Análise Arkade: Flynn Son of Crimson e sua aventura nostálgica
Atualmente, os games mantém um certo “padrão base” que não é muito difícil de identificar quando jogamos, de forma que estilos mais antigos apresentam-se hoje transformados ou diferentes. E então aparece Flynn: Son of Crimson, que resgata uma fórmula antiga quase que de surpresa.
Venha conferir nossa análise desse game, que já de cara surpreende por seu visual e gameplay, mas surpreende ainda mais justamente por trazer de volta um estilo que há muito não se via num game atual!
Um legítimo game de plataforma e aventura como os do passado
Uma pergunta rápida para você: qual foi o último game atual que você jogou que tem um estilo puramente anos 80/90? É claro que muitos games vem à mente, como Crash Bandicoot 4: It’s About Time; Blazing Chrome, Odallus: The Dark Call (ou qualquer game da excelentíssima Joymasher) e alguns outros. E esses games nos mostram que os estilos antigos ainda dão certo nos dias de hoje.
Mas, pessoalmente, um estilo de game que eu não via há muito tempo era um similar a Super Mario World, não em relação ao gameplay em si, mas na estrutura de seu progresso. E um game que resgata esse estilo é Flynn: Son of Crimson.
Se pararmos para analisar, talvez a maioria de todos os games de “ação/aventura” em 2D lançados hoje em dia estão na categoria dos Metroidvanias. Não que isso seja qualquer problema, afinal eu amo Metroidvanias. Mas fica evidente que há certo receio de ir um pouco mais para o passado.
Flynn: Son of Crimson é um game com uma estrutura tão simples que até mesmo surpreende (positivamente). Você joga fase a fase, em um mundo explorável com fases tendo múltiplas saídas, que levam para locais secretos. Cada fase é composta de diferentes salas com plataformas, armadilhas, inimigos e tesouros escondidos.
Conforme você avança, desbloqueia armas, magias e habilidades novas que permitem que você acesse áreas secretas e consiga tesouros até então bloqueados. Tudo numa estrutura descomplicada e divertida de se jogar, assim como antigamente.
E como antigamente, você pode revisitar qualquer fase quando desejar, seja para completar 100% nela, ou porque você quer jogá-la de novo. Mas há é claro um pouco de modernidade nessa fórmula, como uma árvore de habilidades para desbloquear novos poderes e golpes para Flynn, o protagonista, ao gastar cristais vermelhos, que são encontrados por todo lugar.
E tudo se encaixa de uma forma muito coerente parar criar uma aventura que mesmo tendo saído em 2021, parece até que poderia ter saído para o Super Nintendo ou Mega Drive lá no final da década de 90.
Uma história de um garoto, um cachorro e um destino mágico
O game conta a história de Flynn, um garoto órfão que vive na ilha de Rosantica, um local pacífico protegido por espíritos guardiões. E entre esses espíritos está Dex, o principal espírito protetor da ilha, na forma de um gigantesco cachorro.
Um dia, enquanto levava Dex para passear, ela é atacada por uma garota misteriosa, que rouba todo o poder do espírito e desaparece. Flynn então embarca numa jornada para salvar a vida de Dex e para enfrentar um antigo perigo que está ressurgindo na ilha, a Scourge.
A garota misteriosa surgiu trazendo com ela diversos monstros de um mundo paralelo que estão atacando a ilha. Flynn e Dex deverão então lutar juntos para impedir um antigo perigo desse outro mundo que ressurgiu e está tentando destruir toda a ilha.
Mas a dupla não estará sozinha, pois Flynn descobrirá segredos de seu passado que liberarão seu verdadeiro poder, permitindo que ele proteja as vidas de Rosantica.
Explorando Rosantica uma fase de cada vez
Enquanto jogava, o game me lembrou muito a estrutura de Super Mario World com seu World Map. Tudo bem que essa característica é comum em muitos games, mas há algo nesse game que me fez sentir revivendo a era do Super Nintendo.
