Análise Arkade: Crime Boss Rockay City – Um elenco classe A num game classe C

3 de maio de 2023
Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

Quando Crime Boss: Rockay City foi anunciado, chamou muito atenção principalmente por um motivo: O grandioso elenco de estrelas de Hollywood presente no game. Mas será que esse elenco todo garante a qualidade do game? Ou o contrário, será que o game está no nível de seu elenco? Pois vamos conversar sobre isso!

E se GTA: San Andreas e Payday tivessem um filho?

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

A premissa de Crime Boss: Rockay City é bem simples, e já fica totalmente explicada no próprio nome do game. Você controla Travis Baker, interpretado por Michael Madsen, um gangster que se mudou para Rockay City em busca de grana, aventura e em subir de vida rápido no submundo do crime. Seu objetivo é se tornar o Rei da cidade, o gangster mais poderoso e famoso de todos. Ou seja, o objetivo é se tornar o Crime Boss de Rockay City.

Mais especificamente, a cidade está no meio de uma guerra pelo poder, após o verdadeiro Rei do Crime da cidade ter sido morto da forma mais bombástica de todas: em uma imensa explosão na cobertura de um prédio de luxo durante uma festa para todos os criminosos da cidade.

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

Vendo o trono vazio, Travis, bem como outras gangues, decidem agir e dominar a cidade por completo, e aí entra o jogador. Você deve ajudar Travis a virar o Rei, construindo sua própria gangue desde o começo, contratando funcionários, comprando armas e, principalmente, conquistando territórios e realizando roubos.

Essas duas últimas características definem o game, que é basicamente uma mistura de Grand Theft Auto: San Andreas e Payday. De GTA: San Andreas o game toma como inspiração a conquista de territórios, em que você deve contratar soldados para sua gangue e então atacar as áreas de outras gangues, com você no controle de um personagem durante a ação. E de Payday vem a parte das missões, todas envolvendo roubos de algum tipo.

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C
O mapa de Rockay City, onde você planejará seus crimes e conquistas de territórios

Antes de seguir explicando o game, é preciso mencionar uma característica muito importante: Crime Boss: Rockay City é um Rogue-like. Ao realizar missões, você pode controlar personagens gerados aleatoriamente que você pode contratar, ou pode controlar o próprio Travis Baker. Mas se Travis morrer, todo o seu progresso é apagado, exceto os perks que você desbloqueia ao subir de nível.

O game tem uma progressão em dias. A cada dia você tem um limite de missões e ações que pode realizar, que funcionam da seguinte forma: Por dia você recebe uma lista de missões com prazos de vencimento (3 dias, 1 semana, etc), que você pode realizar com calma, e existem as ações livres, que são realizar roubos ou conquistas de territórios. Sua gangue é composta por dois tipos de “funcionários”: NPCs soldados, que você não controla, mas compõem a força de sua gangue, e os personagens controláveis, gerados aleatoriamente e que você contrata.

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C
Uma equipe fechada para uma missão, você pode controlar qualquer um dos quatro a qualquer momento.

Ao realizar ataques ou defesas de territórios, você usa os NPCs soldados, por exemplo: Para conquistar certa área, você precisa de no mínimo 10 soldados, mas se usar mais, a dificuldade da missão diminui. E, ao realizar roubos, você monta um time de até quatro personagens, mas após o fim do roubo, os personagens usados entram em folga e não podem ser usados até o dia seguinte.

Um game divertido, mas que fica repetitivo já na segunda hora

Como já falamos, Crime Boss: Rockay City é como se fosse uma mistura de GTA: San Andreas e Payday, sendo dividido em duas partes: O gerenciamento de sua gangue, contratando soldados e personagens, gerenciando seus territórios, vendas de armas, itens roubados, drogas e etc. E o gameplay em si, em que você ataca e defende territórios, rouba lojas, carros fortes e etc.

Inicialmente o game é bem divertido, mas não demora muito para você perceber que ele não evolui, é a mesma coisa de novo, e de novo, e de novo. Logo no início do game você pode pegar algumas missões de roubo simples, como roubar um agrupamento de lojas num mesmo prédio ou roubar um carro forte que foi interceptado na rua. O problema é, você repetirá essas mesmas missões indefinidamente.

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

E o pior, as missões serão 90% iguais, incluindo os mapas. As únicas coisas que mudam são pequenos detalhes que deveriam transformar cada roubo numa experiência diferente, mas não funcionam. Um exemplo: Na missão que mencionei sobre roubar um agrupamento de lojas. Essa missão sempre acontece no mesmo mapa, um pequeno prédio de 2 andares. No segundo andar está a sala de segurança, que você pode acessar para desligar todas as câmeras e alarmes do local.

