Memory Card: Minha história com Metal Gear Solid
Todo mundo tem um jogo ou uma série que é muito especial em sua vida. As vezes, possuindo até mesmo uma história interessante sobre como as conheceu. Nosso amigo Rodrigo Pscheidt contou sua história com Final Fantasy VII, e se você ainda não conferiu essa história, conta em sua Parte 1 e Parte 2, então corre lá pra pra ver!
Se você já me conhece ou acompanha a Arkade há bastante tempo, então já deve saber que sou um imenso fã da franquia Metal Gear Solid. E deixem-me dizê-los, eu tenho uma história cheia de encontros e desencontros com a série, então “senta, que lá vem história!”
A Memory Card é uma nova coluna especial da Arkade, que visa revisitar não apenas jogos especiais, mas os momentos de nossas vidas dos quais eles fizeram parte. Metal Gear Solid foi o game que me apresentou a um mundo totalmente novo, um em que você não precisava atacar os inimigos, e um com uma incrível história cinematográfica que jamais havia visto até então. Então, bora lá ver como foi o começo de tudo!
O primeiro e improvável encontro
Muitos adultos de hoje em dia viveram suas infâncias e adolescências jogando todos os clássicos da biblioteca do Playstation 1 e 2. Infelizmente não fui um desses. A maioria dos games que eu joguei nessa época foram por influência de amigos. Pois ou ainda não havia internet, ou havia internet discada, e eu não podia acessá-la quando bem entendesse para descobrir novas coisas por conta própria. Haviam, porém, revistas de video games e, como já dito, os amigos.
Meu círculo de amigos daquela época era mais focado em jogar Winning Eleven, Need for Speed, Mortal Kombat e etc. Também eram fãs de Resident Evil e Silent Hill, sendo os responsáveis por meu primeiro contato com o gênero Survival Horror. Porém, naquela época eu não tive contato com clássicos como Castlevania: Symphony of the Night, o próprio Final Fantasy VII e é claro, Metal Gear Solid, pois nenhum dos meus amigos jogavam esses jogos. Mas por uma ironia do destino, esse último me foi apresentado de uma forma bem curiosa.
Não lembro exatamente em que ano foi, mas sei que foi entre 2003 e 2004. Estava eu com minha mãe e meu avô na feira da cidade de interior que eu atualmente moro, até que minha mãe avista um rapaz vendendo jogos de Playstation 1 e pergunta se eu não queria um, que ela pagaria. Eu, muito animado, já disse sim e corri até a barraquinha e fui vendo o que tinha disponível lá.
O jogo que mais me chamou atenção foi Spyro 3: Year of the Dragon. Eu nunca havia jogado Spyro e queria muito, logo, essa foi minha escolha. Quando fui mostrar ao vendedor o game que iria levar, ele simplesmente virou pra mim e disse: “Você não vai levar o Metal Gear?” e colocou uma caixinha na minha mão, com um disco de rótulo branco escrito somente “metal gear”. Perguntei se o jogo era bom, e ele disse apenas que era o melhor que ele já tinha jogado. Olhei para minha mãe, sem dizer nada, e ela disse apenas “pode levar”. E assim, levei 2 jogos naquele dia. E obviamente eu estava mais do que feliz!
O primeiro contato
Chegando em casa, já fui jogar os dois jogos, iniciando por Spyro, que joguei por algumas horas e me diverti muito. E então, chegou a hora de testar o tal Metal Gear. Abri a caixinha e havia apenas um disco (lembrem-se dessa informação mais pra frente) e ele estava incrivelmente arranhado. Pois é, aquele rapaz da feira me passou a perna. Mas, coloquei o disco no Playstation 1 e imediatamente fui surpreendido com uma curta mas emblemática musiquinha, o tema que futuramente eu descobriria ser do game Policenauts, tocando enquanto os logos da Sony e da Konami apareciam na tela.
Logo em seguida, um filminho começou. Eu não falava uma palavra sequer em inglês na época e não entendi nada, mas vi um submarino e um espião dentro de um torpedo sendo disparado. Aquilo era muito, muito legal! Aquele era um jogo de espionagem e eu nunca havia jogado nenhum na vida!
Logo veio o menu do game, que por si só já era muito impressionante para mim, que nunca vi nada naquele estilo antes. Chequei as opções para ver os controles do jogo e parti pro New Game. Imediatamente, começou a tocar uma musiquinha bem calma, chamada The Best is Yet to Come, terminando com um espião saindo da água e o gameplay iniciando, ainda com os créditos iniciais passando na tela.
