#TBTArkade – SALEX 95, a feira brasileira com games, na Ação Games de outubro de 1995
Anos antes de Brasil Game Show, GameXP, e todos estes eventos que acontecem no Brasil, já existia algumas atividades, que levavam os jogadores a conhecerem as novidades da época. Entre elas, a SALEX. A South America Leisure Exhibition teve sua primeira edição em 1991, e em 1995, era o local o qual os arcades mais desejados eram apresentados.
E, como não poderia ser diferente, as revistas de videogames estavam por lá. Entre elas, a Ação Games, que participou da edição de 1995, levando a seus leitores o que havia de mais bacana no momento, como Sega Rally, e Tekken 2.
Vem com a gente revisitar mais uma matéria clássica das revistas antigas de videogame, e conhecer mais sobre como era o cenário do videogame brasileiro naquela época. Que foi registrado na Ação Games #92, de outubro de 1995.
A South America Leisure Exhibition
Com a sua primeira edição em 1991, o evento ainda se chamava EXPO GAMES, em Águas de Lindóia. Aconteceu entre os dias 4 e 5 de maio. A feira abordava entretenimento de vários tipos, envolvendo de mesa de bilhar, até as diversões eletrônicas. Entre elas, claro, os videogames. O objetivo principal, era a de expor o Brasil como mercado em potencial para este universo.
Nesta época, o Brasil já contava com a Tec Toy esbanjando esforços com os videogames da SEGA, e empresas que se utilizavam da Reserva de Mercado para lançarem seus “Famiclones”, como o Phantom System, da Gradiente, e o Turbo Game, da CCE. E, falando ainda sobre a Reserva de Mercado, a lei de informática na época já havia aberto mais portas, e estava perto de expirar. A lei terminou de fato em 1992.
Isso garantiu um interesse maior não só do investidor brasileiro, mas do estrangeiro. O que garantiu edições anuais. Passou a se chamar SALEX em 1993, já funcionando em São Paulo, e assim foi até 2014, em edições que reuniam profissionais de videogames, jogos de apostas, brinquedos, e todo tipo de diversão, manual e eletrônica.
Em 2015, a edição foi cancelada, e uma nova seria agendada para 2016. Desde então, não houve mais edições do evento. Embora ainda exista uma página ativa, e com atualizações regulares.
SALEX 1995 – Marvel Super Heroes, Tekken 2 e muito mais!
A SALEX 95 teve a organização das revistas Euroslot e Games News. Além do apoio da A.A.M.A., associação dos EUA que trabalha pela indústria de diversões. Foi realizada no antigo Mart Center, em São Paulo, entre os dias 24 e 26 de agosto daquele ano. Foram mais de 20 mil metros quadrados em exposição, o que garantia o status de maior feira de diversões do Hemisfério Sul, na época.
No evento, participaram diversas empresas nacionais e internacionais, nos ramos de videogame, flipper, jukebox, bilhar, equipamentos para parques de diversões, cassinos, entre outros. No ramo dos videogames, foi a oportunidade de empresas que já atuavam no Brasil apresentarem suas novidades.
A Namco, por exemplo, trouxe o seu arrasa-quarteirão, o Tekken 2. E a revista também deu destaque ao CyberCicle, simulador de motos, que oferecia até três tipos de motos para jogar. Uma futurista, outra que lembrava as icônicas Harley Davidson, e uma atual, para a época.
Já a SEGA, que vivia um ótimo momento nos arcades em 1995, trouxe Sega Rally 2. A Ação Games tratou o game como um “Daytona melhorado”, por causa das variedades que o game oferecia, com corridas na terra ou neve. Também foi mencionado o Virtua Fighter 2, um pinball de Batman Forever (sim, daquele filme bizonho com o Jim Carrey), e o Virtua Soccer.