Para chegar nessa sala, a fora mais eficiente é por uma escada de incêndio no exterior do prédio. Mas as vezes, quando você recebe essa missão novamente, a escada pode não estar lá. São esses tipos de coisas que tentam diferenciar as missões, mas acabam não tendo um efeito positivo, pois no fim o resultado é sempre igual.

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

Conforme você avança no game, novos tipos de missões e desafios maiores começam a aparecer, mas sem muita variedade. E levando em conta que praticamente já na segunda hora o game já fica bem repetitivo, é difícil se manter interessando por muito tempo.

Em termos de gameplay, o game traz muita coisa de Payday, como poder equipar ou esconder suas armas, desabilitar câmeras, render civis e policiais, além é claro de carregar itens roubados até um certo limite de peso, e depois jogá-los dentro do carro de fuga. Além disso, se você jogar em single player, pode alternar qual personagem está controlando a qualquer momento, ao estilo GTA V.

Levando em conta a fórmula de jogo de Payday, que é composto de missões de roubo em que você entra no local alvo, rouba o que puder e foge, e não cansa – pois sempre oferece mais desafios e novidades – Crime Boss: Rockay City acaba parecendo mais um “Payday-like” que não deu certo.

Há ainda a jogatina multiplayer, em que você pode se juntar com amigos ou pessoas aleatórias na internet para jogar. Você pode jogar em co-op tanto as missões da campanha principal, quanto algumas missões paralelas, acessíveis de forma rápida pelo menu inicial do game.

Jogar online com certeza deixa tudo muito mais divertido, e provavelmente é a melhor maneira de se jogar, compensando um pouco sua alta repetitividade e brevidade das missões.

Audiovisual

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

Crime Boss: Rockay City é um game bem bonito, cheio de cores, explosões e detalhes, especialmente na galera de Hollywood presente no game, com a grande maioria deles tendo recebido uma bela rejuvenecida em seus visuais digitais.

Os destaques ficam para Michael Madsen, Michael Rooker (O Merle de The Walking Dead), Kim Basinger (A Vicki Vale do Batman do Tim Burton) e Chuck Norris (Sim, o próprio!) que são os personagens que aparecem com mais frequência. Fora esses, o elenco do game inclui personalidades como Danny Trejo, Danny Glover, o rapper Vanilla Ice e outros!

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C
No game, Chuck Norris interpreta o xerife mais badass da história. Ou seja, ele só está interpretando ele mesmo, vestido de xerife.

Todos esses personagens são interpretados pelos atores que foram respectivamente modelados, então a combinação de vozes e visuais é simplesmente perfeita, apesar de que há algumas expressões faciais um pouco estranhas. Michael Madsen, por exemplo, costuma franzir a testa constantemente, ficando com uma cara de “preocupado”, ou com os olhos apertados, com ose não conseguisse enxergar direito.

E durante o gameplay o game possui visuais e animações muito boas, especialmente no uso e recarga de armas, bem como ao usar explosivos e encher inimigos de balas.

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C
Tá certo que Michael Madsen franze bastante a testa em suas atuações (vide Cães de Aluguel e Kill Bill), mas no game exageraram MUITO nisso.

A trilha sonora do game é muito boa, apesar de não ser marcante. E a presença dos atores citados dublando seus personagens deixa tudo muito legal.

O game ainda conta com localização em português brasileiro em seus menus e legendas, com alguns errinhos aqui e ali, mas no geral com boa qualidade.

Conclusão

Análise Arkade: Crime Boss Rockay City - Um elenco classe A num game classe C

Crime Boss: Rockay City não é um game ruim, e está longe de ser um. Ele possui um gameplay sólido, personagens interessantes (e um elenco realmente de alta patente) e missões divertidas. Mas o game é tão repetitivo e “raso” que tudo isso acaba cansando muito rapidamente, o que dificulta até mesmo a paciência e persistência de jogadores que seguem firmes apesar dessas características. Eu sou um jogador assim, gosto de ir até o final, mesmo quando o game não está lá muito divertido. Mas há um limite do quanto dá pra aguentar.

Infelizmente o game em si acaba não fazendo jus ao elenco que possui. Crime Boss: Rockay City é um caso bem peculiar, ele traz algumas coisas legais de GTA e Payday e condensa tudo num game de jogatinas rápidas, com missões variadas que não levam muito tempo para serem cumpridas. Mas esse casamento de elementos acabou não dando certo, pois mesmo oferendo uma quantidade razoável de desafios diferentes, a repetitividade torna a diversão em tédio em rápido.

Crime Boss: Rockay City está disponível para PC (via Epic Games Store), Playstation 5 e Xbox Series X/S.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

Mais Matérias de Renan

Comente nas redes sociais