Análise Arkade: Concrete Genie é uma simpática aventura que trata de temas delicados

12 de outubro de 2019
Análise Arkade: Concrete Genie é uma simpática aventura que trata de temas delicados

Desenhar é algo mágico, especialmente na infância. Basta uma folha de papel e uma caixa de lápis da cor para criarmos novos amigos e aventuras. Concrete Genie dá um tom um pouco mais urbano para esta magia para contar a bela história de um garotinho e seus amigos que buscam revitalizar uma cidade abandonada.

Gênios de tinta (e neón)

Concrete Genie tem como protagonista, Ash, um garoto solitário que gosta muito de desenhar, e leva para todo lugar seu caderno de rabiscos. Ash passou ótimos momentos de sua infância na cidade portuária de Denska com sua família, mas o lugar acabou ficando abandonado e sem vida.

Ash ainda vai até lá de vez em quando para ficar em paz, mas é perseguido por uma gangue de bullies que adoram arrumar confusão. Os garotos acabam rasgando o caderno de Ash e espalhando seus desenhos por toda a ilha, obrigando-o a catar todas as páginas.

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Felizmente, Ash não estará sozinho nessa: ao visitar o velho farol abandonado da ilha, ele encontra um pincel mágico, capaz de fazer seus desenhos ganharem vida! Assim, os simpáticos monstrinhos que ele passou boa parte da vida desenhando irão se tornar seus grandes aliados, ajudando-o a superar obstáculos para reaver todas as folhas de seu caderno.

Embora tenha esse viés fantástico, a história de Concrete Genie aborda temas bastante delicados, como bullying e violência doméstica. Felizmente, o jogo traz tudo isso à tona com leveza e sensibilidade, passando sua mensagem de forma lúdica, sem soar como uma cartilha sem graça.

Pintando o sete

Concrete Genie é, na prática, um jogo de exploração por um pequeno mundo aberto, ainda que esta dinâmica altere-se em alguns momentos. Nossa missão é não só encontrar todas as páginas do caderno de Ash, mas também utilizar os poderes mágicos do pincel que encontramos para revitalizar a ilha.

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Isso é feito com a ajuda dos gênios, monstrinhos que parecem feitos de neón que vamos liberando conforme exploramos a cidade e encontramos nossos rabiscos. Há diferentes espécies de gênios, e cada um pode nos ajudar de alguma maneira — por exemplo, movendo obstáculos ou energizando painéis de controle para que possamos operar coisas.

Mas eles não estão ali apenas para serem nossos ajudantes: eles irão pedir para você desenhar coisas específicas, e fazer isso mantém seus gênios felizes. Ocasionalmente eles também irão querer brincar com você, e sempre é possível fazer cócegas neles usando seu pincel!

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Na primeira metade da aventura, nosso trabalho é iluminar todos os cantos da ilha, e parte do desafio consiste em descobrir como acessar certas áreas — e evitar contato com os bullies. Na segunda metade do jogo, é inserido um sistema de combate, que aproveita os “superpoderes coloridos” de Ash para inclusive tirar seus amigos das paredes e enfrentar grafittis “malvados” que estão tomando conta dos muros.

É uma mudança de estilo considerável que denota certa falta de identidade: fica a impressão que a ideia era ter um jogo pacífico e livre de combate — evitar os bullies envolve até um tiquinho de stealth, nunca há confronto –, mas durante o processo os devs decidiram acrescentar “monstros malvados” que demandavam uma mecânica de combate. Não é algo presente no jogo desde o início nem uma transição gradual, e o jogo realmente fica dividido em 2 momentos bem distintos.

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Em termos de gameplay, Concrete Genie nunca é realmente incrível, mas consegue ser inventivo. Não podemos sair rabiscando a esmo — as páginas que coletamos trazem modelos de coisas que podemos pintar, e são acessadas a partir de uma galeria lateral enquanto pintamos. É legal ver que as coisas que desenhamos ficam permanentemente nas paredes, um recurso que sem dúvida estimula o jogador a caprichar em suas obras.

O default da mecânica de pintura utiliza o giroscópio do Dualshock 4 para funcionar, mas eu não consegui me acertar com isso, e remapeei a função para o bom e velho analógico direito. Há um modo de jogo (separado) compatível com o PSVR que talvez seja bacana de jogar com controles de movimento, mas eu não pude testá-lo.

Audiovisual

Concrete Genie é mais um daqueles jogos que entra na categoria “não é super bonito, mas é estiloso”. Seu visual estilizado é muito simpático, ainda que o tom de sua história mantenha as cores sempre em tons soturnos, escuros.

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Isso até tem uma explicação: somos nós que trazemos a luz de volta para Denska, e é legal ver como nossa passagem — e nossa arte — revitalizam as paredes do local. Os gênios são um show à parte: luminosos, radiantes e brincalhões, eles podem ser customizados com chifres, orelhas, cabelos e caudas, e é muito legal vê-los correndo pelas paredes e interagindo entre si.

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A trilha sonora é sutil, mas combina com o estilo do jogo, aumentando de volume quando necessário. Vale ressaltar que Concrete Genie chega ao Brasil 100% localizado para o nosso idioma, com dublagens, menus e legendas em português brasileiro — a dublagem é de excelente qualidade.

Conclusão

Concrete Genie não é um jogo realmente imperdível, mas oferece umas boas 7 ou 8 horas de entretenimento, e tem todo esse lado lúdico, criativo, e uma história que pode até parecer um pouco “social justice warrior” demais (ao buscar justificativas para as ações dos bullies), mas que no geral passa uma mensagem bonita e positiva.

Provavelmente o jogo tem mais apelo com o público infanto-juvenil, uma vez que estimula a criatividade e trata de um assunto que é comum nessa fase da vida da gente — tipo o bullying, a busca por aceitação e a falta de jeito em se encaixar.

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De qualquer modo, vale a experiência, desde que você venha com as expectativas devidamente calibradas. A Sony ganhou fama por investir em exclusivos parrudos, densos e cinematográficos, mas esse aqui é muito mais simples e introspectivo — mas nem por isso menos charmoso.

Concrete Genie foi lançado em 8 de outubro, exclusivamente para Playstation 4.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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