RetroArkade: as diferenças entre o circuito real de Daytona Beach e o de Daytona USA
Daytona USA é um clássico entre os games de corrida. Independente de quem prefere jogos arcade, ou simulação, o game da SEGA é uma verdadeira festa. Mas também traz muito desafio, para quem adorava cravar suas iniciais entre as melhores nos gabinetes.
O game, obviamente, é inspirado na NASCAR, e, mais especificamente, no lendário circuito de Daytona. O Daytona International Speedway é localizado em Daytona Beach, na Flórida, e é um dos ovais mais famosos por lá. A pista recebe a Daytona 500, as 24 Horas de Daytona, entre diversos outros eventos com o passar do ano.
Por lá, é tão icônica quanto Indianápolis, lar das famosas 500 milhas. E também compartilha de fama com outro importante circuito dos EUA, Talladega. Assim, a pista justifica, através de sua fama, a escolha da SEGA para buscar sua licença, a fim de desenvolver seu jogo de corrida baseado em Stock Car.
Mas você sabia que a pista do game não é uma recriação fiel da pista real? Vem comigo ver as diferenças entre a pista original de Daytona, e a versão que a SEGA desenvolveu para o seu lendário game! Let’s go away!
A lendária Daytona International Speedway
A pista, inaugurada em 1957, é um tri-oval. Possui 4.2 km de extensão, ou, nos padrões dos EUA, 2,5 milhas. Conta com inclinações de 31° nas curvas longas, 18° na curva menor, junto com a linha de chegada, e 2° em suas retas. Junto a linha de chegada, um gramado ostenta o icônico logo no circuito, que sempre aparece, ou nas largadas, ou nos boxes.
É um circuito veloz. O recorde de tempo pertence a Bill Elliot, que fez, em 1987, um tempo de 42.783 segundos. Ele atingiu 338.548 km/h, o que equivale as 210.364 mph, utilizadas nos EUA. Este recorde é improvável de ser superado nos dias de hoje, pois atualmente, por medidas de segurança, os carros contam com um chip limitador que permite que eles cheguem apenas em 315 km/h.
Mas, é bem diferente do circuito “irmão” dos videogames. O circuito é bem mais longo, tem tempos médios de volta maiores, e oferece mais traçados, para outros tipos de corrida.
O circuito, além do tri-oval, também conta com dois circuitos mistos. Um, conta com um traçado extra logo após a linha de largada, e uma chicane em sua reta, feito, assim, para as disputas de 24 horas. E a outra, com mais curvas, que não utiliza a curva 1, foi feita com foco em corridas de moto. Por ser veloz, também é muito perigosa. 40 pessoas já morreram no circuito, dentre estes, 23 pilotos de carros. O acidente mais emblemático foi o de Dale Earnhardt, que faleceu na última volta da Daytona 500, em 2001. Seu filho estava bem próximo, correndo entre os três primeiros naquela ocasião.
O circuito multi-uso, que também serve para corridas de Supercross e kart, também está disponível nos games. Se não é possível correr nele no próprio game que leva seu nome, pelo menos dá pra se divertir em suas curvas em Gran Turismo 5 e 6, Forza Motorsport 6 e 7, Real Racing 3, e Project CARS 2, entre outros jogos. Além deles, o iRacing também conta com a pista para corridas.
O Daytona da SEGA que não é em Daytona
Daytona USA nasceu da união de dois elementos. O primeiro deles foi a empolgação de Toshihiro Nagoshi, criador do game, após assistir uma corrida da NASCAR em uma viagem aos EUA. E o segundo, foi a necessidade de expandir o conceito de games de corridas em 3D da SEGA, que começou com Virtua Racing.
Para Nagoshi, o estilo da NASCAR, não só pela pilotagem mais agressiva, mas também por toda a aura que a cerca, foram fundamentais para inspirá-lo a desenvolver um game de corrida com este formato. Levando, assim, este formato aos videogames. Com a inclusão de pistas bem projetadas, riquezas em detalhes, para um jogo da época, muita fanfarronice com o “selo SEGA de qualidade”, e um gameplay impecável, tivemos, em 1994, um dos games mais influentes de corridas em todos os tempos.
Mas, curiosamente, de Daytona, o game só tem o nome. E a logo, com as devidas licenças. Todas as três pistas originais foram desenhadas pela própria equipe de desenvolvimento. Incluindo a oval, a Beginner, chamada também de Three-Seven Speedway. A pista é menor, mais rápida e conta com curvas mais fechadas.
Semelhantemente a pista real, aqui a reta também é em curva, que logo te direciona para a primeira curva. Que te prepara para a segunda, e te manda para uma reta, local para obter as velocidades mais altas. E também para te mandar para a curva na qual grande parte dos jogadores capotavam o carro por fazê-la sem frear. Após a curva fechada com a icônica placa “São Paulo”, hora de acelerar de novo e fechar a volta.
Os tempos aqui são muito mais baixos. Jogadores casuais conseguem fazer uma volta entre 22 e 20 segundos, enquanto os mais dedicados fazem voltas entre 19 e 16 segundos. Se não fossem as curvas mais fechadas, que precisam de redução de velocidade, este circuito poderia ser, tranquilamente um Superspeedway, com velocidade passando os 320 km/h. Mas seu formato é mais parecido com a antiga pista de Nazareth, cujas voltas também aconteciam neste tempo mais baixo.
Uma grande pista para um grande game
A Three-Seven Speedway, embora muito diferente da pista de Daytona, serviu como uma boa representação do universo das corridas da NASCAR, na época, não muito populares fora dos EUA. Apesar de não ser a pista original, nela tem coisas muito mais legais, como um Sonic moldado em uma rocha, ou a roleta que ficava na reta do circuito.
Mas, seja pelas fanfarronices, pistas legais, ou pelo gameplay viciante, Daytona USA é um dos jogos mais legais pra se correr, até hoje. Se não há a dificuldade da simulação, a necessidade de decorar cada pedaço da pista, por tempos mais baixos, é o suficiente para fazer dele, um game obrigatório para todos aqueles que gostam de correr com um videogame.