Análise Arkade – Spider-Man Miles Morales: novos poderes, novas responsabilidades

6 de novembro de 2020
Análise Arkade - Spider-Man Miles Morales: novos poderes, novas responsabilidades

O Spider-Man é, desde sempre, o meu super-herói favorito. Porém, admito que, em se tratando de quadrinhos, larguei o personagem na minha adolescência, época em que existiam apenas Peter Parker e Ben Reilly (da Saga do Clone, que posteriormente tornou-se o Aranha Escarlate).

Confesso que nunca cheguei a ler uma HQ do Miles Morales na vida, mas conhecia “o básico” do personagem pela internet, pelo jogo Marvel’s Spider-Man e, principalmente, pelo fantástico filme animado do Homem-Aranha no Aranhaverso.

O herói do Harlem

Marvel’s Spider-Man é um dos meus jogos favoritos da geração PS4 (relembre minha análise aqui), e quando uma pseudo-sequência foi anunciada, fiquei muito animado, simplesmente por saber que poderia voltar a esse mundo — que, vale ressaltar, representa um universo muito próprio do Homem-Aranha, sem ligação com MCU nem com as HQs tradicionais do personagem –, me dependurar pelos céus de Manhattan e salvar a cidade de alguma nova ameaça mirabolante.

Análise Arkade - Spider-Man Miles Morales: novos poderes, novas responsabilidades
Miles e seus amigos

A forma como Miles Morales foi introduzido neste “Aranhaverso da Insomniac” muito me agrada: o jogo original nos permitiu conhecê-lo, controlá-lo e, ao final do jogo [SPOILER] até soubemos que ele se tornou um “aprendiz” do nosso querido Peter Parker.

Acontece que essa vida de super-herói cansa, e já no começo do novo jogo, descobrimos que Peter vai sair para umas férias com a Mary Jane, para fazer um freela de fotógrafo para o Clarim enquanto a moça trabalha como jornalista. Felizmente há o “outro” Spider-Man na cidade, um que é bem menos experiente, mas que possui uma gama de poderes exclusivos que irão ajudá-lo a combater o crime.

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Incluindo poderes bioelétricos

E olha que ele vai precisar de todos os recursos e poderes que puder, pois há dois novos grupos em pé de guerra pela cidade: de um lado, os soldados da mega corporação Roxxon supostamente protegem a empresa de ataques e atentados. Do outro, o grupo cyber rebelde conhecido como Underground sabota as ações da empresa, seguindo as ordens da misteriosa Tinkerer.

Assim, ainda que não seja uma “história de origem” tradicional, Spider-Man: Miles Morales nos mostra sim o nascimento deste “novo” Aranha, que vai aprender na marra o tamanho da responsabilidade que lhe espera ao vestir o traje e ser o super-herói da vez. Afinal, como bem disse o Tio Ben, “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.

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Cuidar de toda uma cidade não é fácil…

Não vou entrar em spoilers da história aqui, mas Miles é um personagem muito interessante e bem desenvolvido. Seu elenco de apoio — sua mãe Rio, seus amigos Ganke e Phin, seu tio Aaron — também são ótimos, e ajudam a construir uma história que, claro, envolve salvar a cidade… mas que é focada, principalmente em proteger a comunidade que vive no Harlem e fazer o bem para quem vive por ali. Este pode não ser o “Spider-Man 2“, mas também não deixa aquele sabor de “requentado”, uma vez que sua nova história chega acompanha de novos vilões, novos personagens e novos poderes.

(Re)explorando Manhattan

O mapa da cidade, obviamente, foi mantido, então agora podemos explorar as ruas (e telhados) de Manhattan na pele de Miles Morales, aproveitando seus poderes e habilidades diferenciados tanto na exploração quanto no combate.

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Balançar-se pela cidade ainda é uma delícia!

