Eu acho que pirei, mas a Sandy já teve um dia de Solid Snake em um game stealth
Sandy e Júnior fizeram muito sucesso nos anos 90 e 2000. Começando bem pequenos com músicas infantis, a carreira dos filhos de Xororó evoluiu junto com o crescimento dos dois, que rendeu uma carreira de sucesso na música pop, durante a adolescência dos irmãos até a fase adulta, até 2007, quando encerraram a parceria, para tocarem projetos em separado.
E, neste período de sucesso entre os jovens, a dupla fazia, realmente, muito sucesso. Foram abraçados pela MTV, onde além de serem presença constante nos programas musicais, ainda lançaram um Acústico, já nos dias finais da dupla. E também foram adotados pela Globo, onde participaram de alguns filmes, além de uma série dominical, que foi produzida entre 1999 e 2002.
E, mesmo com uma indústria de games praticamente inexistente nesta época, a dupla chegou a ter dois jogos, desenvolvidos pela Green Land Studios. O estúdio brasileiro existiu entre 2002 e 2009, e fez três games: um sobre o Big Brother Brasil e dois baseados em Sandy e Junior. Um deles foi Acquaria, que se inspirou no filme lançado pela dupla em 2003, e o outro foi, por mais incrível que pareça, um jogo “stealth”.
Sim. Um game com Sandy e Junior com um estilo de jogo baseado em Metal Gear Solid ou Syphon Filter, ou ainda Splinter Cell. Foi lançado no início de 2003, e se chama Sandy e Junior: Aventura Virtual. A ideia era explorar a ideia do seriado da Globo, apresentando uma Sandy, que lembra até um pouco Lara Croft, e seu irmão Junior, em uma missão no laboratório de informática da universidade onde estudavam.
O jogo nos faz lembrar muito o início do século XXI, onde os computadores estavam se tornando mais acessíveis para as pessoas, e com elas muito conteúdo sobre esse “mundo virtual”. As pessoas estavam tendo seus primeiros contatos com os recursos da Internet, como a conversa entre pessoas nos mais distantes locais, como os seus perigos, como os vírus. Tudo era “virtual” nessa época.
Na sinopse do game, é explicado que um “poderoso vírus” que destruiria todas as informações dos computadores e se espalharia pelo mundo em 24 horas deveria ser detido pela dupla. Os dois deveriam entrar no laboratório e remover o vírus, sem serem vistos por seguranças e câmeras de vigilância. Para atingir o objetivo e “salvarem o mundo”, os dois precisam entrar em prédios de forma sutil, usarem dutos de ventilação, escadas e o que mais estiver disponível nos cenários.
O game ainda permite que os cantores usem óculos de visão noturna, comunicadores e outros aparatos tecnológicos. Sim, é sério. Alguém teve a brilhante ideia de pegar a dupla de cantores teens e transformá-los em Sandy Snake e Junior Fisher. E apesar da ideia bem “diferenciada”, dentro das possibilidades da época e dos recursos disponíveis, o jogo até que não faz feio. Olha só:
O game conta com boa variedade de cenários, Sandy e Junior estão bem representados, o gameplay de stealth até que funciona de forma satisfatória e os cenários são bem “exploráveis”, com bons recursos para se usar. Apenas a movimentação é um pouco “acelerada” demais, para um jogo cujo foco é ser o mais discreto possível. Parece que a inspiração principal do game foram os clássicos Tomb Raider de PlayStation. Mas para um jogo de 2003, feita por um estúdio brasileiro, com muito menos recursos disponíveis dos que os de hoje, se mostrou bem interessante.
O game está disponível no Internet Archive, e é um interessante capítulo não apenas da história da dupla de irmãos, como também um importante episódio do desenvolvimento de games nacional, que foi evoluindo, amadurecendo, até trazer os bons games que nos dão tanto orgulho nos dias de hoje.