Análise Arkade – Ghost of Tsushima: Director’s Cut é “mais do mesmo” para os fãs

30 de agosto de 2021
Análise Arkade - Ghost of Tsushima: Director's Cut é "mais do mesmo" para os fãs

Faz pouco mais de um ano que Ghost of Tsushima foi lançado para Playstation 4 e, olha só, já temos uma nova versão do jogo nas prateleiras. Aí fica a dúvida: vale a pena investir na Ghost of Tsushima: Director’s Cut? Quanto conteúdo novo temos aqui? Confira nossa análise e descubra!

Antes de mais nada

Acho válido ressaltar que analisei a versão original de Ghost of Tsushima em 2020. Você pode ler o texto aqui. Ele nem é tão antigo assim, e como “o grosso” da experiência ainda é a mesma, o review original continua pertinente.

Análise Arkade - Ghost of Tsushima: Director's Cut é "mais do mesmo" para os fãs

Neste artigo de hoje, vou me focar especificamente nas novidades que chegaram com a Ghost of Tsushima: Director’s Cut — e também nas melhorias que o jogo recebeu para rodar na nova geração. Não vou falar novamente sobre o básico do gameplay, nem sobre a campanha principal do jogo, uma vez que já falei sobre tudo isso no ano passado.

De volta à Tsushima

Dito isso, acho válido reforçar que Ghost of Tsushima conta a história de Jin Sakai, um jovem samurai que vê sua terra natal ser invadida por uma colossal tropa de mongóis comandada por Khotun Khan (neto de Genghis Khan).

Com seu tio, Lord Shimura, capturado, e sem outros samurais para ajudá-lo, Jin acaba tendo que “sucumbir ao lado negro da Força”, abandonando a filosofia de combate cheia de honra típica dos samurais para adotar novas táticas bem menos honrosas, atacando furtivamente e utilizando bombas, dardos envenenados e outras artimanhas.

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Assim, nasce a lenda do Fantasma de Tsushima. Mais do que um samurai, ele assume a função de ser um símbolo de liberdade e esperança, angariando novos aliados que irão ajudá-lo a derrotar o exército mongol e recuperar Tsushima.

A ilha Iki

A maior novidade que esta Ghost of Tsushima: Director’s Cut traz é uma nova ilha explorável, a Iki Island, que pode ser acessada a partir do Ato 2 da campanha principal.

Foi ali que Jin viu seu pai, Lord Kazumasa Sakai, ser assassinado, então a ilha tem todo um significado obscuro em sua vida. Para piorar, uma velha xamã conhecida como Águia, estabeleceu sua base por lá e, depois de envenenar Jin, vai obrigá-lo a confrontar os fantasmas de seu passado.

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A Águia oferecendo o veneno a Jin

O fato é que esta ilha está sem a presença dos samurais há décadas: o clã Sakai não é bem quisto por lá, e o território é dominado por corsários, mercenários e pelos capangas da Águia. Escondendo sua verdadeira identidade, Jin terá que forjar novas alianças se quiser liberar a ilha Iki desta nova ameaça.

Um mini Ghost of Tsushima dentro do original

Ghost of Tsushima é aquele tipo de jogo de mundo aberto que segue um pouco o padrão “jogo da Ubisoft” (ele não é da Ubisoft, eu sei): o mapa é enorme e expansivo, repleto de pontos de interesse para o jogador descobrir e explorar. Há acampamentos mongóis para serem invadidos e tomados, fontes termais onde podemos relaxar, monumentos para descobrirmos, bambus para fatiar, aldeões para ajudar, e muito mais.

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A bela e perigosa Ilha Iki

Isso tudo acontece na enorme ilha de Tsushima. O novo conteúdo da Director’s Cut segue a mesma premissa… mas faz tudo isso em um ambiente bem menor, que é a ilha Iki.

Existem novos tipos de missões secundárias — com direito a uma bem-vinda arena de combate, onde enfrentamos os melhores guerreiros da ilha em duelos 1×1 onde usamos o bokuto (tradicional espada de treino, feita de madeira), mas, no geral, a experiência é a mesma, só que mais contida, resumida.

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As novidades em termos de mecânicas, são bem poucas. Agora temos um sistema de lock on par travar a mira nos inimigos, o que facilita (um pouco) as coisas nos confrontos contra grupos. Este recurso não é ativado por default: o jogador deve ativá-lo pelo menu, e usar o direcional digital para cima para ativá-lo durante as batalhas.

A novidade mais relevante, porém, diz respeito ao nosso cavalo, que agora é bem mais útil em combate: já no comecinho da expansão, ele ganha um “atropelamento”, que nos permite dispersar pequenos grupos rapidamente na base da força bruta.

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A investida a cavalo é a maior novidade, em termos de mecânicas

Os xamãs são outro conteúdo novo: estes novos lacaios da Águia não gostam de tomar a frente no combate, mas ficam entoando cânticos que deixam todos os inimigos ao redor muito mais agressivos. Acredite: você vai querer dar cabo deles primeiro, pois a influência deles dificulta bastante a vida da gente.

