Análise Arkade: Ghostrunner 2 expande o escopo da série com desafio de alto nível

26 de outubro de 2023
Análise Arkade: Ghostrunner 2 expande o escopo da série com desafio de alto nível

Um dos jogos mais intensos e viciantes de 2020 está recebendo uma sequência! Hoje a 505 Games lança oficialmente Ghostrunner 2, e nós já jogamos (e morremos) muito para trazer nossas impressões em primeira mão!

Um novo inimigo

Ghostrunner 2 se passa alguns meses após os acontecimentos do jogo original. Depois que nosso protagonista, Jack, derrotou a entidade ditadora Mara the Keymaker, todos acharam que a Torre Dharma voltaria a ser um lugar seguro… mas claro que essa tranquilidade dura pouco.

Logo descobrimos que um culto comandado por uma inteligência artificial decadente está não só colocando a humanidade em risco, como também realizando experimentos sinistros que misturam homens e máquinas de formas grotescas.

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É neste momento que um pequeno grupo de rebeldes resolve contra-atacar, contando com as habilidades sobrehumanas de Jack para tomar a frente na briga. Este é o pontapé inicial de uma jornada intensa e violenta, que vai levar nosso protagonista para além da Torre Dharma em uma campanha alucinante e desafiadora testar os reflexos e a resiliência do jogador.

Parkour ciberpunk

O primeiro Ghostrunner me cativou já de cara por sua estética e sua temática. O visual cyberpunk distópico do jogo é muito estiloso, e o fato do protagonista ser uma espécie de ninja cibernético só torna a experiência ainda mais legal.

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Nesta sequência, muito desse apelo segue intacto. As fases ainda são misturas bem balancedas de desafios de plataforma e parkour com arenas de combate onde precisamos eliminar todos os inimigos para progredir.

A rapidez de Ghostrunner 2 é fascinante. Jack se move com uma fluidez assombrosa enquanto corre por paredes, surfa por cabos de força, desliza pelo chão e fatia metal ou carne como se fosse manteiga. Ele é ágil, letal, imparável… e, claro, muito estiloso.

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O gameplay pode parecer meio complicado em um primeiro momento (e é), mas conforme jogamos e internalizamos os comandos, tudo vai ficando mais fluido. Os controles são ágeis, precisos e responsivos, o que é fundamental para que tudo funcione

Ghostrunner 2: dificuldade aditiva

Antes de prosseguirmos, permita-me confessar uma coisa. Quando se fala em dificuldade nos videogames, eu tenho um gosto meio paradoxal: por um lado, detesto jogos difíceis e “lentos” tipo Dark Souls e seus derivados. Por outro, eu amo jogos difíceis e ágeis como Cuphead, Ori and the Blind Forest e, claro, Ghostrunner.

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Em Ghostrunner 2, quase tudo é “one hit kill”. Com exceção de chefes, você mata (e morre) com apenas um golpe. Isso até pode parecer meio frustrante, mas a verdade é que, dependendo do jogo, a dificuldade acaba tornando a jogatina viciante. É o que acontece aqui. Mesmo passando das 100 mortes em algumas fases, eu sempre queria tentar “só mais uma vez”.

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Aqui foram 158 mortes… só nessa fase!

Não sei explicar, mas, do meu ponto de vista, são tipos diferentes de dificuldade. Se a dificuldade não está atrelada a um chefe apelão com barra de vida inflada, mas a um level design bem feito, ou a um exercício de agilidade nos botões, eu sempre sinto que é possível progredir. Posso morrer dezenas de vezes, mas em cada nova tentativa, vou um pouco mais longe.

Some a isso o fato de que Ghostrunner é generoso em seus checkpoints, o respawn é praticamente instantâneo — e não há perda de XP acumulado, nem nada do tipo –, e falhar torna-se muito menos frustrante. Afinal, nunca perdemos mais do que 1 ou 2 minutos de progresso. É chato morrer no último inimigo de uma arena eter que fazer a limpa toda de volta? Meio que é. Mas quando conseguimos — e fazemos isso jogando bonito — a sensação de “olha como eu sou f*d@o!” é grande.

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A satisfação de eliminar o último inimigo de uma arena é grande

Ghostrunner 2 é um jogo muito difícil. Vai exigir reflexos extremamente rápidos e uma agilidade absurda no controle. Mas ele recompensa nossos esforços com esse “jogar bonito” que faz a gente se sentir muito bem. É uma dificuldade aditiva, não punitiva. E isso faz MUITA diferença.

O mundo exterior em duas rodas

Talvez a maior novidade de Ghostrunner 2 seja a inclusão de um veículo: uma moto estilosa que é desbloqueada ali pela metade da campanha. Quando liberamos a moto, o jogo se expande para além da Torre Dharma, e nos permite ver como está o mundo pós-apocalíptico além daquela monstruosidade de metal e neon.

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As fases com a moto são rápidas e intensas

Mecanicamente, a moto encaixa-se perfeitamente bem no jogo. Zero preocupados com realismo, o pessoal da One More Level a fez invocada e aerodinâmica, de modo que ela pode andar por paredes e realizar saltos mirabolantes. Também é possível nos ejetarmos da moto e, usando o gancho, nos içarmos novamente para ela antes de tocar o chão, uma “firula” de gameplay que não só é útil… como também é muito estilosa.

O único ponto “negativo” da moto é que ela traz junto algumas fases bem mais abertas, que acabam quebrando um pouco o ritmo da campanha. Há uma fase específica em que devemos encontrar e ativar alguns terminais que nos levam ao Cybervácuo… mas estes terminais estão bem distantes, espalhados por um mapa gigante. Sem um mini-mapa ou algum tipo de GPS, acabei ficando algum tempo perdido nessa fase.

