Nasi diz que a MTV Brasil salvou o rock brasileiro nos anos 90
Nos anos 90, sem Internet veloz e sem nenhum recurso atual, como o Youtube ou o Spotify, era a MTV Brasil que cumpria a missão de trazer entretenimento focado no jovem, com clipes, presença de vários nomes da música, e atrações que não seriam vistas em outras emissoras, indo desde o Hermes e Renato até programas focados no rap, no metal ou no pop.
Para a música brasileira, a MTV Brasil foi um porto seguro imenso, ao lançar os mais variados clipes, ao permitir dar voz para cantores e bandas, e principalmente, pelo projeto Acústico MTV, que da mesma forma do formato utilizado nos EUA, trouxe material especial de vários nomes da música.
Titãs, Charlie Brown Jr., Ira!, Cássia Eller e o Capital Inicial foram alguns dos Acústicos MTV de muito sucesso, que introduziu a muitos jovens bandas e artistas de várias épocas, rejuvenescendo a sua base de fãs. Isso sem esquecer de Roberto Carlos, que mesmo com polêmicas envolvendo direitos autorais e seu então contrato vigente com a Globo, também gravou um acústico neste formato.
Nasi, do Ira!, foi uma destas figuras que apareciam constantemente na MTV Brasil, com clipes de sua banda, participações no Rockgol, um MTV Ao Vivo e um Acústico. E, sobre o legado da emissora, que foi uma versão totalmente brasileira da MTV, administrada pelo Grupo Abril entre 1990 e 2013, o cantor conversou com o jornalista Igor Miranda, afirmando a importância da emissora.
Segundo Nasi, a MTV Brasil salvou o rock nacional nos anos 90. Sem a emissora, talvez o gênero, que vivia bons momentos nos anos 80, teria morrido na década seguinte. Na entrevista, o cantor refletiu sobre os impactos dos dois trabalhos do Ira! junto com a emissora (o Ao Vivo e o Acústico).
O cara que assina esta matéria, inclusive, conheceu o Ira! por causa de seu MTV Ao Vivo, lá em 2000 quando tinha 14 anos de idade. Enquanto o Acústico MTV de 2004, se tornou o disco mais vendido da história do grupo, com 300 mil cópias vendidas.
E, para o Nasi, mais do que os méritos do próprio Ira!, que conseguiu se manter relevante mesmo depois do fim da “era do rock” na grande mídia dos anos 80, a emissora acabou ajudando, e muito, neste processo. Para ele, não só a sua banda, como outros grandes nomes da década, como a Nação Zumbi, não teria espaço para existir na grande mídia da época, dominada por outros gêneros musicais.
“O manguebeat, todo o seu talento e a sua genialidade, não teria acontecido se não fosse a MTV Brasil. Não seria uma música que dominaria as rádios de pop/rock ou de qualquer outro gênero. O que tocava em rádio nos anos 1990? Sertanejo, lambada, pagode. Se não tivesse a MTV, o rock brasileiro tinha morrido nos anos 1990. A MTV deu esse gás não só para a geração de 1980, mas para a geração de 1990, também.”
Nos anos 2000, o rock nacional continuou com relevância, pois além de nomes já consagrados, como o próprio Ira!, os Paralamas do Sucesso ou os Titãs, o Charlie Brown Jr. seguiu sua trajetória para se tornar a voz de uma década, e outros nomes como O Surto, Tihuana ou o Detonautas Roque Clube também eram presença constante na emissora, e entre os jovens fãs de rock daquela época.
Um dos fatores que impulsionaram o cenário naqueles dias foi o Acústico MTV, que nasceu nos EUA, com discos considerados clássicos nascendo naquela época, como a apresentação do Nirvana ou do Eric Clapton. O formato foi adaptado no Brasil e também foi um grande sucesso.
Para Nasi, o fator do violão estar vinculado na nossa música, em vários gêneros, ajudou com que muitas pessoas, incluindo as que não são tão chegadas no rock, dessem uma oportunidade para ouvirem os artistas que participaram do projeto.
“No Brasil se transformou num fenômeno porque o violão é o rei da música brasileira. Chorinho, samba, MPB, bossa nova. Então, o brasileiro, quando vê aqueles rock, como os do Ira!, sendo tocados em violão, fez com que [o Acústico MTV] virasse mainstream.”
Se você gosta do Ira!, sugiro dar uma olhada no box de 30 anos da banda, disponível na Amazon.