Análise Arkade: retornado a Kingdom Hearts III um ano depois com o DLC ReMind

1 de fevereiro de 2020
Análise Arkade: retornado a Kingdom Hearts III um ano depois com o DLC ReMind

Cerca de um ano após o lançamento do game original (que demorou anos para sair), a SquareEnix nos entregou ReMind, um DLC que serve como um epílogo para a campanha principal de Kingdom Hearts III. Mas será que o conteúdo vale a pena? Vem ver o que achamos e tire suas conclusões!

Atenção: o texto a seguir terá spoilers do final de Kingdom Hearts III!

Um conteúdo meio preguiçoso

Quem terminou a campanha principal de Kingdom Hearts III deve se lembrar que a Organization XIII e seu líder, Xehanort, foram derrotados, o Kingdom Hearts foi fechado e todos os heróis puderam retornar para seus respectivos mundos.

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Porém, algo ficou pendente: Kairi, a eterna “donzela em perigo” da saga, foi sacrificada por Xehanort, durante o processo de criação da χ-blade. Como o vilão meio que vive à parte do espaço e do tempo, ele pode ser uma espécie de vórtex temporal, um portal para outros ondes e quandos. Sora acredita que há uma chance de salvar Kairi se voltar no tempo para recuperar as partes do coração da garota.

Assim, o grosso do conteúdo deste DLC acompanha o “espírito” de Sora voltando no tempo — mais precisamente para os derradeiros momentos da campanha, já no Cemitério das Keyblades — e derrotando (de novo) boa parte da Organization XIII para, na batalha final, “entrar” no vilão Xehanort — indo parar em Scala ad Caelum — em busca das pétalas que compõem o coração da amiga.

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Este Sora azul é o que voltou no tempo, e está acompanhado os acontecimentos

Quando digo que o conteúdo parece “meio preguiçoso” é porque essa volta no tempo praticamente nos obriga a, basicamente, rejogar o finzinho do jogo e reassistir boa parte das cutscenes. Há novos diálogos — do Sora que voltou no tempo, divagando enquanto revisita aqueles momentos — e uma ou outra cutscene nova, mas no geral o que temos aqui é uma releitura da reta final de Kingdom Hearts III, sem grandes novidades.

Sem exagero, em ReMind a gente enfrenta os remanescentes da Organization XIII (de novo) e assiste as cutscenes finais do jogo (de novo). Há uma ou outra cena nova, bem como novos acontecimentos na reta final, mas 90% do que vemos aqui já vimos no final da campanha original. Até a cutscene de encerramento é a mesma (o que muda é a cena pós-créditos).

Tá, mas então não tem novidade nenhuma?

Tem. A melhor delas chega na forma de momentos como este:

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Escolha com quem quer jogar!

Pois é, estamos enfrentando a Organization XIII de novo em batalhas essencialmente iguais às do final do game original, mas agora não precisamos controlar apenas Sora, podemos assumir o controle de alguns de seus amigos, como Riku, Roxas, Aqua e a própria Kairi.

Isso é bem legal, pois cada portador da Keyblade luta de um jeito bem específico, tendo combos e habilidades próprias. O combate ainda é um button mash frenético com uma pitada de estratégia, mas é legal ver novas animações de golpes e poderes, para variar. Isso sem falar em novas habilidades conjuntas (de acordo com o time que está em campo), como Aqua + Ventus ou Sora + Kairi.

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Sora e Kairi unindo forças

Ali perto do derradeiro final do jogo, rola até uma intensa batalha em grupo onde “controlamos” quase todos os heróis, atacando e se defendendo das cópias mascaradas de Xehanort. É algo que nunca rolou na série antes, e sem dúvida é bem interessante.

Gravei um vídeo desta batalha, confira abaixo:

(Aqui tem um gameplay da Kairi também, que não incorporei no texto para não spoilar demais)

Fora estes novos personagens controláveis, temos um momento de superação com Mickey, um bocado de exploração em Scala ad Caelum (que no jogo original mal pudemos explorar), algumas novas habilidades para Sora… e é isso. É um conteúdo “novo” que na prática nada mais é do que o final do jogo requentado e com um temperinho extra.

O Limit Cut

Terminei este epílogo, vi o “novo” final… e nada de personagens de Final Fantasy, algo que me deixou bastante chateado com este terceiro episódio da série. Nos capítulos anteriores, era mágico ver Cid, Yuffie, Cloud, Squall, Tifa e outros personagens de Final Fantasy interagindo uns com os outros, mas Kingdom Hearts III simplesmente eliminou esta parte da receita, o que é meio que compreensível em termos de história, mas não deixa de ser frustrante — leia minha análise de Kingdom Hearts III para saber mais.