Fora isso, temos um pequeno punhado de novos “Contos Míticos” — que nos rendem equipamentos únicos — e agora também existem armaduras para o nosso cavalo, o que é bem legal. A “mini-campanha” da Iki Island tem bons momentos e apresenta um novo elenco de apoio… mas na prática, é “mais do mesmo”, um mini Ghost of Tsushima dentro do jogo original.

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O mini-game de tocar flauta movendo o controle é outra novidade pequena, mas irrelevante

Se ignorarmos os colecionáveis e missões secundárias e focarmos apenas nas novas missões de história — que são 9 –, é possível completar o novo arco narrativo de Iki Island em cerca de 4 horas. Tudo o que tem para se fazer na ilha deve render umas 8 ou 9 horas de jogatina. É pouco, mas, como já dito, é “mais Ghost of Tsushima para quem curtiu o jogo… e, de quebra, acrescenta mais algumas camadas de complexidade ao protagonista, Jin Sakai.

P.S. Creio que o modo Legends, que é a parcela multiplayer de Ghost of Tsushima também recebeu algumas novidades, mas, até o momento, não tive tempo. De qualquer modo, meu interesse sempre foi a campanha single player, então eu nem saberia dizer o que é novo ou já havia neste modo. De qualquer modo, vale destacar que a parcela multiplayer do jogo agora pode ser adquirida separadamente (mais ou menos como a Rockstar fez com Read Dead Online), e ainda esta semana, vai receber um novo modo de jogo, intitulado Rivals.

Aprimoramentos para o Playstation 5

Ghost of Tsushima foi lançado poucos meses antes do Playstation 5, mas, mesmo com o upgrade de 60fps, rodar o jogo no novo console ainda era uma experiência um tanto limitada, simplesmente porque ele foi concebido com base no hardware do Playstation 4.

Embora o upgrade esteja disponível para a geração passada, outra boa novidade desta Ghost of Tsushima: Director’s Cut é que ela chega como um jogo realmente aprimorado para tirar proveito do Playstation 5 e de seu controle DualSense.

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Esse tipo de mini-game usa bem os gatilhos do PS5

Rodando a versão PS5, os loadings são praticamente inexistentes — e olha que rapidez no carregamento já era um ponto muito positivo do título original, rodando no PS4 Pro. Além disso, podemos escolher se queremos priorizar o visual rodando em 4K, ou uma resolução dinâmica que entregue maior fluidez de gameplay, com framerate mirando nos 60fps.

O DualSense faz o básico: oferece uma vibração mais contextual (até mesmo quando estamos apenas navegando por menus) e aproveita os gatilhos adaptáveis para oferecer resistência no tiro com arco e em pequenos mini-games onde usamos nosso gancho para derrubar barreiras. Está longe de ser o melhor uso do controle, mas é um adendo interessante.

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A resistência da corda do arco também é interessante no DualSense, mas já vimos isso em outros jogos

De resto, em termos de audiovisual, tivemos upgrades de resolução, mas não é nada que salte aos olhos — especialmente porque o jogo já era lindo no PS4. As dublagens continuam ótimas (agora há sincronia labial para o áudio em japonês, para quem busca uma experiência mais autêntica) e a trilha sonora segue combinando perfeitamente com a temática do jogo, que está 100% localizado para o nosso idioma. Ah, e o áudio agora é “3D”, tirando proveito especialmente do headset exclusivo do PS5.

Conclusão

Embora esta Ghost of Tsushima: Director’s Cut não revolucione o que já foi estabelecido no título original, ela traz um novo mapa (pequeno), novas missões e um bocado de conteúdos que, apesar de familiares, sem dúvida vão agradar quem curtiu a jornada de Jin Sakai e estava precisando de “uma desculpa” para revisitar o game.

O que não tem desculpa é a maneira que a Sony escolheu para comercializar esta nova versão do jogo. O título original foi simplesmente removido da PS Store, de modo que agora, ou você compra a Director’s Cut, ou não compra.

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O visual continua de cair o queixo

Mesmo quem já tem o jogo original no PS4 vai precisar desembolsar uma grana a mais (R$ 104) se quiser fazer o upgrade para a versão da nova geração: a Director’s Cut do PS4 custa R$ 299 e não dá acesso ao upgrade. Para ter a versão PS5 do jogo no pacote, deve-se investir R$ 349 no pack que conta com as versões PS4 e PS5. É uma tática bem questionável de oferecer o conteúdo aos fãs — especialmente se considerarmos tantos outros jogos que receberam o upgrade next-gen gratuito nos últimos meses.

O lado “bom” é que, se você ainda não tem o PS5, não está perdendo muita coisa: Ghost of Tsushima já era um baita jogo em 2020, e continua sendo em 2021. Ele tem uma nova ilhota a ser explorada e um pouco mais de conteúdo — e tudo isso sem dúvida é bem-vindo –, mas nem de longe é indispensável.

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E o Photo Mode continua incrível <3

Ou seja, a Director’s Cut só é realmente imperdível em dois casos: 1) se você não tem o que jogar no PS5 e 2) se você não jogou o game original no ano passado. Se você faz parte de um desses grupos, vai ter (ainda mais) horas de diversão aqui. Do contrário, acho mais jogo esperar uma promoçãozinha marota.

Ghost of Tsushima: Director’s Cut está disponível para PS4 e PS5.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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