RetroArkade – Kenseiden, a grande aventura samurai do Master System
O Master System é mais conhecido por seus games de plataforma, ports do Mega Drive e do arcade. Mas não é lá um console muito lembrado quando o assunto é RPG, ou um bom jogo de aventura. Entretanto, o console tem sim, poucos, mais marcantes games que oferecem um gameplay mais profundo.
Phantasy Star é o exemplo de RPG ideal, que oferecia história e gameplay muito além dos games simples que compunham a biblioteca do console. E, um outro game pouco lembrado, mas que também carrega consigo um legado de qualidade e competência, é Kenseiden.
A aventura samurai do Master System é bem injustiçada. Lançada em 1988, chegou em uma época na qual o NES já estava consolidado como grande plataforma, e recebeu naquele ano Castlevania II: Simon’s Quest, Zelda II e Super Mario Bros. 2. Os grandes lançamentos ofuscaram o game da Sega, que ainda contava com um outro problema.
É que o game simplesmente foi esquecido pela Sega. Assim, o título não ganhou continuação, nem port, nem remake, nem nada. A sorte é que as novas versões do Master System, vendidas pela Tectoy, vem com o game entre os selecionados para o console. É uma boa oportunidade para conhecer um game que levou o 8-bits da Sega ao limite.
Uma visita em 8-bits ao Japão Feudal
Kenseiden leva o jogador ao Japão no século XVI, em plena era de samurais. Além dos problemas naturais desta época, como as muitas guerras entre os Senhores Feudais, demônios também tocam o terror entre as pessoas. Eles são os Warlocks, e para derrotá-los, só há uma maneira: encontrando os cinco pergaminhos sagrados, protegidos por uma família samurai.
Além disso, é preciso também encontrar a katana pertencente a mesma família. Os Warlocks, claramente, decidiram roubar todos estes itens, para evitar a sua destruição. E é neste contexto que você, como Hayato, membro da tal família de samurais, parte pelo Japão, buscando derrotar todas as ameaças, recuperar os itens sagrados, e colocar um fim na ameaça demoníaca.
Assim, cada província japonesa é uma fase, e cada pergaminho é protegido por um chefe de fase. Esta viagem pelo Japão não é nada fácil, tanto pela situação em si, quanto pela dificuldade característica de um jogo desta época. Por isso, até chegar ao Castelo Vermelho, e encarar Yonensai, o mestre supremo dos Warlocks, o jogador terá que percorrer um árduo caminho.
Exploração raramente vista no Master System
O game flui como qualquer outro em sua época. Kenseiden é um jogo de andar pra frente atacando tudo o que se move. Plataformas com seus saltos e abismos também se fazem presente. Para o seu herói, houve o cuidado por parte da Sega em oferecer ataques variados para o personagem, esteja ele de pé, ou agachado.
Também há um sistema de melhorias. Novos ataques e upgrades para o personagem vão sendo desbloqueados conforme o avanço do jogador. O salto mais alto é um deles, o que garante, além de mais capacidades de ataque durante o jogo, um interessante fator replay. Ainda uma novidade na época, com poucos jogos explorando este elemento, Kenseiden permitia ao jogador voltar para fases já concluídas.
Um elemento bem interessante, uma vez que viajávamos pelo Japão, buscando vários itens específicos, para nos ajudar na missão. Em um exercício de imaginação, andar pelo mapa do Japão dava a impressão de jornada ao jogador. Isso também permite ao jogador, na medida do possível, criar sua própria rota rumo ao fim do game.
E, a cereja do bolo, em um game de 1988, era os elementos escondidos dentro do game. As viagens pelas fases do game — qe no caso, é uma viagem pelo Japão — se fazem necessárias, para concluir tudo o que cada fase oferece. São salas secretas com itens importantes, que exigiam do jogador da época, uma enorme capacidade de exploração. Pois, além de existirem poucos games do gênero, também não haviam muitas informações compartilhadas como é comum hoje em dia.
Evoluindo o samurai
Outro elemento que faz Kenseiden um jogo muito a frente de seu tempo está em Hayato. O samurai pode ganhar vários upgrades durante o game, que diversificam o gameplay e o apoiam na exploração entre as fases. Ganhando os pergaminhos, o personagem pode saltar mais alto, atacar em forma de arco com sua katana, atacar durante o salto, atacar com maior alcance enquanto abaixado, e atacar enquanto corre.
Além disso, também dá pra fazer treinamentos opcionais que, apesar de difíceis, recompensam o jogador com aumento de energia, e de defesa. E, se isso ainda não for suficiente, o game ainda ajuda com uma dica de continue. Basta, na tela de Game Over, fazer a sequência: cima, cima, baixo, baixo, e 2.
E também é possível selecionar a fase. Para isso, é ligar o Master System pressionando ao mesmo tempo os botões 1 e 2. Tem que segurar até a tela de título, e aí, você pode soltar, pressionando o diagonal superior do lado esquerdo, e o botão 1. A palavra Round aparecerá na tela, indicando que você fez certo.
Kenseiden – Uma jóia perdida no Master System
São muitos os elementos que fazem de Kenseiden um game excelente, apesar de esquecido. Além dos elementos de gameplay aqui mencionados, temos também um jogo muito bonito, um dos mais bonitos em toda a vida do Master System. O Japão é bem representado em suas províncias no game, mesmo com todas as limitações do console.
É um game que oferece desafio característico a games de sua época, e oferece uma exploração reservada a pouquíssimos games deste sistema. Contudo, não se sabe a razão que fez a Sega desistir da aventura samurai, e não emplacar sequências. Shinobi, por exemplo, ganhou bons games no Mega Drive, e chegou a estrelar jogos no Playstation 2 e Nintendo 3DS.
Seja problemas com quem o desenvolveu, desânimo com as vendas do jogo, ou simplesmente por não enxergarem potencial na série, Kenseiden ficou restrito ao Master System. Nem o Mega Drive ganhou alguma versão, por mais simples que poderia ser, para dar nova vida ao jogo.
Assim, temos um game bem difícil de ser encontrado. Não há Kenseiden em coletâneas, e nem em games modernos da Sega, como Shenmue ou Yakuza, que costumam colocar games antigos em seu catálogo. Resta então, a emulação. Ou, como já foi citado, aproveitá-lo na atual leva de Master System que a Tectoy vende.
Enfim, seja a forma a qual você preferir curtir o game, pode ter certeza de que jogará um game de extrema qualidade, e que oferecerá desafio na medida pra quem curte explorar games antigos.