Análise Arkade – Horizon Forbidden West: Burning Shores é um deleite para o fã da Aloy

12 de maio de 2023
Análise Arkade - Horizon Forbidden West: Burning Shores é um deleite para o fã da Aloy

O ano de 2022 foi um ano importantíssimo para a nova geração da Sony quando uma das suas marcas recentes mais importantes ganhou o seu segundo capítulo, normalmente aquele que determina se estamos diante uma franquia longeva ou de uma ideia que se esgota rapidamente.

Quem teve a oportunidade de ler a análise original redigida pelo nosso editor Rodrigo Psheidt vai se lembrar que a continuação é basicamente uma evolução natural do primeiro game, que não reinventa a fórmula. Um “mais do mesmo” refinado, digamos assim.

Em time que está ganhando…

Tal como em Zero Dawn, a DLC de expansão da história não tem exatamente uma função de continuar a história principal, mas sim explorar algumas de suas consequências sem tentar reinventar aquilo que já vimos na base mas, ao mesmo tempo, se mostrar um complemento bastante relevante e necessário para quem se importa com todo o contexto da trama principal.

Burning Shores é, antes de mais nada, o bom e velho Horizon em todos os sentidos, nos levando a uma nova região e aprofundando o desenvolvimento de Aloy como uma verdadeira protagonista nesse mundo ameaçado. Isso significa que quem já gosta de Horizon não irá se decepcionar, e quem não foi convencido até então dificilmente mudará de ideia ao longo destas pelo menos mais uma dezena de horas.

Análise Arkade - Horizon Forbidden West: Burning Shores é um deleite para o fã da Aloy

A trama, agora, nos leva até aquilo que um dia foi Los Angeles – mesmo quem conhece pouco os Estados Unidos, vai reconhecer alguns pontos turísticos clichês por toda a paisagem – agora afetada por intensas atividades geológicas que transformaram toda a área em um arquipélago com questões muito específicas na comparação com as regiões que já conhecemos.

Ao descobrir que há uma ramificação daquilo que foi resolvido no final de Forbidden West, Aloy se vê desafiada a explorar o local dominado pelo povo Quen (a semente para essa expansão está muito bem plantada no jogo base, aliás, quando encontramos Alva) e encontra Seika, uma ótima adição ao elenco e uma das NPCs mais bem desenvolvidas de toda a franquia, que acaba nos acompanhando ao longo da jornada.

A geografia modificada é uma das ótimas justificativas para que a expansão nos coloque frente a frente com novas máquinas ou algumas variações das que já vimos antes, mantendo o tom de novidade e de inventividade inclusive na nossa forma de abordagem. Se não são tantas assim, como complemento ao excelente panteão de inimigos anteriores, cumprem o seu papel.

A possibilidade de exploração vertical de estruturas antigas também dão uma dimensão ainda mais interessante para nossas habilidades de escalada nem sempre tão exigidas na campanha original. É como se a expansão, mais até do que as missões secundárias que acabaram ficando para o end game, nos propusesse um grande parque de diversões onde somos convidados a utilizar todos os equipamentos e habilidades conquistados antes.

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… se melhora!

Se é pra expandir algo já bem completo, há uma série de novas vestimentas e armas, sobretudo as lendárias, específicas da área e adquiridas graças a um minério só encontrado lá. Até pela relativa curta duração da nova aventura, acumular recursos para colecionar esses novos itens é rápido, prático e um belíssimo incentivo para que façamos aquelas andanças a esmo vez ou outra entre as missões principais.

Para quem gosta de dar aquela pausa na linearidade da campanha para passear por aí caçando máquinas desavisadas com todo aquele arsenal cuidadosamente construído, temos aqui alguns dos mais deslumbrantes ambientes para servir como palco de caçadas épicas.

Em Burning Shores, tudo realmente ganha uma escala ainda mais fascinante se comparado ao que vimos antes. Sem as amarras de manter duas versões diferentes para suas plataformas, a Guerrilla Games pode extrair ainda mais do potencial do PS5 e se isso não significa mudanças estruturais no sistema base, certamente lhes deu mais liberdade para efeitos espetaculares de corredeiras – de água ou de lava – e uma ampliação do horizonte quando em pontos elevados, sobretudo no voo.

Se antes eu sentia falta de um olhar panorâmico de me encher os olhos e tinha a sensação de que o ambiente era enevoado propositalmente para economizar potência, aqui tudo é mais claro, mais pulsante, mais vivo.

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A ampliação é também mais objetiva, e agora podemos alcançar o teto do nível 60, o que não é tão maior assim, mas que dá um gás a mais para quem, como eu, acaba atingindo o máximo por gostar de cumprir tudo o que é secundário antes de seguir adiante na história.

Isso ajuda não só a liberar ainda mais capacidades na árvore de habilidades original, como também nos dá sustentação para novas possibilidades específicas da expansão que são adicionadas e que nos dão algumas coisas a mais que, se não mudam o jogo drasticamente, nos oferecem novas opções para montarmos a nossa heroína cada vez mais de acordo com a nossa forma de jogar.

Conclusão

Quem espera inovação ou até mesmo revolução em uma franquia já tão sedimentada ainda que jovem certamente não vai encontrar em Burning Shores um exemplo que tente ressignificar a obra original. Esse complemento, cuja duração não é das mais longas se considerarmos só a missão principal, é mais uma reafirmação de todo o ótimo alicerce estabelecido até então e funciona como uma celebração do que foi conquistado até então. As coisas novas elevam as originais, trazem novos aprendizados, novos desafios, mas nada que surpreenda.

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Já os convertidos terão aqui uma boa desculpa para voltar ao universo do game para explorar este universo por mais algumas, quem sabe, dezenas de horas para encontrar uma confirmação daquilo que mais gostam em Horizon, além de terem um complemento importante para a história que se abre para um inevitável terceiro episódio da série.

Ah, e para ninguém dizer que não falei das flores, quaisquer questões sobre a sexualidade da protagonista (que acabaram sendo alvo de protestos e outras bobagens internet afora) não interferem diretamente no resultado final, a não ser positivamente ao nos trazer uma dimensão ainda mais complexa e sofisticada da personalidade desta que já se tornou uma das minhas personagens favoritas do mundo dos games, com uma condução narrativa suave e muito cuidadosa ao tratar do tema.

Em resumo, Horizon Forbidden West: Burning Shores, lançado somente para a nova geração (Playstation 5) no dia 19 de abril de 2023, é uma digna expansão de um grande jogo. Ao trazer novos elementos como equipamentos, habilidades e inimigos, consegue renovar o interesse daqueles que já gostam do produto base, sem contudo trazer quaisquer grandes transformações estruturais.

A narrativa, por sua vez, consegue dar sequência ao desfecho do jogo base sem parecer, entretanto, um final verdadeiro vendido à parte como tantos outros jogos fizeram no passado. É, enfim, Horizon para quem gosta de Horizon.

Paulo Roberto Montanaro

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