Quais foram os frutos que a Liquid colheu com o seu novo Facility?
A Team Liquid inaugurou, no começo deste ano, o seu Facility, no centro de São Paulo. Fui conhecer o espaço, em uma visita organizada pela organização, e realmente impressiona o tamanho do projeto, seja em suas questões físicas, com seu jeitão de “Torre dos Vingadores”, seja pela sua proposta, que envolve ampliar suas operações e suas ambições esportivas.
Por isso, aproveitei a BGS 2023 para conversar com alguém da organização sobre os possíveis frutos que este novo local trouxe para o time, mesmo com apenas cinco meses de atividade. Quem me recebeu para um bate papo foi o Rafael Queiroz, o manager da Liquid, e esta conversa você confere agora!
Arkade: E gostaria de começar perguntando se vocês já conseguem ver os primeiros frutos dessa nova investida, que foi um investimento muito bacana e que logo de cara já deve ter trazido retornos bem legais.
Rafael Queiroz: É tudo super recente, mas a gente teve vários ganhos diretos e vários ganhos indiretos. Os ganhos diretos são esses resultados que a gente vai vendo, a gente consegue ter uma estrutura melhor para todos os atletas, para todos os times. Então isso sempre ajuda para colocá-los mais em concentração, uma rotina mais regrada, as coisas mais direcionadas.
Para a criação de conteúdo, obviamente abriu um leque gigantesco para a gente, por causa da estrutura que a gente tem e porque o prédio foi todo programado para que a gente tivesse um set de filmagem em cada andar. Então isso facilita até para a gente ir na locomoção, nas diferenças em que a gente pode utilizar o prédio para diferentes finalidades.
Então eu diria que nesse sentido a gente teve bastante ganho e eficiência, mas também tem os outros ganhos indiretos, que é o fato do prédio, o lançamento em si, foi o nosso maior engajamento do ano. A gente virou referência em muitas das matérias sobre esportes, então isso ajuda bastante a gente a extrapolar para uma bolha para além da Team Liquid. Então a questão de mídia e de marca que a gente conseguiu ganhar com a inovação do prédio também foi bastante substancial.
Arkade: Além da parte técnica, também percebi, vendo as redes sociais, ou o comportamento dos atletas que estão morando no Facility, um ganho humano, além do técnico. Eu senti uma união maior entre todos. Não que vocês não eram unidos antes, mas a gente percebe que viver juntos, seja quem vai, seja quem vive lá ou quem vai lá trabalhar, criou este ambiente de união. Queria que você comentasse se essa visão minha está correta, o que vocês observaram nesse período sobre essa parte mais humana.
Rafael Queiroz: Para a gente, em termos de integração é sensacional, porque a gente agora tem basicamente todo mundo no mesmo prédio, a gente tem áreas comuns em que a gente vai todo mundo almoçar praticamente no mesmo horário, tomar lanche no mesmo horário, a gente tem todos os criadores e os atletas no prédio também disponíveis para eventualmente gravar um conteúdo ou simplesmente conversar, bater um papo, se aproximar, saber mais um pouco de cada um, e aí assim, para além da relação profissional, também uma relação pessoal maior, a gente consegue estender a amizade que já é grande entre todo mundo para um conhecimento maior entre as pessoas.
Então, sem dúvida, o que você está vendo a gente sente na pele todos os dias, porque antes era tudo muito separado, então os times não se cruzavam praticamente. Hoje os próprios times trocam informação, trocam ideia, trocam experiência, a mesma coisa com toda a staff, então de fato essa parte é muito legal, principalmente por essa questão da integração.
Arkade: E o que vocês viveram nos tempos de pandemia, que é o extremo oposto, com todo mundo remoto, torneios remotos, todo mundo com uma questão totalmente diferente dessa, você também acha que este momento influenciou de alguma forma? Porque em dois anos atrás eles estavam totalmente distantes uns dos outros em questão física. Trabalhavam juntos, mas totalmente distantes, e agora eles podem brincar juntos, eles podem se divertir juntos, eles podem treinar juntos, passar o tempo juntos, você acha que veio no momento certo essa Facility?
Rafael Queiroz: Eu acho que sim, lógico que a gente ainda teve um espaço ali quando a pandemia acabou de fato, que a gente tinha um outro escritório, a sala de treinamento já era dividida entre o Valorant e Rainbow Six, por exemplo, a gente tinha parte da staff que conseguia estar um pouco junto. Mas embora o escritório não servia para todo mundo, todo mundo estava bastante sedento para estar junto de novo. E enfim, ter esse contato físico mais próximo.