Simplesmente saí correndo, fui visto e um som repentino tocou bem alto, com uma exclamação surgindo na cabeça do inimigo que me viu, com um quadrado escrito “ALERT” aparecendo e todos os inimigos me atacando ao mesmo tempo. Imediatamente, vi meu primeiro Game Over e ouvi a inesquecível frase: “Snake? Snake! SNAAAAAAAKE!”.
Aí eu entendi, eu comecei o jogo sem arma nenhuma!Me recompus, me escondi dos inimigos, esperei o elevador chegar e vi a sequência cinematográfica que revela o nome do game, até chegar ao heliporto. E ali tudo foi ainda mais impressionante, o espião, Solid Snake deixava pegadas na neve, haviam câmeras de segurança, guardas, holofotes e etc. Após um tempo de exploração, encontrei o caminho que deveria seguir e finalmente entrei no complexo de Shadow Moses.
Nesse ponto, eu já tinha minha primeira arma, uma pistola SOCOM. Finalmente tinha chegado a hora da ação e do tiroteio! Certo? Errado. Assim que o primeiro tiro era disparado, aquela mensagem de ALERT voltava e todos os inimigos me atacavam ao mesmo tempo. E eu não estava mais entendendo nada, eu tinha uma arma e não podia usar? O que era aquele jogo, afinal de contas? Todo jogo que tem armas tem que ter tiroteio né?
Levei um tempo (e alguns Game Overs) pra finalmente entender que o objetivo era se esconder dos inimigos e passar despercebido por eles. E isso para mim foi realmente incrível, pois nunca havia jogado nada assim, um game em que você precisa evitar o combate! E eu adorei a ideia! Apertar botões para mandar bala é uma coisa, mas ter que ser cauteloso e usar o cenário para passar sem ser visto, isso era completamente novo para mim!
Porém, essa novidade não duraria muito tempo…
A despedida prematura
Infelizmente, todo o deslumbre que eu estava tendo com o game não durou muito. Eu encontrei Meryl e Donald Anderson (ou melhor dizendo, Decoy Octopus) na prisão, segui adiante pelo subsolo, por uma sala cheia de portas e paredes destrutíveis, até enfim encontrar o primeiro chefão do game: Revolver Ocelot.
Uma batalha numa sala cheia de C4, com um refém ao centro, Kenneth Baker. A batalha foi incrível, difícil para mim inicialmente e cheia de adrenalina. Até que eu enfim venci. E então, um ninja invisível aparece e decepa a mão direita de Ocelot. O que era tudo aquilo? Um pistoleiro, um ninja, um espião, várias cutscenes cinematográficas! Que loucura de jogo era aquele? A cada minuto que se passava eu gostava mais e mais do jogo.
Porém… logo após a batalha, quando Snake e Baker começam a conversar, o game travou. A imagem ficou preta, as vozes dos personagens se tornou metálica e o jogo parou de funcionar por completo. E pior, eu não sabia que para salvar o jogo era preciso ligar para Mei Ling pelo CODEC, assim, eu rejoguei tudo várias vezes até esse ponto, quando o jogo parava de funcionar.
Fiquei imensamente decepcionado, pois eu gostei do jogo e não podia mais jogá-lo. Tudo o que restava era repetir as VR Missions que serviam como tutorial. E fui fazendo isso por dias. Jogando o que podia daquele disco. Até enfim descobrir uma verdade desconcertante com um amigo da escola: Metal Gear Solid possuía 2 discos!
2 discos?? Como assim?? Games com mais de um disco não eram novidade para mim, pois eu já havia jogado alguns (sendo Dragon Valor o principal, um jogo que tem um lugar especial em meu coração). E aí a verdade veio à tona: aquele vendedor da feira tinha me passado a perna legal! Me vendeu apenas o disco 1 do game e o disco ainda estava completamente riscado! Sem ter mais o que fazer, eu joguei o disco fora…
E então, passei anos e anos sem ouvir falar de Metal Gear Solid, mas sem jamais esquecê-lo. E eu havia feito uma promessa, eu iria jogar aquele game, e eu iria até o fim. E isso já tinha se transformado numa questão de honra! Porém, uma que só seria concluída anos e anos depois. Mas, essa história ficará para outro dia!
To be continue…
Aqui se encerra a primeira parte deste artigo, pois assim como com nosso amigo Rodrigo Pscheidt, minha história ainda possui mais desdobramentos. E essa é uma história que engloba anos de minha vida até eu finalmente me tornar o fã de Metal Gear Solid que sou hoje.
Espero que tenham gostado deste “relato inicial”, que continuará na semana que vem em sua parte 2! Relembrar minha história com minha série mais amada no mundo dos video games tem sido uma viagem nostálgica muito prazerosa para mim. E espero que para vocês também!
Então nos vemos em breve, com o “Disco 2” da nossa coluna especial Memory Card, contando minha história com a série Metal Gear Solid!