Ainda que o jogo recicle algumas atividades do jogo original — tipo assaltos e roubos de carros aleatórios que rolam pela cidade –, quase todo o resto é conteúdo novo (ou, pelo menos, repaginado), salpicado em um mapa que já nos é familiar. Se Parker rodava a cidade coletando mochilas e ativando estações da Oscorp, Morales busca cápsulas do tempo com lembranças e grava sons ambientes para criar música com seu tio.

Outra novidade bacana é que o melhor amigo de Miles, Ganke, criou um app do Amigão da Vizinhança, pelo qual as pessoas podem lhe pedir ajuda, e você aceita essas missões pelo celular do personagem. Você vai ter que, por exemplo, ajudar um limpador de janelas que ficou preso nas alturas de um edifício, ou mesmo resgatar um gatinho fujão de um dos moradores do Harlem — sabe aquele gato que mostraram no trailer? Pois é.

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Spider-Cat!

Como no jogo original, cumprir esses objetivos lhe concede fichas, que você troca por novos trajes ou upgrades para seus gadgets. Na verdade você também vai precisar de peças de tecnologia, para liberar esses conteúdos, e pode “emprestar” algumas de esconderijos e instalações do Underground espalhadas pela cidade.

Novos poderes

O gameplay no geral não sofreu grandes mudanças — o que é ótimo, pois já funcionava muito bem — e é imediatamente familiar para quem está com o jogo anterior fresco na memória. Mas, claro que Miles possui seus próprios gadgets, além de uns superpoderes que Peter não tinha (e que já vimos na animação do Aranhaverso).

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Insira aqui o áudio daquele meme do velho tomando choque nas uvas XD

O primeiro desses novos poderes é uma espécie de choque bioelétrico, que pode tanto atordoar inimigos quando sobrecarregar geradores. A tal bioenergia de Miles é chamada de Venom no jogo — não gosto desse nome, faz alusão a um personagem muito famoso que não tem nada a ver com a história –, e chega em formas variadas, úteis não só para nocautear inimigos, mas também para mantê-los no ar, ou até para te dar um boost de velocidade enquanto você “voa” pelos céus de Manhattan.

A outra habilidade extra de Miles é a invisibilidade. Ela dura alguns segundos (a durabilidade pode ser melhorada) e tem sua própria barra de cooldown, mas sem dúvida ajuda muito em abordagens stealth, ou mesmo para despistar inimigos quando a situação fica muito tensa pro seu lado.

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Spoiler de troféu 😛

Claro que há inimigos preparados para lidar com esses novos poderes: eles podem ativar pulsos de energia que cancelam sua invisibilidade, ou apelar para bombas que inutilizam seus poderes Venom. A gangue Underground utiliza estilosos equipamentos feitos de “matéria programável” que lhe concede algumas habilidades muito próximas de superpoderes.

Ainda que os poderes exclusivos de Miles não mudem drasticamente a jogabilidade, eles sem dúvida dão um tempero extra ao jogo, e conseguem deixar os combates ainda mais divertidos.

Podia ser um DLC?

Como você já deve saber, Spider-Man: Miles Morales é um jogo novo, vendido por um preço um pouco mais em conta na geração atual — além de ter uma versão para o Playstation 5 que oferece ray tracing e outras melhorias next gen (lembrando que vai ter uma versão Ultimate que traz “de brinde” uma versão aprimorada do jogo original).

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Considerando que a cidade é a mesma, muita gente questiona se o novo jogo não poderia ser simplesmente uma DLC do jogo original. Olha, eu sinceramente acho que não. O mapa pode ser o mesmo, mas há muito conteúdo novo aqui: novos personagens, novas dublagens, novas animações, novos inimigos, novas missões secundárias… Não é como se Miles Morales fosse apenas uma skin do Peter Parker: ele é um personagem completamente novo, que traz junto amigos e familiares novos. Até o jeito como ele salta e se balança com as teias é diferente, um pouco mais desajeitado, improvisado.

Isso para não mencionar as grandiosas sequências de ação que o jogo traz. Uma das mais incríveis é aquela da ponte — que já foi exaustivamente divulgada em trailers e vídeos de gameplay. Uma sequência de ação dessas é caríssima de ser produzida, e o jogo tem outros momentos épicos que justificam o fato dele não ser “só um DLC”.