A SNK, que já havia conquistado muita gente com o seu The King of Fighters ’94, levou seis máquinas para a SALEX. Incluindo, claro, o KOF 95, a sensação da empresa na época, que chamava atenção, entre outras coisas, para a possibilidade de, enfim, formar o seu próprio trio. Além deles, também foram expostos PulStar, o futuro fenômeno Metal Slug, Aerofighters 3, Stakes Winner, e Mr. Do Neo.
A Capcom e seu amor antigo pelo Brasil
Já a Capcom, que na época era representada pela ROMSTAR do Brasil, reforçou na SALEX 95 o ótimo trabalho que estava desenvolvendo por aqui na época. Com um estande de 600 metros quadrados, 90 máquinas disponíveis e vários modelos vestidos como os personagens do infame filme, lançado no mesmo ano, levou, obviamente o esquisito jogo baseado no longa.
Mas também levou seus nomes de peso. Poucos, de acordo com a revista. Street Fighter Zero (ou Alpha), havia sido lançado oficialmente no país. Com as famosas legendas em português, que contavam com limitações de caracteres, ou alguns erros. Mas que eram queridos pelos jogadores. Cyberbots também agradou com sua luta com robôs.
SlipStream, jogo de corrida, que simulava a temporada de 1993 da Fórmula 1, foi feito em parceria com a SEGA. E também estava lá, aproveitando a febre dos jogos de corrida e seus gabinetes fanfarrônicos.
Os tempos eram outros, então garantir as novidades mais quentes, ás vezes, não era possível. Foi o que aconteceu com Marvel Super Heroes. O grande jogo de luta, que inovou de muitas formas, como a inclusão das Jóias do Infinito de maneira criativa. E as várias maneiras diferentes usadas para explorar os lutadores, não foi exposto. Mas foi confirmado que chegaria oficialmente no Brasil ainda durante o ano de 1995, além de Mega Man.
A ROMSTAR, que tem uma história muito interessante no universo do videogame brasileiro, ajudou e muito a consolidar uma indústria forte no país. Assim como a Tec Toy, a empresa se esforçava em trazer jogos para cá, e com textos em português. A SALEX 95 foi uma espécie de auge, para uma empresa que, durante seu tempo de vida, somou positivamente para a nossa indústria.
Um pontapé inicial
A SALEX, apesar de ser um evento fechado, movimentava a indústria da diversão e, entre elas, os videogames. Com certeza, foi um dos grandes nomes que ajudaram a fortalecer o setor. E mostrar o potencial brasileiro e as capacidades de vendas que existiam por aqui. Mesmo com impostos altos, e muita incompreensão, o Brasil já demonstrava ser um mercado atraente para estas empresas.
Falando em empresas, a Electronic Arts e a Ubisoft chegaram ao Brasil alguns anos depois. Enquanto a Tec Toy seguiu fiel à SEGA, mesmo depois da saída da empresa do ramo de consoles. Garantindo, assim, até o lançamento do Dreamcast. Além da Playtronic que, mesmo ficando apenas com a Gradiente depois, chegou a lançar o GameCube por aqui. Mas, pouco a pouco, Sony, Microsoft, Bandai Namco, Capcom e várias outras empresas foram se instalando por aqui. Sempre trazendo conteúdo em nosso idioma, e fazendo até de jogos dublados, algo comum.
Já sobre eventos, depois da SALEX houveram outros eventos de games. Entre eventos maiores, e menores, o setor foi, enfim, se organizando. Tendo hoje, várias opções, entre eventos de games, eSports, animes, ou cinema. Podemos destacar a BGS, a CCXP, a GameXP, torneios da ESL, ou a Campus Party como alguns dos exemplos que, direta, ou indiretamente, trazem os videogames em eventos no país.
É interessante ver que tudo isso começou, lá no distante ano de 1991. Oportunidades foram vistas e, passo a passo, com nossas dificuldades e barreiras tradicionais, o Brasil foi se mostrando um local atraente para os videogames. Muito do que temos hoje, é fruto destes esforços nas décadas anteriores. De empresas, eventos, e revistas especializadas.