Modo História é uma piada — e de mau gosto: o que rola é que Kukri (um dos novos personagens apresentados em The King of Fighters XIV) criou uma “dimensão de bolso”, e levou as garotas para lá para transformá-las em estátuas de areia para sua coleção.
O motivo? Cara, é tão bizarro que eu prefiro te mostrar o que o vilão tem a dizer sobre isso. Confere aí:
Pois é. “Explosão de Fetichismo“. Essa é a justificativa que nós temos para a pancadaria aqui. Vergonha alheia define.
O gameplay é… estranho
Bom, se a história é zoada, pelo menos o gameplay compensa, né? Mais ou menos: SNK Heroines Tag Team Frenzy tenta trazer uma experiência no estilo de The King of Fighters mais acessível… mas ele simplifica um pouco demais as coisas.
O gameplay aqui é bem parecido com o do recente Blade Strangers: temos dois botões de ataque, um de agarrão, um de defesa e um de “habilidade” — que ao ser usado junto com o direcional, realiza as magias e golpes especiais que outrora eram realizados com comandos do tipo “meia lua pra trás” ou “meia lua pra frente”.
Para ganhar uma luta, não basta zerar a barra de vida do time inimigo (sim, a barra de vida é compartilhada): você precisa encher o seu medidor de especial, e aplicar o golpe — que aqui é feito com apenas um botão, nada de sequências complicadas — quando o inimigo já estiver sem energia. Quando a barra de vida se esvazia, praticamente qualquer ataque tonteia o inimigo, facilitando a aplicação do golpe.
Confira alguns minutos de gameplay da dupla Mai Shiranui e Terry Bogard no vídeo abaixo:
Reparou como os combos são meio repetitivos? Pois é, o gameplay poda qualquer possibilidade de inovação, simplesmente porque há poucos botões de ataque e, consequentemente, poucas opções de golpes. Não há muito o que combinar, e o resultado é um gameplay raso, que não evolui.
Eu não sei se essa simplificação dos comandos é uma tendência, mas espero realmente que a moda não pegue. Os Easy Combos de alguns jogos já simplificavam as coisas, mas o que temos aqui é algo que realmente joga contra, deixando o gameplay pobre, sem espaço para inventividade.
Acho até ok uma nova IP como Blade Strangers fazer isso — afinal, é um novo jogo, de uma empresa sem tradição em jogos de luta — mas estamos falando da SNK, empresa lendária no gênero, responsável por The King of Fighters. Mecanicamente, SNK Heroines Tag Team Frenzy não se parece em nada com TKoF, ainda que a maioria dos golpes especiais continuem presentes — mas agora basta apertar um botão para fazê-los.
A Explosão de Fetichismo
O que nos leva ao próximo ponto: SNK Heroines Tag Team Frenzy é um prato cheio pelo fan service, pelo fetichismo em si. A SNK é cheia de personagens bonitas, estilosas e voluptuosas, e aqui os jogadores têm a opção de vê-las em trajes pra lá de reveladores.
Pegue a Mai Shiranui, por exemplo. Difícil alguém alegar que a moça andava “muito vestida” antigamente, mas agora chegamos a um novo patamar: o traje inicial dela é um biquini de vaquinha, com direito a chifres, cauda e sininho no pescoço.
Confira abaixo um pouco da explosão de fetichismo customização de trajes e acessórios da própria Mai no vídeo abaixo:
Cada personagem possui 3 trajes diferentes, e vários deles parecem saídos diretamente de um sex shop, tipo estudante, policial, coelhinha, cheerleader e por aí vai. Além destas fantasias, existem dezenas de outros tipos de acessórios — óculos, laços, máscaras, asas, lentes de contato, etc. — para quem quer complementar o look.
Aí entra uma situação curiosa: o gameplay é acessível até demais, e o jogo ainda tem uma ênfase nesse lance de vestir as meninas, comprar acessórios, e tal. Isso me faz acreditar que seu foco é no público casual… porém, o nome SNK por si só atrai fãs de suas franquias, e eles — que cresceram jogando TKoF — provavelmente não ficarão satisfeitos com o gameplay, nem irão se deixar seduzir por esse fan service.
Audiovisual
Aqui não há do que reclamar. O jogo aproveita o estilo tridimensional adotado em The King of Fighters XIV, e traz personagens bem modeladas e boas animações. Aqui também há um “fator kawaii” envolvido — tipo animações de golpes bizarras com patinhos de borracha e comidas orientais, mas não é nada de mais.
A trilha sonora cumpre seu papel, e as dublagens — totalmente em japonês — são muito boas, trazendo um bem-vindo senso de unidade em relação aos demais games da produtora. Os loadings são bem rápidos, e a pancadaria flui suave a 60fps. Ah, e vale ressaltar que os menus e legendas estão em português brasileiro.
Conclusão
SNK Heroines Tag Team Frenzy é um jogo estranho. Simplista até demais em termos de gameplay, ele parece mais preocupado em ser uma fonte de fan service e uma “explosão de fetichismo” do que um bom fighting game.
O que temos aqui é um jogo extremamente raso mecanicamente, com uma história boba e cujo único apelo parece ser a customização das lutadoras. Não sei você, mas eu não busco um jogo de luta para ficar trocando roupinhas de personagens, então não há muito o que recomendar aqui. Fique com seu bom e velho TKoF que você ganha mais.
SNK Heroines Tag Team Frenzy está sendo lançado hoje (7 de setembro), com versões para Playstation 4 e Nintendo Switch. Este review foi feito com base na versão PS4 do game, em uma cópia que recebemos antecipadamente da assessoria da SNK/NIS America.