Ele é mais curto, sim — tem menos missões principais, para falar em português bem claro –, mas se você misturar objetivos principais e secundários com a exploração, o jogo rende várias horas de diversão. Sem contar que o conteúdo aqui é mais enxuto nos lugares certos: lembra daqueles puzzles chatíssimos que tínhamos que resolver no laboratório do Dr. Otto Octavius? Aqui não há nada disso para encher o saco.

Audiovisual

O jogo também ilustra uma óbvia evolução técnica e criativa dos desenvolvedores: ele está mais bonito, conta com loadings mais rápidos e uma trilha sonora que mantém o estilo “épico” que o gênero demanda, mas acrescenta umas batidas de hip hop que combinam com o novo protagonista. Há inclusive músicas cantadas na trilha sonora, que combinam perfeitamente com o Miles.

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Lembrando que o traje do Aranhaverso está no jogo <3

Entre outros upgrades, temos efeitos de luz e partículas que também foram melhorados. O jogo tem o tal do “product value” (valor de produção) bem evidente, e novidades suficientes para não parecer um produto preguiçoso. E olha que só joguei no PS4 Pro até agora — mal posso esperar para ver ele rodando no PS5!

(Por falar nisso, o PS4 Pro quase levanta voo para rodar o jogo, mas entrega uma jogatina fluida, sem travamentos ou engasgos. Não faço ideia como ele roda no PS4 fat, mas isso é sinal de que os hardwares atuais já estão “suando” para aguentar os lançamentos pensados para a próxima geração. Depois que eu testar o jogo no PS5, te conto como foi).

Então, sim, Spider-Man: Miles Morales é um jogo “menor”, mas não a ponto de ser só um DLC. Ele é como Uncharted: Lost Legacy. Aproveita a sólida base já estabelecida, mas não se acomoda sobre ela, cria algo novo, expande aquele universo e apresenta novas possibilidades.

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O Rhino está de volta

A única crítica que tenho em relação ao escopo do jogo está nos vilões: como este é um jogo “menor”, ele reaproveita um vilão do primeiro jogo, mas, talvez para não “queimar” nenhum grande nome dos quadrinhos, traz um ou outro vilão de terceiro escalão (um deles também está no filme Aranhaverso). É uma decisão compreensível para a franquia, mas um pouco frustrante.

Ah, e se aceita uma dica, fique de olho nos créditos finais, pois, no melhor estilo “filmes da Marvel“, tem uma cena secreta ali no meio. E, depois de ver os créditos rolares, não pare de jogar, pois pintam novas missões e diálogos depois que você conclui a campanha!

Conclusão

Spider-Man: Miles Morales é “mais Spider-Man“, e como alguém que é fã do Aranha e amou o primeiro jogo, isso para mim é mais do que suficiente. Há uma nova história sendo contada, novos personagens, novos poderes e novas situações, e tudo isso — somado ao capricho da Insomniac Games e ao carinho que ela tem pelo(s) Aranha(s) — faz a experiência valer a pena.

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O Gato-Aranha!

Então, se você é um fã do Aranha que curtiu o primeiro jogo, pode vir nesse sem medo de ser feliz. A jornada é um pouco mais compacta, mas ainda é empolgante, divertida e tecnicamente deslumbrante.

Spider-Man: Miles Morales será lançado na semana que vem, dia 12/11, para Playstation 4 e Playstation 5. O jogo está 100% localizado para o português brasileiro (dublagem, menus e legendas).

Este review foi feito com base na versão PS4 do game (rodando no PS4 Pro), que recebemos antecipadamente da Sony para fins de análise.

P.S. Quem me acompanha por aqui sabe que eu sou apaixonado por fotografia em games, e Spider-Man: Miles Morales tem um Photo Mode maravilhoso. Segue meu Instagram @gamesphotomode para conferir alguns dos meus cliques! 😉

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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