Pois bem, só depois de terminarmos o DLC ReMind é que temos acesso a um outro conteúdo, o Limit Cut. Aqui vemos Riku retornando à boa e velha Hollow Bastion (ou melhor, Radiant Garden) e à casa do Mago Merlin, que servia como um quartel general para a resistência que defendeu a cidade dos Heartless e dos Nobodies no jogo anterior.

E lá estavam eles:

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Que emoção, cara!

Squall! Cid! Yuffie! Aerith! Foi tão bom vê-los de volta… ainda que, no conjunto da obra, a participação deles se resuma a duas cutscenes que, juntas, não duram nem 10 minutos… e isso é tudo o que tivemos de personagens de Final Fantasy em Kingdom Hearts III. Pouco, muito pouco… mas, melhor do que nada.

Pois bem, este Limit Cut é basicamente uma releitura de um conteúdo extra que já teve no Kingdom Hearts 2.5 Final Mix: Cid criou uma “cópia” do Sora em seu computador, e também de todos os membros da Organization XIII, em versões ainda mais apelonas e resistentes.

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Cada fechadura traz uma releitura de um membro da Organization XIII

São batalhas BEM difíceis, e você precisa ter feito muito grinding para deixar Sora num nível aceitável para estes confrontos (ter a Ultima Weapon ajuda). Se estiver abaixo do level 85, esqueça, vai ser quase impossível. Se estiver acima, prepare-se para passar muita raiva e ter vontade de tacar o controle no gato.

O final secreto

Se conseguir superar estas versões ainda mais cabeludas da Organization XIII, você garante acesso a um episódio secreto extra, com direito a um chefe extra que faz a tudo o que veio antes parecer quase fácil.

Eu não vou entrar em detalhes deste conteúdo aqui para não dar spoilers demais, mas quem viu o final secreto de Kingdom Hearts III (aquele que mostrava Sora e Riku “acordando” no “mundo real” de Tóquio) talvez saiba o que esperar.

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Sora no famoso cruzamento de Shibuya

Pois bem, esta boss battle secreta pode levar o jogador a dois finais diferentes. Se você perde, vê um final; se vence, vê o outro. Não vou colocar nenhum deles aqui, mas é bem fácil encontrar o conteúdo no Youtube.

Conclusão

E é só depois deste capítulo secreto e deste chefe secreto que Kingdom Hearts III enfim fecha suas cortinas em definitivo. O jogo todo (campanha + DLCs) durou, para mim, pouco mais de 70 horas, mas cerca de 20 foram puro grinding — preparação para as batalhas finais. A campanha principal eu zerei em menos de 40 horas, com Sora ali pelo level 47.

E este final definitivo é bom? Putz… complicado dar um veredicto. Até porque ele não conclui realmente as coisas, pois deixa um gancho (que faz uma alusão sutil ao início da franquia) e um ar de “continua” que deixa muita coisa no ar. Eu diria que este arco de história — que começou lá no PS2 em 2002 — foi concluído, mas há mais coisa por vir.

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A SquareEnix já está pensando no futuro da franquia (um jogo para celular focado no passado de Xehanort foi anunciado esses dias), então agora é torcer para que novos jogos não demorem tantos anos para sair.

Pessoalmente, eu saio desta maratona de Kingdom Hearts III ReMind com um sabor agridoce na boca: gosto de ter visto o “final” desta história (lembrando que se passaram quase 20 anos), mas o terceiro episódio me decepcionou um bocado de diversas maneiras (mais no meu review), e o que este DLC trouxe não necessariamente consertou as coisas. E, como já disse, o fato de boa parte dele ser “requentada” é bem sem graça.

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A união faz a força!

Mas enfim, quem é fã de Kingdom Hearts e do lore da franquia provavelmente vai querer adquirir este pacote extra de conteúdo de qualquer jeito, para absorver ao máximo cada nova migalha de informação e começar a formular teorias mirabolantes sobre o que vem por aí. Eu não estou com tempo para ficar teorizando muito, mas vejo com bons olhos a possibilidade da série Kingdom Hearts se misturar com outras franquias da SquareEnix — quem jogou The World Ends With You deve saber do que estou falando.

Mas, por enquanto, só o que podemos fazer é esperar. Até lá, que venha Final Fantasy VII Remake!

O DLC ReMind foi lançado para Kingdom Hearts III em 23 de janeiro de 2020. Recebemos uma cópia para PS4 da SquareEnix, e rodamos o jogo em um PS4 Pro. Leia aqui nossa análise do jogo completo.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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