Transformers 3 – Cinereview: Muita ação com pouca história
Como fanboy de Transformers que cresceu brincando com bonequinhos de Optimus Prime, Bumblebee e cia., foi com certo receio que vi a transição destes personagens para os cinemas. O primeiro filme me surpreendeu positivamente, já o segundo foi, para mim, uma decepção total. Com um misto de medo e esperança, fui ao cinema conferir Transformers: O Lado Oculto da Lua. O filme começa muito bem, mas aos poucos perde o ritmo e se torna basicamente uma pancadaria entre robôs gigantes. O que, convenhamos, não é assim tão ruim.
A trama tinha muito potencial: revisitando acontecimentos da década de 60, descobrimos que a corrida espacial entre EUA e União Soviética só aconteceu porque ambas sabiam que algo tinha caído na superfície da Lua.
Os primeiros 30 minutos de filmes se passam nesta releitura do passado, o que é muito legal, visto que a Apollo 11, Neil Armstrong e tudo o mais só foram para a Lua para descobrir o que havia caído em seu lado oculto (daí o título do filme). No caso, o que caiu em nosso satélite foi uma nave, que fugiu da guerra em Cybertron e levava Sentinel Prime, o ex-líder dos Autobots, e alguns artefatos tecnológicos que permitiriam a salvação de seu mundo devastado.
Contextualização feita, a trama nos traz para o presente, onde Sam Witwicky (Shia LaBeouf) e sua nova namorada Carly (a ex-modelo Rosie Huntington-Whiteley, substituindo a musa nerd Megan Fox) dividem uma casa onde só ela paga as contas, visto que Sam está desempregado. Frustrado com a vida que está levando – ele já salvou o mundo 2 vezes, oras! – Sam pragueja enquanto participa de diversas entrevistas mal-sucedidas.
O arco da história de Sam é quase um dejá vù ao contrário: no filme anterior, todos queriam que ele salvasse o mundo e ele queria levar uma vida normal. Agora, a vida normal o deixa irritado e ele espera que o mundo precise dele novamente.
Logicamente as coisas vão mudar pois na empresa em que ele enfim consegue um emprego – e seu patrão é o ótimo John Malkovich, em uma participação especial – o destino acaba esbarrando nele e cruza novamente seu caminho com o dos robôs gigantes e a salvação do planeta.
No geral o roteiro deixa desejar, com algumas traições e reviravoltas que até são legais, mas, acabam servindo apenas como pretexto para vermos Autobots e Decepticons quebrando o pau. Alguns velhos conhecidos como o Agente Simmons e o Capitão Lennox estão de volta para ajudar na briga.
As cenas de ação são um deleite para os olhos: o efeito 3D do filme é muito bom e o diretor Michael Bay enfim afastou um pouco a câmera para que possamos ver melhor quem está batendo em quem. Bay também utiliza bem os efeitos de slow motion, o que deixa algumas cenas realmente épicas. Diversos novos robôs pintam na tela e o visual de todos eles é espetacular, embora a maioria tenha pouquíssimo tempo de tela.
O principal problema de Transformers 3 é seu exagero de tamanho. O roteiro simplesmente não é bom o bastante para sustentar um filme que dura pouco mais de 2 horas meia. Algumas das tramas paralelas – como as briguinhas de Sam com sua namorada por ciúmes, a nova secretária de defesa linha dura, ou a curta aparição dos pais do rapaz – não acrescentam nada à história, e parecem só estar no filme para o espectador tomar fôlego entre uma cena de ação da outra. Se tivessem sido cortadas na sala de edição, o filme ficaria mais enxuto e bem menos cansativo.
Em resumo, Transformers 3 é melhor que o segundo filme e pior que o primeiro. A ação e as explosões em 3D estão mais fantásticas do que nunca, o humor está menos apelativo e há um exército de robôs e carros maneiros. A história – que tinha tudo para ser ótima – acaba se tornando apenas razoável. Ainda assim, o apelo de ver robôs gigantes destruindo tudo (em 3D) certamente levará muita gente ao cinema. Vale o ingresso, desde que você não vá esperando encontrar um candidato ao Oscar de melhor roteiro. Talvez concorra nas categorias técnicas, e olhe lá.
http://www.youtube.com/watch?v=Z-J6Co8pIX4
Transformers 3: O Lado Oculto da Lua chega aos cinemas de todo o mundo nesta sexta, dia primeiro de julho, com versões 2D, 3D e Imax 3D.