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O mundo fora da Torre Dharma

Mas, em contrapartida, é legal que a moto não esteja à disposição o tempo todo: ela serve a um propósito, e só é utilizada em fases específicas, com design pensado para tirar proveito dela. Como nesse trecho abaixo, confira:

De perseguições até batalhas contra chefes, algumas das fases mais emocionantes de Ghostrunner 2 são sobre rodas, e é nítido que houve muito esforço para encaixar a moto de forma orgânica ao jogo.

Mais algumas novidades de Ghostrunner 2

Embora Ghostrunner 2 seja bastante familiar em termos de estrutura e gameplay, ele traz um bom punhado de novidades. A principal delas — a motocicleta –, já foi apresentada acima, mas há mais elementos novos que diferenciam o novo jogo de seu antecessor.

A começar pela estrutura da campanha: como agora fazemos parte de um grupo de rebeldes, é normal que, entre uma missão e outra, passemos algum tempo no esconderijo, dialogando com alguns NPCs importantes enquanto nos preparamos para a próxima fase. Não são diálogos super memoráveis, mas acaba sendo uma forma simpática de injetar mais lore ao mundo do jogo — e mais personalidade e relevância ao elenco de apoio.

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O QG dos rebeldes reúne os aliados de Jack

É também no esconderijo que vamos comprar perks e melhorias que podem facilitar um pouco a nossa vida. Ao contrário do jogo anterior, que nos permitia encaixar chips de melhorias de formatos diferentes em um grid, aqui temos uma placa-mãe expansível, que vai aceitando mais aprimoramentos conforme encontramos pentes de memória escondidos pelas fases.

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Chips de melhoria equipados na placa-mãe de Jack

Por fim, uma novidade que pode oferecer infinitas horas de desafio e diversão aos fãs é a interface Roguerunner.exe. É basicamente uma simulação meio Matrix com visual a la Superhot, com desafios gerados aleatoriamente focados em mobilidade, combate ou um mix de ambos.

Para quem gosta de testar suas habilidades, este “jogo dentro do jogo” é uma ótima pedida, e o fator procedural impede que uma partida seja igual à outra.

Audiovisual

Ghostrunner 2 não reinventa a roda, uma vez que se apoia em um departamento audiovisual testado e aprovado no título original. Já disse e repito: eu adoro a direção de arte desse jogo, e acho que ele explora melhor a estética e a temática cyberpunk do que o próprio Cyberpunk 2077.

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A estética cyberpunk do jogo é incrível

O novo jogo ainda ganha pontos por ter se focado nos consoles da nova geração, deixando de lado possíveis limitações de hardwares antigos. Testei a versão PS5, e mesmo jogando vários dias antes do lançamento, o jogo rodou de forma impecável, sem bugs nem travamentos.

As máquinas atuais também permitem que o jogo brinque mais com recursos modernos, como o queridinho ray tracing, que se faz muito mais presente. Eu optei por jogar em modo desempenho — faz mais sentido para mim priorizar um framerate alto e estável em um jogo frenético como esse –, e mesmo assim, o visual, especialmente dos ambientes internos da Torre Dharma, é de cair o queixo.

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O visual dentro da Torre

Bem menos interessantes são as paisagens que vemos quando saímos da Torre. Nada contra paisagens áridas e ruínas pós-apocalípticas, mas este tipo de ambientação é bem mais comum em videogames. Fora do colosso tecnológico que é a Torre Dharma, os cenários são mais mundanos e menos coloridos. Parecem saídos de Fallout, ou de qualquer outro jogo distópico futurista sem graça. Felizmente, apenas uma parte da campanha ambienta-se no mundo exterior.

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É bem mais interessante e colorido do que o mundo exterior

A trilha sonora segue sendo mais um acerto. Se no jogo original tínhamos as faixas do talentoso Daniel Deluxe embalando as fases, agora ele retorna acompanhado de diversos artistas convidados que deixam a trilha muito mais eclética. As faixas respeitam “a vibe” do jogo, e se mantém naquela pegada que mistura synthwave com retrowave, mas estão bem mais variadas.

Válido ressaltar que Ghostrunner 2 chega ao Brasil com menus e legendas em português brasileiro, e o trabalho de localização foi muito bem feito.

Conclusão

Ghostrunner 2 é maior, melhor e mais variado que o primeiro jogo, que já era incrível. Mas ele também deve ser igualmente divisivo. Eu recomendei o primeiro jogo para um monte de gente, mas nem todo mundo se deu bem com ele. E é compreensível, afinal, estamos falando de um nível de desafio hardcore, que exige muita resiliência e perícia nos controles.

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As batalhas contra chefes são um show à parte

É, como eu já disse, o tipo de dificuldade que eu gosto. Ghostrunner 2 não me faz querer tacar o controle na parede nem parar de jogar… me faz querer tentar de novo (e de novo, e de novo) até conseguir superar uma parte particularmente difícil. E a dose de serotonina que vem com essas conquistas é maravilhosa.

Ghostrunner 2 não é para todos, assim como o primeiro jogo não era. Mas, se você gostou do game anterior — ou não se intimida por um desafio de alto nível, que mistura velocidade, parkour e ação visceral — este é um jogo que você não vai querer perder.

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Ghostrunner 2 é mais Ghostrunner: ele anda por um terreno conhecido, mas agrega novidades, traz mais possibilidades, mais variedade, mais dificuldade…e por tudo isso, é muito mais viciante.

Ghostrunner 2 está sendo lançado hoje (26/10), com versões para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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