Microsoft adquire Bethesda: tudo o que sabemos sobre a gigante aquisição
A Bethesda Softworks é, a partir de hoje, parte da Team Xbox. A Microsoft anunciou hoje, em seus canais oficiais, a compra da ZeniMax Media, a empresa que controla a Bethesda. Assim, todas as propriedades e estúdios da empresa, passam a ser controladas pela gigante de Redmond.
A ZeniMedia é uma companhia que controla vários estúdios: Bethesda Softworks, Bethesda Game Studios, id Software, ZeniMax Online Studios, Arkane, MachineGames, Tango Gameworks, Alpha Dog e Roundhouse Studios. E atualmente conta com uma força de trabalho de 2.300 pessoas, pelo mundo, que trabalham em franquias consagradas, como The Elder Scrolls, Fallout, Wolfenstein, DOOM, Dishonored, Prey, Quake, Starfield, entre outros.
No comunicado, assinado por Phil Spencer, o head de Xbox, é comentado que os jogos da Bethesda sempre tiveram “lugar especial” no Xbox, e em seus jogadores. Se considerarmos a Microsoft como um todo, o primeiro game da Bethesda para uma plataforma da companhia foi Wayne Gretzky Hockey, para MS-DOS, em 1989. E The Elder Scrolls III: Morrowind, de 2002, foi o primeiro game da empresa para o Xbox. É considerado também a história de Doom, que revolucionou os games de PC, nos anos 90.
“Ao longo dos anos, tive muitas conversas com os líderes do grupo sobre o futuro dos jogos, e há muito compartilhamos visões semelhantes sobre as oportunidades para criadores e seus games alcançarem ainda mais o público”, diz Spencer, que também lembrou que a Bethesda foi uma das primeiras empresas a apoiar o Game Pass. Games para o futuro já anunciados, e outros em planejamento fazem parte do acordo, incluindo Starfield.
As ações da Microsoft, enquanto isso, registram queda. Estão avaliadas em 197,03 dólares, no meio dia no horário de Brasília, em uma queda de -1,68%. Entretanto, essa queda vem de uma semana na qual todas as empresas de tecnologia, como Facebook, Google, e Apple, além de estúdios de games, como a EA e a Take-Two, tiveram boas quedas na Nasdaq e na NYSE.
Uma compra de US$ 7,5 bilhões
A Bloomberg anunciou a compra, adicionando o valor da aquisição: 7,5 bilhões de dólares. Esse valor é três vezes maior do que o que a Microsoft gastou com a Mojang, de Minecraft. A Rare foi adquirida em 2002, por US$ 375 milhões, e a Double Fine, por US$ 13 milhões. É a maior aquisição de Xbox, tanto pelo valor em si, quanto pelo portfólio adquirido.
A Bethesda se une a outros estúdios para o Team Xbox: 343 Industries, Compulsion Games, Double Fine, InXile Entertainment, Mojang, Ninja Theory, Obsidian Entertainment, Playground Games, Rare, The Coalition, The Initiative, Turn 10, Undead Labs, World’s Edge e Xbox Global Publishing.
Como dito por Phil Spencer, o Game Pass é uma das armas da Microsoft para atrair usuários em suas plataformas. E, com a Bethesda, sua base principal contará com muitos games aclamados, que somarão mais em um catálogo que conta com 15 milhões de assinantes, 5 milhões a mais do que os números anunciados em abril.
A Bethesda foi fundada por Christopher Weaver em 1986, e começou desenvolvendo games de esportes. Começou sua jornada no mundo dos RPGs em 1994, com The Elder Scrolls, e desde então, conquistou prestígio no mundo do videogame, com jogos aclamados, e uma base fiel de fãs. Que inclusive chega ao ponto de batizar filho com nome de personagem de Skyrim.
Já a ZeniMax nasceu em 1999, com Weaver e Robert Altman. A empresa surgiu para controlar a Bethesda, e fazer novas aquisições, nos anos 2000, a ZeniMax adquiriu a franquia Fallout e a id Software, de Doom e Quake. As lideranças e estruturas da Bethesda seguem como estão, diz a Microsoft.
Mas e os exclusivos? E os jogos já anunciados?
Os dados recentes apontam que a Microsoft pensa a longo prazo com a Bethesda. Deathloop e Ghostwire: Tokyo eram, até o momento, tratados como “exclusivos temporários” de Playstation 5. Até o momento, nenhum comunicado surgiu sugerindo mudanças neste sentido. O negócio em si será fechado na segunda metade do ano fiscal de 2021, que termina no dia 30 de junho.
Um artigo no site da Bethesda, assinado por Pete Hines, Marketing na companhia (e curiosamente, vestindo a camisa do Seattle Sounders, na época em que a Microsoft estampava o Xbox 360 como patrocinador do time) fala sobre as mudanças. Ele afirma que “ainda somos a Bethesda“, mas diz que a mudança “permitirá fazer jogos ainda melhores, daqui para frente”.
Ele diz que a Microsoft é “um parceiro incrível”, e oferece acesso a recursos que os farão melhores editores e desenvolvedores. Enalteceu a parceria de longa data entre as duas empresas, citando Morrowind para o Xbox original. E afirmou que, quando “a conversa deste acordo passar”, irão voltar a falar sobre os jogos novamente: “mais sobre Deathloop“, “ver mais de Ghostwire“, e “o que vem no quatro trimestre de The Elder Scrolls Online“.
Todd Howard, diretor e produtor na Bethesda, também emitiu um comunicado. Ele diz que “a trajetória do Xbox e a trajetória da Bethesda, em muitos aspectos, andaram de mãos dadas”, relembrando os tempos de PC, e a primeira parceria entre as duas empresas, nos dias do primeiro Xbox. Também citou o sucesso de Morrowind, que, assim como Halo, eram, na visão do diretor, “jogos de PC que diziam que não funcionariam nos consoles”.
E mencionou algo curioso: “Assim como nossa parceria original, esta é sobre mais de um sistema ou uma tela. Compartilhamos uma profunda crença no poder fundamental dos jogos, em sua capacidade de conectar, fortalecer e trazer alegria. E a convicção de que devemos levar isso a todos: independentemente de quem você seja, de onde more ou do que jogue. Independentemente do tamanho da tela, do controlador ou de sua capacidade de usar um”. Seria um indício de que a Bethesda não seria uma desenvolvedora 100% exclusiva de Xbox?
Vale lembrar que a Microsoft tem uma visão um pouco diferente quanto as outras companhias, quando o assunto é “exclusividade”: Minecraft, por exemplo, está disponível para várias plataformas. E os games de Xbox, mesmo que saindo para o Windows, outra plataforma da Microsoft, não são 100% exclusivos em seus consoles.
O que podemos falar, até o momento: tudo o que foi anunciado pela Bethesda nos últimos tempos, incluindo seus games exclusivos temporários de Playstation 5, seguem como estão. Com o negócio sendo fechado, dentro dos padrões do gênero, novidades podem ser anunciadas. Mas, apenas em 2021, já com o Playstation 5 e o Xbox Series X/S no mercado, é que poderemos entender mais sobre as intenções da Microsoft com o que a Bethesda já tem e com o que a Bethesda poderá fazer, no futuro.