O game progride de forma bem simples. Siga adiante enfrentando inimigos e chegue até o final para desbloquear a próxima fase. Há ainda alguns segredos, como as saídas secretas, que estão escondidas ou bloqueadas por barreiras de habilidade. Assim, conforme você avança e ganha novos poderes, pode voltar para fases anteriores para coletar tudo o que ficou faltando.
E não há nada muito complicado além disso. Nada de mapas enormes interligados nem nada, só o antigo estilo de avançar fase a fase. Um estilo curiosamente incomum atualmente, ao ponto de ser, de certa forma, considerado um estilo retrô nos padrões atuais.
Para avançar, Flynn tem a sua disposição suas armas e magias, bastando um botão para ataques físicos e outro para lançar magias. Sem medidores de stamina ou MP. Tudo o que você precisa é desbloquear novas armas conforme avança, com todos esses poderes ligados ao próprio poder oculto do protagonista.
Começando com uma espada e um tiro de magia vermelha, o jogador avança para conseguir um machado, garras, magias de gelo e elétricas. Além disso, em certos pontos é possível chamar Dex para te ajudar! Você pode montar nela para travessar locais inacessíveis e até mesmo lutar contra inimigos.
Essa variedade de gameplay, ainda que pequena, torna o game bastante descomplicado, fácil de aprender e bem divertido. É preciso salientar que o game não é muito difícil, mas há um salto de dificuldade conforme você avança as fases, com elas ficando progressivamente mais longas, com inimigos mais fortes e com mais armadilhas.
Nesse ponto, há um certo desbalanceamento na cadência da jogatina, com algumas fases bem curtinhas (excluindo seus caminhos secretos) e algumas muito compridas e demoradas para se terminar, podendo levar uma boa quantidade de tempo para serem concluídas.
Essa demora fica mais evidente pela velocidade de movimento de Flynn, ele anda um tanto devagar, não possuindo um botão para fazê-lo correr. Ele possui um botão de esquiva, que desvia de ataques inimigos e também dá um pequeno boost em velocidade, mas não muita. Talvez isso seja imperceptível para você enquanto jogar, mas estando acostumado com games de plataforma do Super Nintendo, Mega Drive e Playstation, pra mim ficou bem mais evidente que a velocidade de movimento bem que poderia ser um pouquinho mais alta.
Audiovisual
Flynn: Son of Crimson possui um visual muitíssimo belo. Todo feito em pixel art, ele é cheio de cores vivas, animações de grande qualidade e com personagens e inimigos com visuais muito bem desenhados.
Como na grande maioria dos games com visual em pixel art, o destaque vai todo para os cenários, que são realmente exuberantes, cheios de detalhes em cada ponto, desde o plano de fundo até a área jogável dos mapas. E as animações dos chefões durante suas batalhas evidenciam ainda mais como todo o game é incrivelmente bonito.
O game conta com uma bela trilha sonora, com musicas de diferentes gêneros e atmosferas, dependendo da região que o jogador está explorando. Por exemplo as fases das florestas possuem músicas mais alegres, enquanto as fases de gelo e água (qualquer game de plataforma 2D old school que se prese tem que ter pelo menos uma fase na água!) possuem músicas mais calmas e serenas.
O game não conta com localização em português brasileiro, mas não exige muito do inglês para se entender o que está acontecendo. Há vários personagens com vários diálogos no game, mas nada tão complexo de se assimilar.
Conclusão
Flynn: Son of Crimson é um game bem divertido e com uma atmosfera bastante nostálgica. Ao resgatar esse estilo antigo de jogo que progride por fases, de forma simples e bem intuitiva, o game consegue criar grande carisma em seu mundo, concentrado na ilha de Rosantica.
O game esteve em produção por um longo tempo, e nós chegamos a falar dele lá em 2017, quando lançou sua campanha no Kickstarter. E poder enfim jogá-lo em todo o seu esplendor realmente fez valer a espera!
Flynn: Son of Crimson foi lançado no dia 15 de setembro com versões para PC, Playstation 4, Xbox One (e Game Pass) e Nintendo Switch.