Mas é como eu te falei, era uma estrutura relativamente temporária comparando com o que a gente tem hoje, a gente tem um lugar que é agradável você estar o tempo inteiro, então acho que isso ajuda bastante, para além da pandemia, acho que de maneira geral, mesmo que a gente não tivesse tido a pandemia, tenho certeza que a maneira que a gente estruturou o prédio, ele ajuda muito para a gente ter uma integração e uma convivência maior. Então eu acho que sim, acho que tem o fator de ter ficado tanto tempo longe, mas principalmente o fator de ter construído uma casa nova onde todo mundo consegue conviver ali praticamente diariamente.
Arkade: E na casa da Liquid hoje, a gente tem “morando” lá atletas, funcionários e até patrocinadores. Eu lembro que a gente viu (quando visitei o local) o espaço da Alienware, a gente viu o escritório da Marvel, a gente imagina como que todos estão reagindo com isso, pois creio que para eles também houveram bons ganhos no relacionamento com vocês, não só a proximidade comercial e financeira, mas a proximidade de relacionamentos também deve ter aumentado nesse período.
Rafael Queiroz: Sim, não só de todas as marcas, que são as marcas que estão com a gente ali já na construção do prédio, como principalmente a Alienware que dá o name rights do prédio, a gente é uma extensão da casa da Alienware, então é até legal porque a gente tem recebido vários funcionários de outros setores inclusive para conhecer as instalações e ver como é esse universo, que é um universo às vezes diferente para alguma área que ele já está atuando, ou para até uma marca diferente na Dell que ele trabalha, então é bem legal de poder viver isso mais de perto.
Obviamente hoje é um lugar em que a gente pode testar, expor e falar sobre os produtos de maneira geral com muito mais assertividade, com muito mais praticidade do que antes, e acho que quando a gente fala de uma marca em geral, o fato de estar expondo a marca ali ou participando desse projeto, na verdade mostra que está investindo em uma equipe que está na vanguarda do desenvolvimento estrutural do esporte no mundo, então acho que isso é um fator extremamente positivo, tem facilitado bastante para a gente, não só para as nossas marcas, mas às vezes tem pedidos de outras marcas para fazerem eventos e ativações no prédio, também para os seus setores que não necessariamente estão ligados a Liquid diretamente, então está funcionando super bem.
Arkade: Para a gente encerrar o bate-papo, tem uma coisa também que é muito interessante nessa questão, que é o torcedor, eu lembro que falaram sobre algumas ativações, que vocês já rezaram, e futuras novidades. Gostaria de saber o que o Facility pode entregar para ele, com a produção de conteúdo que vocês já tem, em um espaço que vocês também podem atuar de maneira mais próxima com o torcedor.
Pessoa 1: A gente está, na verdade, a gente fez esse ano o lançamento e a gente fez um evento de Rainbow Six, por exemplo, que foi praticamente um evento teste que a gente usou a estrutura inteira, então a gente teve área de fanzone no térreo, com meet and greet, loja, enfim, onde eles puderam interagir com os atletas, com os talentos, a gente teve uma área VIP que 40 pessoas puderam ficar nessa área VIP, jogando das nossas máquinas com os atletas também, interagindo, ou seja, uma experiência super premium assim, para quem gosta do jogo, para quem é fã da Team Liquid.
Tivemos transmissão do nosso estúdio, cobertura nas salas de treinamento, link ao vivo para poder entrevistar as pessoas ao longo do prédio, um evento B2B acontecendo no nosso rooftop, então o que a gente vem testando e vem fazendo e vem funcionando é que a gente consegue integrar tudo para criar uma experiência incrível.
Então esse ano de 2024 é o ano que a gente pensa em fazer muito mais coisa do que a gente já fez, que a gente vai desenvolvendo e aprendendo mais sobre o que funciona dentro do prédio, mas o legal é que a gente tem uma área que a gente não depende de ninguém para poder ativar e estar mais próximo do fã, então não é só na BGS ou só em um outro evento que a gente vai estar próximo, a gente vai criar vários momentos ao longo do ano para que isso sirva de espaço para a gente estar mais próximo deles.
Então acho que de maneira geral tem muita coisa legal para o ano que vem, que a gente vai anunciando, mas a ideia é que a gente intensifique o que a gente já vem fazendo e tenha mais e mais assertividade nas ativações que a gente cria para essas experiências com eles.